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Venda a descoberto: saiba como operar vendido no mercado de ações

Você já ouviu falar sobre a venda a descoberto? Essa é uma expressão bem comum no mercado financeiro para investimentos que fogem à lógica tradicional do…

Data de publicação:20/04/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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Você já ouviu falar sobre a venda a descoberto? Essa é uma expressão bem comum no mercado financeiro para investimentos que fogem à lógica tradicional do mercado de ações.

O tema costuma ganhar destaque quando gera um grande lucro ou um grande prejuízo aos investidores. Foi o que aconteceu no caso da empresa GameStop, nos Estados Unidos, quando um grupo de usuários de uma rede social (Reddit) combinaram de comprar o ativo, pois consideraram o preço muito baixo — mesmo sem fundamentos lógicos para essa oportunidade.

Para vender a descoberto é possível alugar as ações de outro investidor que já possui essas ações

Como a companhia passa por dificuldades financeiras, muitos fundos de investimentos estavam com posições "vendidas", esperando quedas nos seus preços. E esse movimento gerou um enorme prejuízo a esses investidores.

O episódio se popularizou mundialmente e, consequentemente, trouxe também um aumento da curiosidade sobre a venda a descoberto. Hoje, portanto, vamos explicar como funciona esse tipo de operação no mercado financeiro.

O que é a venda a descoberto?

A venda a descoberto é uma modalidade de operação financeira inversa ao que temos habitualmente no mercado de ações. Isto é, ao invés de comprar o ativo e vendê-lo posteriormente, primeiro é feita a venda a descoberto para, em momento futuro, recomprá-lo.

No mercado financeiro, essa operação é conhecida popularmente como Short. Já o formato tradicional de investir em ações (comprando o papel para vendê-lo no futuro) é chamado de Long.

Assim, esse tipo de posição é aberta em momentos nos quais o investidor aposta na queda de precificação de um papel. Se a expectativa se confirma na Bolsa de Valores, a compra é feita por um preço menor do que a venda inicial, gerando lucro. Vamos entender melhor essa dinâmica.

Como funciona a venda a descoberto?

Esse tipo de operação costuma levantar muitas dúvidas. Afinal, como é possível vender um ativo que você simplesmente não possui? Simples: por meio de um procedimento conhecido como aluguel de ações.

Neste caso, o investidor que deseja praticar a venda a descoberto vai alugar as ações de alguém que as tenha comprado, mas não deseja se desfazer do ativo no curto prazo. Assim, o locador das ações paga uma pequena taxa por essa locação e pode vender a descoberto o ativo.

A partir deste momento, podemos ter três situações no mercado financeiro em relação ao preço do papel:

  • Valorização: se o preço do papel sobe, ele se tornou mais caro. Assim, caso o investidor precise comprar o ativo, ele vai pagar um valor maior do que "vendeu" anteriormente. Esse cenário gera prejuízo.
  • Desvalorização: por outro lado, a expectativa do investidor pode se confirmar de modo que ele verifique uma queda no seu preço. Neste caso, torna-se possível comprá-lo com um custo menor do que a venda, gerando lucro.
  • Manutenção: por fim, há a chance também de que o preço de compra seja equivalente ao preço de venda. Assim, a operação em si não gera nem lucro, nem prejuízo. Contudo, é importante lembrar que há o pagamento de uma pequena taxa pela locação do papel.

Quais são as vantagens da venda a descoberto?

Entre as vantagens da venda a descoberto, a principal delas é a possibilidade de lucrar em períodos de crise do mercado financeiro. Em momento negativos do ponto de vista econômico, os investidores tendem a reduzir o seu apetite ao risco, vendendo suas ações — algo que, consequentemente, gera sua desvalorização.

Uma venda a descoberto não oferece limites para os prejuízos

Como vimos, quem vende a descoberto um papel pode ganhar dinheiro nesse tipo de movimento. Ou seja, trata-se de uma nova forma de buscar lucro no mercado acionário, não ficando preso apenas à valorização dos ativos como ocorre tradicionalmente.

Além disso, para o investidor de longo prazo, essa prática também tem suas vantagens. Como ele não deseja se desfazer dos papéis, pode gerar um rendimento extra pela taxa cobrada pelo aluguel dos ativos. Vale destacar que os direitos (inclusive aos eventuais dividendos pagos pelas companhias) seguem com o comprador original. Não há transferência deles na locação.

Outro benefício da operação Short é que se torna possível alavancar o seu capital. Isso porque, como vimos, não há a necessidade de comprar o ativo para operar vendido. Ou seja, você apenas aluga o papel, de modo que pode explorar o ativo sem investir na sua aquisição em si. É uma prática que atrai pequenos investidores justamente por esse "baixo custo".

E quais são os riscos da venda a descoberto?

Embora seja possível atuar vendido de forma alavancada (com um valor acima do que você possui no caixa da sua corretora), isso não significa que seja uma operação segura.

O que acontece é que a venda a descoberto não oferece limites para os prejuízos. Se você compra um ativo e ele perde todo seu valor, por exemplo, o preço chegaria a zero. Portanto, um prejuízo de 100% do investimento.

Na posição vendida, contudo, não há esse limite. Os preços podem crescer infinitamente, gerando perdas bem acima do preço da venda a descoberto inicial. O seu prejuízo, portanto, é ilimitado, enquanto que os ganhos são limitados (o lucro máximo é caso a ação chegue a "zerar" seu valor).

Outro risco a ser considerado é o modelo de alavancagem permitido pelas corretoras, algo que varia de empresa para empresa. Elas costumam estabelecer uma margem de garantia, que é um valor limite que você pode ter alavancado. E, se o prejuízo atingir esse montante, a recompra do ativo é obrigatória — justamente o que aconteceu no caso da GameStop.

Por fim, ainda que seja um valor relativamente baixo, precisamos mencionar as taxas de aluguel. Isso significa que, mesmo que você tenha uma posição negativa, esse custo não é dispensado. Deve ser pago ao locador, independente do resultado.

Afinal, vale a pena atuar com a venda a descoberto?

Diante de todos esses pontos abordados ao longo do artigo, podemos concluir que a venda a descoberto é uma operação que oferece alto risco aos investidores. Isso não significa, necessariamente, que ela seja ruim.

O que é preciso entender neste ponto é o seu perfil de investidor e a sua experiência no mercado financeiro. Posições vendidas podem ser lucrativas para quem sabe o que está fazendo, permitindo lucros tanto em momentos de alta, como também de baixa da Bolsa de Valores. No entanto, na mesma proporção, podem trazer prejuízos avassaladores.

É preciso, portanto, ter uma consciência muito grande sobre esse tipo de operação e quais são os limites de perdas que você está disposto a suportar. Lembrando que, no curto prazo, as oscilações de preço podem ser imprevisíveis pelo comportamento humano.

Por outro lado, a venda a descoberto é uma boa oportunidade para os investidores de longo prazo na medida em que podem garantir uma renda extra para os seus investimentos. Vale destacar que todos os riscos mencionados são para as posições vendidas. O locador dos papéis não terá qualquer prejuízo ou perda dos seus direitos nesta prática na medida em que ele segue em uma posição comprada.

Espero que, com a leitura deste artigo, você tenha compreendido o funcionamento da venda a descoberto no mercado financeiro. Os ganhos podem ser sedutores, mas é preciso ponderar o riscos antes de atuar desta forma.

Sobre o autor
Stéfano Bozza
Formado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.
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