Bolsa cai 1,67% e volta aos 106 mil pontos, com tom mais duro do comunicado do Copom; dólar sobe a R$ 5,57
Empresas de varejo foram destaque entre as maiores quedas do dia, com juros em alta
Depois de cinco altas consecutivas - coisa que não acontecia desde 7 de junho, data em que o Ibovespa fechou no seu maior patamar histórico, aos 130.776 pontos -, o cenário voltou a pesar para a Bolsa de Valores. No pregão desta quinta-feira, 09, a B3 fechou em baixa de 1,67%, caindo aos 106.291 pontos, em um movimento de realização de lucros após o tom mais duro adotado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em seu último comunicado.
Na véspera, o colegiado anunciou a nova Selic, taxa básica de juros, de 9,25% ao ano. Não pelo ajuste em si, já esperado e precificado pelos investidores, mas sim pelo comunicado divulgado ao fim da reunião, a luz amarela acendeu para o mercado . Entre os destaques do texto, o Copom afirmou que "é oportuno avançar de forma significativa o processo de aperto monetário no território restritivo", sinalizando uma nova alta de 1,5 ponto percentual em seu próximo encontro, marcado para fevereiro do ano que vem.
Neste contexto, o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, avalia que o Copom deve promover uma alta de 1,5 ponto percentual na Selic nas duas reuniões iniciais de 2022 e finalizará o ciclo de aperto monetário com a taxa de juros em 12,25% ao ano.
O analista da Clear Corretora, Rafael Ribeiro, destaca que "diante desta sinalização, o juro futuro com vencimento em janeiro de 23, que, teoricamente, reflete a expectativa do mercado quanto ao rumo da Selic ao final do ano que vem, subiu forte, retornando para 11,60%, o que acaba derrubando as empresas do setor doméstico".
Bem como a curva de juros, o dólar voltou a subir no pregão desta quinta-feira e fechou em alta de 0,73%, cotado a R$ 5,57. O avanço da moeda americana reflete o cenário de maior cautela com os ativos brasileiros, seguindo as perspectivas de juros altos para controlar a inflação, o que impacta negativamente o crescimento econômico do País, reduzindo os níveis de consumo e refletindo, também, na receita das empresas.
Dados econômicos fracos também ajudam a derrubar a Bolsa
Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou novos dados sobre a produção industrial no País, que reforçam a percepção de desaceleração econômica em ritmo mais acelerado. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Regional, em outubro, a indústria nacional caiu 7,8% em comparação ao mesmo período do ano passado.
A produção industrial recuou em 13 dos 15 locais pesquisados, com destaque para São Paulo, que reportou uma queda de 12,3% na comparação anual. As demais quedas ficaram com os seguintes locais:
- Pará, caiu 14,2%
- Santa Catarina caiu 12,5%
- Amazona caiu 11,9%
- Bahia caiu 10,3%
- Ceará caiu 9,8%
- Região Nordeste caiu 9,0%
- Pernambuco caiu 6,9%
- Goiás caiu 6,6%
- Mato Grosso caiu 5,3%
- Paraná caiu 4,9%
- Minas Gerais caiu 4,5%
- Rio Grande do Sul caiu 2,2%
Os únicos avanços foram registrados no Rio de Janeiro (6,6%, impulsionado pela atividade de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis) e Espírito Santo (6,1%, devido ao setor de celulose, papel e produtos de papel). O IBGE ressalta que o mês de outubro de 2021 teve um dia útil a menos do que igual mês do ano anterior.
Ainda segundo o IBGE em relação a fevereiro de 2020, apenas quatro dos 15 locais pesquisados operavam em patamares acima do período pré-covid: Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A indústria de São Paulo, maior parque fabril do País, operava em outubro 6,1% abaixo do patamar pré-covid.
O dia na Bolsa
Com a alta nos contratos de juros futuros causada pela cautela quanto ao comunicado do Copom, além dos sinais de que a economia do País está desacelerando mais rápido do que o previsto pelo mercado, o dia foi majoritariamente de baixa para os papéis das empresas brasileiras.
O destaque do pregão, no entanto, fica com o setor de varejo, que registrou as maiores baixas da Bolsa. Juros e inflação em alta inibem o consumo, o que impacta diretamente as operações e receita dessas companhias.
Maiores baixas
Empresa | Código | Variação |
Lojas Americanas | LAME4 | -9,41% |
Americanas | AMER3 | -8,92% |
Banco Inter | BIDI11 | -8,03% |
Magazine Luiza | MGLU3 | -7,34% |
Braskem | BRKM5 | -6,76% |
Maiores altas
Empresa | Código | Variação |
Gol | GOLL4 | +4,87% |
Equatorial Energia | EQTL3 | +1,57% |
WEG | WEGE3 | +1,28% |
CSN | CSNA3 | +1,20% |
Hypera | HYPE3 | +0,69% |