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Empresa

Três empresários brasileiros deixaram a lista de bilionários em 2022; ainda vale a pena comprar ações de suas empresas?

Entre os 329 ex-bilionários de 2022, estão os empresários brasileiros Luiza Trajano, Rubens Menin e os irmãos Candido e Jorge Koren

Data de publicação:22/06/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Em um ano marcado pela guerra na Ucrânia, pressão inflacionária global persistente, bancos centrais adotando políticas monetárias contracionistas e repressão tecnológica na China, 329 pessoas já deixaram a lista de bilionários de 2022, conforme revelado pelo ranking global da Forbes. Entre esses 329, estão os brasileiros Luiza Trajano, Rubens Menin, Candido Koren de Lima Junior e Jorge Koren de Lima.

Luiza é a fundadora do Magazine Luiza, gigante varejista. Menin é cofundador e CEO da construtora MRV. Já os irmãos Koren são filhos do fundador e parte do conselho da Hapvida, operadora de planos de saúde focada nas regiões Norte e Nordeste. O que essas quatro personalidades têm em comum? As ações de suas respectivas empresas vivem um período de forte desvalorização na Bolsa de Valores.

Luiza Trajano bilionários
Luiza Trajano, fundadora do Magzine Luiza, que saiu da lista de bilionários da Forbes | Foto: Reprodução

De acordo com relatório produzido pela equipe de analistas da XP Investimentos, cada uma dessas companhias teve motivos específicos que as levaram à queda. No entanto, todos estão relacionados com a deterioração do cenário macroeconômico brasileiro, como uma das consequências da pandemia de covid-19.

Desempenho das ações das empresas dos ex-bilionários

EmpresaVariação no mêsVariação em 2022Variação em 2022
Magazine Luiza (MGLU3)-32,52%-65,23%-88,18%
MRV (MRVE3)-16,97%-33,15%-51,76%
Hapvida (HAPV3)-14,88%-44,89%-62,79%
Fonte: XP Investimentos

Quais os motivos para as quedas?

Magazine Luiza

De acordo com o time de Varejo da XP, o Magazine Luiza sofre na esteira do mau desempenho das ações dos ecommerce de grandes varejistas. O setor, como um todo, sente os impactos da inflação, que reduz o poder de compra da população, e das altas taxas de juros, que encarecem a tomada de crédito e os financiamentos para os consumidores.

Além disso, empresas ligadas à tecnologia, chamadas de "empresas de crescimento", também dependem de juros mais baixos para conseguir financiar seu desenvolvimento. Assim, com as taxas em patamares elevados, as perspectivas para tais companhias, que prometem bons resultados no longo prazo, acabam se deteriorando.

"Além disso, pesam para o setor o aumento do custo de capital e da competição e, ainda, a mudança do foco do mercado", destacam os analistas.

MRV

"No caso da MRV, os resultados dos últimos anos têm sido prejudicados pela margem bruta abaixo do esperado do core business da companhia (Operações Brasileiras), devido aos custos sob pressão, afetados principalmente pelo forte aumento do preço do aço. Dessa forma, o lucro líquido da empresa tem ficado abaixo das nossas estimativas."

XP Investimentos

Ainda, o head de Real Estate da corretora, Ygor Altero, explica que a maioria das empresas do setor de construção civil vem enfrentando de repassar os preços aos consumidores, em decorrência da redução do poder de compra, com a inflação e os juros em alta.

Hapvida

A Hapvida ainda enfrenta problemas de crescimento orgânico e, principalmente, continua sendo afetada pelas consequências da pandemia. Os especialistas comentam que "a sinistralidade em nível elevado também contribuiu para os dados negativos, ainda pressionada pelos custos relacionados à Covid-19, a aquisições e ao reajuste negativo de preços dos planos individuais".

Além do aumento de custos, o relatório destaca que os reajustes nos valores dos planos de saúde pela Agência Nacional de Saúde (ANS) "impactaram fortemente" a empresa até o primeiro trimestre de 2022.

Vale investir nessas ações?

Muitos investidores acreditam que, porque algumas ações estão caindo, vale a pena aproveitar os preços baixos para investir. No entanto, essa não é a recomendação para todos os casos.

Para o Magazine Luiza, a XP têm recomendação neutra para os papéis, já que os preços estão muito descontados, então pode haver prejuízo na venda, mas as perspectivas ainda não são tão otimistas para a compra.

"Ainda não recomendamos compra dos papéis de ecommerce por esperarmos uma dinâmica macro bastante desafiadora pela frente, tanto do ponto de vista de inflação (que deve se manter próxima a patamar de duplo dígito ao longo do ano) como de taxa de juros (com pelo menos mais uma alta esperada no Brasil e um ciclo ainda por vir nos EUA)."

Equipe de Varejo da XP Investimentos

Já para a MRV e a Hapvida, as recomendações são de compra. No caso da construtora, "a dinâmica de custos mais desafiadora dentro do programa Casa Verde e Amarela (CVA) aumentou, principalmente, a dificuldade na operação dos pequenos operadores, que tem uma relevante participação no programa", destaca o relatório. "Isso, consequentemente, deve diminuir a competição dentro do segmento".

Neste contexto, os analistas entendem que as ações da MRV estão descontadas, mas podem entregar bons resultados nos próximos meses. Assim, a recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 19,90 por ação.

A visão da corretora para os papéis da Hapvida também é positiva e, no relatório, os analistas ressaltam que a recente fusão da empresa com o GNDI "deve criar sinergias consideráveis".

Impacto nas fortunas dos ex-bilionários

Segundo o ranking da Forbes, quem mais perdeu patrimônio em um ano foi a fundadora do Magazine Luiza. Com a forte queda de mais de 80% nas ações da companhia de junho de 2021 para junho de 2022, a fortuna de Luiza Trajano, que era estimada em US$ 5,6 bilhões há um ano, foi reduzida para um patamar inferior a US$ 1 bilhão.

No mesmo período do ano passado, o patrimônio do CEO da MRV era de US$ 3,9 bilhões, enquanto os irmãos Kerin tinham, juntos, algo em torno de US$ 2,1 bilhões.

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