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Foto: Envato
Mercado Financeiro

Ibovespa fecha em queda de 1,18% com realização de lucros; dólar sobe 1,54%

A B3 fechou os negócios desta quinta-feira em queda de 1,18%, a 115.253,31 pontos. O mercado operou a maior parte do dia em terreno negativo. Logo…

Data de publicação:01/04/2021 às 08:23 -
Atualizado 2 anos atrás
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A B3 fechou os negócios desta quinta-feira em queda de 1,18%, a 115.253,31 pontos. O mercado operou a maior parte do dia em terreno negativo. Logo a abertura em reação ao anúncio do pacote de infraestrutura de Joe Biden, de US$ 2,3 trilhões, a bolsa abriu com reação firme, mas entrou em declínio com as notícias sobre o baixo desempenho industrial do país divulgados pelo IBGE e IPEA.

Na verdade, muitos investidores devem ter aproveitado para vender seu papeis mais valorizados para a realização de lucros. Afinal, a bolsa subiu 6% em março.

B3
Índice Bovespa segue em baixa com as notícias sobre o baixo desempenho da indústria e pacote de Biden - Foto: Cris Faga/Agência Brasil

Já o dólar segue caminho contrário e caminhou na direção oposta, de alta. No fechamento dos negócios, a moeda foi cotada a R$ 5,715, com elevação de 1,54%.

Nos Estados Unidos, o clima foi de otimismo em relação ao novo pacote de infraestrutura anunciado pelo presidente Joe Biden. Confira com mais detalhes como funciona o pacote de infraestrutura de Joe Biden.

A bolsa de Nova York opera em alta, com Dow Jones subindo 0,48 %, S&P 500 com valorização de 0,79% e Nasdaq, com elevação de 1,55%. Dados atualizados às 13h12.

O que pensam os analistas sobre o pacote de infraestrutura de Biden

As visões sobre os efeitos do pacote de infraestrutura do presidente Joe Biden são diversas, mas elas convergem em um ponto importante: a inflação.

O CEO da Apollo Investimentos, João Guilherme Penteado, avalia que no curto prazo o estímulo gera altas nas bolsas e recuperação do PIB. No entanto, esse remédio pode ter consequências amargas no longo prazo. "Adicionar mais estímulo ainda a uma economia que já está sendo vista como superestimulada e que tem potencial de pressão inflacionária e consequente aumente de juros é bastante ruim"

E ligar esse novo pacote de estímulos à uma proposta de aumento de impostos para empresas é ainda pior, de acordo com Penteado. "Além de aumentar consideravelmente a dívida soberana americana, os impostos vão ser repassados gerando inflação e, com isso, pressionando ainda mais o Fed a aumentar juros no país o que aumenta o custo de capital para empresas e encarece o desenvolvimento de setores de tecnologia e outros mais dinâmicos".

A estrategista de ações da XP Investimentos, Jennie Li, afirma que há muitas incertezas sobre, de fato, como o pacote como um todo será financiado. "Há analistas que acham que o aumento dos impostos não será suficiente para cobrir os US$ 2,3 trilhão. E a proposta vai ter que tramitar no Congresso. Pode ser desidratada ou fatiada em partes".

Por outro lado, apesar de representar mais liquidez que pode colocar mais pressão na expectativa de inflação, o fato de uma parte do pacote ser financiado pelos impostos pode reduzir o impacto.

O grande risco, na visão de Jennie, é se o Fed (Federal Reserve) se ver obrigado a apertar a política monetária mais rápido do que o previsto por conta do aumento da inflação. "Isso vai gerar um diferencial nos juros, colocando pressão no real. Com o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, começa a ficar mais atrativo e pode levar o fluxo fora dos países emergentes, incluindo o Brasil".

O analista da Top Gain Investimentos, Victor Bueno, tem uma visão um pouco mais branda a respeito dessa reação. "Os investidores parecem não estar colocando o aumento da inflação e o aumento dos impostos como pontos de preocupação nesse novo pacote. Ele tem um direcionamento diferente, é voltado para investimentos em infraestrutura, que podem ajudar na geração de empregos, na melhora da saúde financeira das empresas e retomar o crescimento da economia".

As demais economias ao redor do mundo - incluindo o Brasil - também podem ser beneficiadas com o reaquecimento da economia americana, já que o país é um importante consumidor de produtos de fora. O estrategista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, aponta que esses investimentos podem refletir no aumento da demanda por commodities brasileiras, como minério de ferro e produtos agrícolas.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentou na véspera detalhes da proposta que mobiliza US$ 2,3 trilhões em investimentos na infraestrutura do país, com objetivo de elevar a competitividade frente ao avanço econômico da China. O democrata explicou que parte do projeto será financiado pelo aumento da carga tributária, mas garantiu que nenhum americano que ganhe menos de US$ 400 mil por mês terá que pagar mais impostos federais.

Maior rodada de fomento ao emprego nos EUA desde a Segunda Guerra Mundial, segundo Biden, o pacote distribuirá os recursos ao longo de oito anos e investirá, entre outros, na modernização dos sistemas de transporte, biotecnologias e no acesso à internet, além de portos, aeroportos e na transição para uso de energia limpa.

Bolsas asiáticas fecham com sinal positivo nesta quinta-feira

As bolsas asiáticas fecharam em alta generalizada nesta quinta-feira após uma série de notícias, incluindo o anúncio do pacote do presidente Joe Biden e, em especial vindas do Japão, mostrando que a região continua se recuperando dos efeitos da pandemia de covid-19.

O índice japonês Nikkei subiu 0,72% em Tóquio hoje, aos 29.388,87 pontos, enquanto o Hang Seng avançou 1,97% em Hong Kong, a 28.938,74 pontos, o sul-coreano Kospi se valorizou 0,85% em Seul, a 3.087,40 pontos, e o Taiex registrou ganho de 0,85% em Taiwan, a 16.571,28 pontos.

Na China continental, o Xangai Composto teve alta de 0,71%, a 3.466,33 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 1,11%, a 2.242,19 pontos, em meio ao bom desempenho de ações de siderúrgicas.

A confiança de grandes empresas do setor manufatureiro do Japão voltou a níveis pré-pandemia, graças à retomada da economia global, com o chamado índice Tankan saltando de -10 em dezembro para 5 em março, segundo pesquisa trimestral divulgada pelo BoJ, como é conhecido o banco central japonês.

Além disso, o índice de gerentes de compras (PMI) industrial japonês subiu de 51,4 em fevereiro para 52,7 em março, atingindo o maior nível desde outubro de 2018. O PMI industrial da China, por outro lado, caiu de 50,9 para 50,6 no mesmo período, mas manteve-se acima da barreira de 50 que indica expansão de atividade.

Na Oceania, a bolsa australiana ficou no azul pelo segundo dia consecutivo, com alta de 0,56% do S&P/ASX 200 em Sydney, a 6.828,70 pontos. /

Investidor deve manter cautela neste momento no Brasil

No Brasil, além do anúncio do pacote de infraestrutura de Biden, o saldo positivo da B3 em março e o comportamento relativamente comedido do dólar no mês sugerem certo alento ao investidor. Sentimento que, para os especialistas, não dispensa cautela e nem baixa de guarda.

A expectativa é que a volatilidade continue dando o tom dos mercados. Investidores tendem a permanecer com a atenção voltada à crise da pandemia e ao ritmo de vacinação para combater o coronavírus.

O entendimento, quase uma unanimidade, é que apenas um programa de imunização em massa pode controlar a doença e possibilitar uma retomada gradual da economia.

Outro foco de preocupação é o risco fiscal, derivado do aumento de gastos públicos, sobretudo com medidas para combater a crise do coronavírus. Um crescimento de despesas que não tem contrapartida na ampliação de receitas, via arrecadação de impostos. A atividade está travada e prejudicada pela decretação de fechamentos.

São questões que o mercado vem monitorando, com certo distanciamento, sem reagir diretamente a elas. Como ocorre sobretudo em relação à crise política, que está com a tensão elevada, pela troca de cadeira dos ocupantes de cargos de alto escalão, inclusive do setor militar.

De toda forma, um cenário de muitas incertezas que, para especialistas, não possibilita a visualização de uma tendência para os mercados em abril. A única certeza é que os mercados passarão por fortes turbulência e instabilidade que exigirão cautela redobrada dos investidores.

Analistas mais prudentes recomendam que o investidor privilegie a segurança, em opções conservadoras, em vez de rentabilidade. Mudanças devem ser deixadas para um cenário mais claro, de menos perturbação. Trocas precipitadas de aplicação agora correriam maior risco de perda.

Olhando mais adiante, Rafael Fernandes afirma que o mercado ainda deve sofrer um pouco por conta do lockdown. Mas há boas perspectivas de retomada de consumo para o terceiro trimestre. / com Tom Morooka e Agência Estado

Sobre o autor
Julia Zillig
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