Bolsa cai 0,43% com Vale, Petro e juros americanos; dólar recua 1,02%
Receio com disparada da inflação nos EUA faz juros do Treasuries subirem 1,7%
A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou com queda de 0,43% aos 115.687 pontos, afetada principalmente pela queda nos papeis da Vale e Petrobras. Alta dos juros dos títulos da dívida americana, preocupação com a inflação global, e aumento das tensões em relação a novas categorias do funcionalismo público que podem entrar em greve, também foram negativos para o mercado de ações. O dólar fechou em queda de 1,02%, cotado a R$ 4,648.
Em semana mais curta pelo feriado na quinta-feira, os investidores procuram adotar mais cautela em meio a tantos eventos e incertezas.
As ações da Vale, que fecharam com queda de 2,16%, há expectativa com a divulgação do relatório de produção e vendas do primeiro trimestre, depois do fechamento do mercado. Mas na última sexta-feira, quando a B3 estava fechada, a mineradora relatou à SEC que os preços do minério podem sofrer volatilidade adicional em 2022.
Já quanto à Petrobras, mesmo com a alta em torno de 1% do petróleo no exterior, as ações encerraram o dia com queda de 1,82%. O mercado acompanha com atenção a possibilidade de os caminhoneiros seguirem em caravana para Brasília em protesto contra os preços dos combustíveis. Além disso, paralisação de algumas categorias do setor público realimentam temores fiscais.
China e juros americanos no radar da Bolsa
Lá fora, as atenções estiveram voltadas para dados econômicos da China que, embora tenham surpreendido positivamente, com o PIB subindo 1,3% no trimestre, acima dos 0,6% esperados pelo mercado, destaca André Meirelles, diretor de Alocação e Distribuição da InvestSmart XP, eles não refletem o fechamento da economia pelo último surto de covid-19 no país.
"Para o Brasil, a incerteza em relação à demanda chinesa tende a impactar negativamente empresas exportadoras, visto que a China é um dos nos parceiros comerciais", afirma Meirelles.
O especialista também ressalta a alta dos juros americanos como outro fator de influência para as bolsas. Segundo ele, o rendimento dos títulos do Tesouro americano de 10 anos subiu 1,7% nesta segunda-feira, refletindo a preocupação em relação à acelaração da inflação nos EUA.
Novas pistas sobre a condução da política monetária americana podem sair na quarta-feira, com a divulgação do 'Livro Bege' do Federal Reserve, o Fed, com uma avaliação da situação econômica de 12 distritos americanos, e também na quinta-feira com o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed.
Dow Jones fechou com queda de 0,11%; S&P 500, de 0,020%; e Nasdaq, de 0,14%.
Mesmo com a alta dos juros americanos, que fortalece o dólar diante das demais divisas, por aqui a moeda caiu mais de 1% e um dos motivos, segundo Meirelles, foi a divulgação dos IGP-10, índice de inflação que avançou 2,5% em abril, acima das expectativas.
"Esse resultado acentua a ideia de que o ciclo de aumento da Selic deve ir além dos 12,75%, anteriormente previstos, tornando os juros brasileiros ainda mais competitivos no cenário internacionai", afirma ele. Condição que acaba por atrair a entrada de capital estrangeiro no País.