Viés Egocêntrico

O que é o Viés Egocêntrico?

Viés egocêntrico (ou Egocentric Bias, conforme o termo original em Inglês) é o nome dado a um tipo específico de viés cognitivo, que narra a nossa tendência, como seres humanos, de exagerarmos a maneira como nos vemos, acreditando que somos melhores do que realmente somos.

Se você já leu o nosso artigo completo sobre Efeito Wobegon, pode estar um tanto confuso nesse momento. Afinal de contas, seriam Viés Egocêntrico e Efeito Wobegon a mesma coisa? A resposta é: não.

Realmente, os dois possuem muitas semelhanças, enquanto fenômenos psicológicos. Quando se trata de entender a nossa autopercepção superestimada são, inclusive, alguns dos vieses mais importantes.

Contudo, eles narram propensões distintas.

O Efeito Wobegon é caracterizado como "se considerar acima da média - mesmo que, na prática, sejamos medianos (ou ainda piores do que os outros) quando se trata de uma habilidade em questão". Ele nasce de um lugar de comparação de um atributo, do tipo "será que eu sou mais inteligente/bonito/engraçado do que o outro?".

Já o Viés Egocêntrico faz com que confiemos demasiadamente em nossas próprias perspectivas e contribuições, acreditando que somos mais importantes para o mundo do que realmente somos.

Há quem acredite, dentro da Psicologia, que o Viés Egocêntrico seja o ponto central de muitos outros vieses. Nesse caso, até o Efeito Wobegon entraria na conta, de modo que se tornaria mais uma maneira de satisfazer nossas necessidades egocêntricas. Ou seja, o Viés Egocêntrico seria a causa e os demais, o efeito.

Dele, derivariam também o viés de confirmação, o favoritismo intragrupo, o viés de autoconveniência, o efeito de criação, entre muitos outros.

E se você já leu alguns dos nossos artigos completos sobre cada um desses temas, deve saber o potencial que cada um deles possui de destruir, a seu modo, a nossa vida. Imagine então o que o Viés Egocêntrico, a verdadeira "nave-mãe" desses vieses, é capaz de fazer.

Como o Viés Egocêntrico afeta o seu dia a dia? Qual é a sua influência sobre as suas finanças?

O trato com o dinheiro, tanto ao consumir quanto ao investir, é mesmo uma das formas mais universais de ilustrar a interferência do viés cognitivo na vida das pessoas.

Deixamos claro, contudo, que se analisada corretamente, a sua vida pode se revelar um notável poço de Viés Egocêntrico - nos relacionamentos, no trabalho, na saúde, na política...

Agora imagine uma pessoa que discute sobre investimentos com alguns colegas. A tendência é ela acreditar que a sua contribuição para a discussão é mais determinante do que realmente é, sendo que as suas opiniões devem prevalecer. O fulano que acha que o mercado financeiro terá comportamento x no futuro, discordando claramente dela, por sua vez é um maluco que está levando os outros ao erro (oi, realismo ingênuo!).

Aqui, senhoras e senhores, temos um exemplo claro de Viés Egocêntrico. Como o típico adolescente que se sente o único capaz de ver o que tem de errado no mundo, enquanto os adultos são uns alienados (todos já passamos por essa fase, convenhamos!).

O mesmo se dá com aquele que compra um carro e, se percebe que o produto é incrível, atribui o sucesso da compra à sua capacidade de observação e escolha tão apuradas. Se o contrário acontece, é um acaso ou má sorte. Esse é, inclusive, o cerne do viés de excesso de confiança.

Em qualquer um dos casos, como investidor ou consumidor, parceiro ou chefe, o Viés Egocêntrico se apresenta como uma forma inconsciente de conforto emocional. O grande problema é que, quando esse 'conforto" toma conta de nossas vidas, perdemos a capacidade analisar corretamente a realidade e corrigir os nossos erros.

Como um filme de invasão alienígena em que a nave-mãe é a última a chegar, mas a que mais nos assusta, considerar esse viés costuma ser a última das nossas intenções.

As consequências desastrosas dessa cegueira autoinfligida costumam ir de destruição (de patrimônio, de relações, de carreiras etc.) a explosões e visitas de seres estranho com antenas e pele verde tomando conta de nossas vidas - esses dois últimos, esperamos, apenas de maneira emocional.