Mercado Financeiro

Bolsa cai 0,17% com ata do Copom e Petrobras; dólar recua 0,63%, a R$ 5,15

Copom sinaliza que ciclo de alta está próximo do fim, mas juros ficarão elevados por mais tempo

Data de publicação:21/06/2022 às 06:17 - Atualizado 2 anos atrás
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Bem que a Bolsa de Valores brasileira, a B3, se animou com a forte alta das bolsas americanas, que não operaram nesta segunda-feira, mas iniciaram a semana nesta terça em forte recuperação. O Ibovespa chegou a subir mais de 1%, mas não encontrou sustentação e fechou em queda de 0,17%, aos 99.684 pontos. Já o dólar caiu 0,63% e ficou cotado a R$ 5,15.

Além do cenário externo, as negociações tiveram como pano de fundo fatores domésticos com a divulgação da ata do Copom, que sinalizou que o ciclo de alta dos juros deve terminar em agosto, mas que as taxas deverão permanecer em níveis elevados por mais tempo.

O objetivo é reconduzir a inflação para a meta, especialmente diante das pressões inflacionárias vindas do exterior por conta da alta das commodities, ressalta Victor Hugo Israel, especialista em renda variável da Blue3. Ao mesmo tempo, juros elevados por mais tempo devem brecar o crescimento econômico do País, diz ele.

Além disso, os entraves políticos em torno da Petrobras continuam derrubando os preços de seus papeis. As PETR4 encerraram o pregão com queda de 1,99%, mesmo com a alta do petróleo no mercado internacional. Ao que tudo indica, o governo Bolsonaro não abre mão mesmo de conter a alta nos preços dos combustíveis, apoiado por políticos em ano eleitoral.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, afirmou hoje, não ser possível interferir no preço dos combustíveis, e que tal questão "não está no controle do governo", mesmo que a União seja o acionista majoritário da Petrobras.

Analistas da CM Capital consideram que "cada vez fica mais claro que não há possibilidade de medidas impositivas do governo contra a política de preços da Petrobras. Porém, soluções chamadas 'da porta pra fora', como criação de fundo de estabilização, subsídios e alteração de impostos, são ideias válidas e que o governo leva em consideração".

"É natural que a medida em que se aproximam as eleições, os ruídos políticos façam mais preços nos papeis ligados ao governo como Petrobras e hoje também, o Banco do Brasil" afirma Israel. As ações do banco recuaram 4,10% nesta terça-feira.

No exterior, as bolsas americanas subiram bem diante da divulgação de alguns dados econômicos, como os de venda de imóveis usados que recuaram, indicando possível desaceleração econômica nos Estados Unidos. Se é assim, os juros não terão de subir tanto por lá. Mas juros altos com atividade econômica fraca é endereço certo para a uma recessão, lembra o especialista.

Dow Jones fechou com alta de 2,15%, S&P 500, de 2,45%; e Nasdaq, de 2,51%, resultados que mostram uma recuperação diante das fortes quedas da última semana. São os investidores em busca de pechincha nos pregões.

Dólar

A queda do dólar frente ao real nesta terça-feira, segundo a economista-chefe o Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, traduziu "uma reação à ata do Copom do Banco Central, uma reação pontual ao fato de que a autoridade monetária sugere contratar um aperto monetário adicional para agosto e que a Selic vai seguir em nível contracionista por um período mais longo para poder trazer a inflação para a meta".

Sobre o autor
Regina PitosciaEditora do Portal Mais Retorno.