Viés de Otimismo
O que é o viés de otimismo?
Viés de otimismo é o nome dado à tendência mental que nós, seres humanos, possuímos de determinar a probabilidade de certos eventos acontecerem no futuro dando sempre peso maior às previsões otimistas. Em outras palavras, ele narra a nossa obsessão pelo "não importa o que aconteça, vai ficar tudo bem".
Originalmente chamado em Inglês de Optimism Bias, como o próprio nome indica, esse fenômeno se trata de um viés cognitivo. Isto é, por definição, uma falha de lógica que faz com que interpretemos erroneamente os dados, acontecimentos e demais elementos da nossa realidade. Muitas vezes, somos incapazes de perceber conscientemente o equívoco, visto que ele tem uma coerente aparência de veracidade, à primeira vista.
No caso do viés de otimismo, isso significa que não somos capazes de identificar como a nossa leitura positiva do mundo (como um todo ou em parte) não corresponde aos fatos e/ou estatísticas. A partir disso, criamos então os nossos próprios paralogismos: mentiras que, através de uma argumentação convincente, se passam como verdades.
Por que fazemos isso? Porque o cérebro é incapaz de lidar com incoerências entre a forma como você age, pensa, se comunica e vê a realidade à sua volta. Sempre que elas aparecem, ele faz as suas próprias interpretações, criando justificativas que, mesmo que ainda que falaciosas do ponto de vista racional, são suficientes para te confortar emocionalmente.
Para explicar a aplicação desse sistema ao viés de otimismo, imagine um sujeito que fuma. Pesquisas apontam que ele considera que suas chances particulares de desenvolver um câncer de pulmão são menores do que as indicadas por ele quando tem que analisar a mesma probabilidade quando aplica a todos os fumantes.
No dia a dia, esse pensamento disfuncionalmente otimista pode ser expressado pela fala "isso nunca vai acontecer comigo" - que nada mais é do que uma daquelas justificativas do cérebro à luz da dissonância cognitiva.
Como surge o viés de otimismo?
No artigo completo sobre viés de pessimismo te contamos como o pensamento negativo é parte de uma vantagem evolutiva.
Se você o leu, deve estar se perguntando agora: qual é a vantagem oferecida pelo otimismo? Não seria ele pior para a sobrevivência?
Nós adoraríamos ter uma resposta redonda, unânime e intocável, mas infelizmente a comunidade científica debate esse ponto já algumas décadas.
Uma das hipóteses mais aceitas é que, por vezes, em busca da gratificação imediata, o ser humano se depara com opções que não necessariamente são benéficas para o seu eu futuro.
Portanto, na tentativa de conciliá-las (ou seja, ter o prazer no presente sem o peso da culpa pelo futuro), entra em campo outro viés: a negligência de probabilidade. É graças a ela que simplesmente desconsideramos ou subjugamos os riscos de certas alternativas. É uma espécie de amnésia emocional.
O fumante, diante do prazer que encontra no cigarro, "esquece" do dano que está causando ao seu corpo. O motorista que dirige bêbado "esquece" das vidas que está colocando em risco. A pessoa que não poupa "esquece" que as chances de chegar à velhice são cada vez maiores.
Falando em dinheiro, muitos se endividam, fazem compras e mais compras, repetindo mentalmente que "quando a fatura chegar eu dou um jeito". Ela também "esquecem" que não conseguem dar um jeito nas suas contas já há algum tempo e que as chances de se repetir a mesma tragédia é grande.
Não é um esquecimento real, mas a escolha de não pensar muito nisso porque é desconfortável e racionalmente incoerente. E o cérebro odeia incoerências.
Diante disso, entende-se hoje que o viés de otimismo, mais do que uma visão cor-de-rosa do futuro, é uma negação total ou parcial da probabilidade daquela pessoa de se envolver em circunstâncias ruins.