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Economia

Ações de varejistas caem com incertezas sobre ritmo de vacinação

A animação vivida pelo segmento de varejo há poucos dias, sentimento que ficou refletido no bom desempenho das ações do setor na bolsa de valores, parece…

Data de publicação:11/05/2021 às 05:00 -
Atualizado 4 anos atrás
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A animação vivida pelo segmento de varejo há poucos dias, sentimento que ficou refletido no bom desempenho das ações do setor na bolsa de valores, parece ter sido circunstancial e ficado para trás. Três das cinco maiores quedas do Ibovespa nesta segunda-feira, 10, são de empresas do setor varejista: B2W Digital, a maior baixa, recuou 4,37%; Lojas Americanas, 3,95%, e Magazine Luiza, 3,47%.

Em março, a perspectiva de vacinação em massa contra a Covid-19, reforçada pela expectativa de chegada de novas vacinas, projetou um cenário positivo para o setor, diante da possibilidade de afrouxamento de restrições a deslocamentos e de retomada gradual da economia.

Varejo é castigado tanto pelas restrições da pandemia como pela crise financeira do País

O clima de otimismo teve apenas duração momentânea e a realidade da falta de vacinas e descontrole da pandemia se impôs, com a correção mais forte das ações de empresas de varejo, até mesmo das do setor de comércio eletrônico. “A impressão que investidor tem é que as vendas de varejo puxadas pelo comércio eletrônico não vão se consolidar”, avalia Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.

O setor depende da imunização em massa, afirma o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz. Isso para que haja flexibilização das medidas de isolamento social e a possibilidade da volta dos consumidores aos shoppings e às lojas de rua. Segundo ele, o País poderia estar em uma situação mais confortável em relação à oferta de vacinas, o que foi prejudicado com ruídos políticos com a China.

O cenário de incertezas em relação ao controle da pandemia é apontado também como um dos motivos do repentino desalento no setor por Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos. “Existem dúvidas sobre se vai ter vacina para todos e, se tudo for bem, como será a reabertura da economia e a retomada da atividade no pós-pandemia.”

O comércio eletrônico tem conseguido dar sustentação e garantido o faturamento a grandes redes varejistas, mas ainda restrito, sem a amplitude necessária, de acordo com Morelli. “O Brasil não tem ainda uma tradição ou pelo menos uma experiência de compras via e-commerce, o que prejudica também as empresas de varejo.”

Economia em crise também afeta o varejo

A economista da Reag Investimentos afirma que fora o quadro geral de crise financeira, com economia patinando, desemprego alto, renda baixa e comprometida com dívidas, o aumento do custo do crédito com a elevação da taxa Selic também prejudica o segmento de varejo.

“O ritmo de vacinação aquém do esperado frustrou as expectativas com o desempenho do varejo”, afirma Davi Lelis, especialista e sócio da Valor Investimentos. “É um setor bastante afetado pela intenção de compra e, quando a confiança cai, o consumidor deixa de comprar mesmo que tenha dinheiro, por uma questão de insegurança com o cenário econômico.”  

Cruz afirma, no entanto, que parte do mercado já projeta uma retomada da atividade do varejo no segundo semestre associada à redução de restrições de circulação das pessoas. “Os investidores realocaram o capital aplicado em empresas de e-commerce, que tiveram desempenho superior em 2020, para aquelas concentradas em lojas de rua e shoppings na expectativa de que no segundo semestre haja menos restrições”, avalia./Com Gustavo Cortes

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.