Bolsa cai 0,52% e dólar sobe 1,26% na semana, com aperto monetário mundial e ômicron no radar
Perspectiva de alta dos juros e redução de recursos da economia afetam as empresas e suas ações negociadas em bolsa
Os mercados globais parecem ter se dado conta das consequências do aperto monetário que foi sinalizado nesses últimos dias pelos bancos centrais, com aumento dos juros e menos dinheiro circulando na economia. Por isso, hoje foi um dia queda nas bolsas em todo o mundo e também na Bolsa de Valores de São Paulo. Mas não foi só isso, o avanço da variante ômicron, cada vez maior na Europa, está levando países a fechar suas fronteiras e traz preocupação.
Aqui, a Bolsa de Valores, a B3 fechou com queda de 1,04% e o dólar fechou com alta de 0,10%, cotado a R$ 5,685. Com isso, na semana, o Ibovespa apresenta uma queda de 0,52%, e a moeda americana, uma alta de 1,26%.
Os anúncios de reforço na retirada de estímulos por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), e da manutenção da taxa de juros na zona do euro pelo Banco Central Europeu (BCE), já eram esperados e estivessem precificados nos ativos, por isso as bolsas até subiram após a divulgação das medidas.
No entanto, foi a elevação imediata dos juros promovida pelo Banco da Inglaterra (BoE) e do Banco do Japão (BoJ) que deram uma banho de realidade aos mercados. A indicação foi a de que a escalada dos juros pode estar muito mais próxima do que se imaginava.
Na Inglaterra, a autoridade monetária decidiu por elevar a taxa de juros de 0,10% para 0,25% ao ano. Já o Boj irá manter a taxa de juros em -0,1% ao ano, porém vai encerrar, em março de 2022, as compras emergenciais de commercial paper e bônus corporativos.
Os esforços são globais para conter a inflação, nesse momento, em detrimento da atividade econômica.
A elevação dos juros tem um impacto negativo nas bolsas porque torna o crédito mais caro, inibe o consumo, e esfria a economia, seja em qualquer parte do mundo. Por sua vez, o mecanismo afeta os resultados das empresas e prejudicam a performance de suas ações negociadas em bolsa.
Mas além disso, há outras ameaças à economia. A de aumento da contaminação da variante ômicron na Inglaterra, que levou a França a fechar suas fronteiras. Investidores acreditam que isso pode ser a ponta de novo iceberg de nova onda pandemia que levará a novos lockdowns e travas à economia.
Bolsa é afetada com preocupações com ajuste fiscal
Por aqui, o adicional de preocupação é com o ajuste fiscal, depois que novas pesquisas mostraram que Lula da Silva tem em torno de 48% da preferência dos eleitores, com chances de vencer até mesmo no primeiro turno as eleições presidenciais do ano que vem. O receio é que diante disso, Jair Bolsonaro lance mão de medidas populistas para se manter competitivo na corrida eleitoral.
Em relação à inflação no País, o mercado acompanha a desaceleração de índices nas segundas prévias do mês de dezembro. Porém, o mercado está evitando fazer mudanças significativas nas projeções de alta do juro básico da economia. O Banco Central já contratou possível alta de 1,5 ponto porcentual, mas deixou a porta aberta para ajustes ainda maiores a depender do comportamento da inflação, risco fiscal e o cenário externo.
IGP-M, IPC-Fipe e do IPC-S desaceleraram as altas nas segundas prévias deste mês. O IGP-M desacelerou a 0,43% na 2ª prévia de dezembro, de 0,76% na prévia de novembro. O IPC-Fipe subiu 0,56% na 2ª quadrissemana, após alta de 0,61% na prévia anterior. E o IPC-S arrefeceu a 1,07% na segunda medição do mês, após registrar 1,18% na abertura de dezembro.