Renda Fixa

Tesouro Selic tem a preferência de 60% dos investidores no Tesouro Direito em fevereiro; confira as razões

Papel reúne rentabilidade interessante, segurança e liquidez,

Data de publicação:29/03/2022 às 12:30 - Atualizado 2 anos atrás
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O Tesouro Selic, com rendimento indexado à taxa básica de juros, foi o título público mais comprado na plataforma do Tesouro Direto em fevereiro. De acordo com dados da Secretaria do Tesouro Nacional, divulgados nesta segunda-feira, 28, o título correspondeu a 59,76%, ou R$ 1,90 bilhão, do total comprado pelos investidores no mês passado.

O papel foi o mais beneficiado com a alta dos juros, entre as opções da plataforma, e atraiu o investidor tanto pela rentabilidade como pela segurança e liquidez, segundo especialistas da área. Na segunda colocação ficou o Tesouro IPCA e na última, o Tesouro Prefixado. Acompanhe as condições de cada um.

Tesouro Selic ganhou a preferência dos investidores em fevereiro na plataforma do Tesouro Direto - Imagem: Reprodução

Os números da plataforma

O Tesouro Direto teve um acréscimo de 35.393 investidores em sua base de clientes ativos, com saldos aplicados, elevando o total para 1.862.785.

A forte demanda pelos títulos públicos foi estimulada pelo cenário externo de risco e muita volatilidade, com a ação militar da Rússia contra a Ucrânia, analisa Luca Mercadante, economista da Rio Bravo Investimentos. “O mercado assistiu ao aumento de aversão ao risco, com a guerra, e o investidor foi em busca de maior segurança.”

Em meio ao cenário de incertezas políticas e econômicas globais, o Tesouro Selic liderou também em rentabilidade. O Tesouro Selic 2027 foi o que entregou melhor rendimento, 1,10%, em fevereiro, 2,03% no ano e 6,96% em 12 meses, segundo dados do Tesouro Nacional.

Os títulos oferecidos pelo Tesouro Direto “estão sendo bastante demandados pelos investidores, principalmente o Tesouro Selic”, afirma Victor Zucchi Meneghel, especialista em Renda Fixa da Valor Investimentos. E não à toa, pontua.

As vantagens do Tesouro Selic

O Tesouro Selic é, do trio de papeis ofertados na plataforma, o que mais se tem beneficiado do ciclo de reajuste da taxa básica. A Selic está em 11,75% ao ano, mas com grandes possibilidades de terminar 2022 ao redor de 12,75% a 13,25% ao ano, acredita.

O aumento de interesse por esse tipo de papel “tem a ver com a alta da Selic e o Banco Central indicando uma continuidade do ciclo, o que aumenta a atratividade e acaba gerando essa demanda maior pelo Tesouro Selic”, analisa Mercadante, economista da Rio Bravo. 

Especialistas avaliam o Tesouro Selic como um dos ativos mais interessantes na renda fixa, sob variados critérios de avaliação, da rentabilidade à segurança, passando pela liquidez. Emitido pelo Tesouro Nacional, é um título que, entre outros atributos, combina segurança, baixo risco e taxas atraentes, ligadas à Selic.

“É um título que se apresenta ao investidor como ótima opção para a aplicação tanto de reserva de emergência, pela elevada liquidez, quanto para a reserva de oportunidade”, avalia Zucchi Meneghel. Do ponto de vista de reserva de emergência, para o dinheiro que precisa ficar à disposição, remunerado, para saque a qualquer momento.

E do ponto de vista de oportunidade para o investidor que permanece em estado de prontidão, com o dedo no gatilho, para troca de posição quando surgir uma oportunidade de melhor emprego para o dinheiro.

Títulos indexados à inflação

Os papeis indexados à inflação (Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais) ficaram em segundo dentre os que os investidores mais compraram em fevereiro, com 28,82% ou R$ 918,37 milhões.

Enquanto a Selic permanece em ciclo de alta, apimentando o rendimento do Tesouro Selic, o Tesouro IPCA tem passado por uma revisão para baixo ou fechamento da curva do juro prefixado – a curva representa a expectativa de juro real, acima da inflação, do título a cada ano.

“Quem investiu antes desse movimento obteve uma taxa de juro maior, hoje a taxa paga pelo título está menor”, analisa Zucchi Meneghel. O juro do Tesouro IPCA+2024 recuou de 5,79% ao ano, há uma semana, para 5,04%, nesta segunda-feira, 28. A taxa do papel com vencimento em 2025 encolheu de 5,63% ao ano para 5,01%, em uma semana.

“É o mercado precificando uma inflação menor e, com ela, uma taxa de juros real também menor nesse papel”, explica o especialista da Valor. Movimento de juros que se observa também nos títulos prefixados, como o Tesouro Prefixado, o terceiro mais negociado no Tesouro Direto.

Tanto Zucchi Meneghel, da Valor Investimentos, quanto Mercadante, da Rio Bravo, consideram o Tesouro IPCA um ativo de proteção contra a alta de preços. Afinal, dizem, permanece um cenário de guerra na Europa que pode continuar botando pressão sobre petróleo, alimentos e tudo o mais. Com muito mais inflação no mundo e aqui.

Meneghel sugere como prudente uma estratégia com posição em inflação, em Tesouro IPCA, e uma parcela maior de recursos em títulos pós-fixados, como o Tesouro Selic. Mercadante compartilha a mesma estratégia. Ambos preveem o fim do ciclo de alta em junho, com a Selic em 13,25%.

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Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.