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Dissonância Cognitiva

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:08/11/2019 às 14:36 -
Atualizado 5 anos atrás
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O que é a dissonância cognitiva?

A dissonância cognitiva é um fenômeno psicológico segundo o qual nós, seres humanos, buscamos sempre (sempre!) encontrar alguma coerência entre a forma que pensamos, agimos e interpretamos o mundo à nossa volta… Mesmo que ela não exista.

A base da dissonância cognitiva são as cognições: uma série de processos mentais que nos ajuda a transformar as informações que recebemos do exterior em conhecimento interior. Isto é, variadas ferramentas (como a atenção, a memória, o pensamento e a linguagem) que criam o nosso manual de instruções de como viver.

Quando dois ou mais processos cognitivos entram em conflito, entramos também em sofrimento. Por que? Porque existir um mundo em que não conhecemos as suas regras (ou não vivemos segundo elas) é um atestado para a mente de que ela não consegue cumprir sequer a sua função mais vital: garantir que você sobreviva.

Logo, quando uma discrepância entre as cognições se apresenta, ela imediatamente começa a trabalhar para encontrar um ponto de coerência entre as duas. Exatamente como um sprinkler jorra água para impedir um incêndio, o cérebro cria uma história coerente para evitar que você entre em parafuso.

Parece um papo de muita Psicologia para você? Pois saiba que a dissonância cognitiva é a principal responsável por muitos dos seus padrões de consumo e investimento - em especial, das suas escolhas mais erradas.

Como a dissonância cognitiva se apresenta na prática?

Antes de te apresentarmos a dissonância cognitiva aplicada às finanças, é essencial pontuar que ela está presente em absolutamente todas as áreas da sua vida - existe apenas UM você tomando TODAS essas decisões.

Alguns exemplos de dissonância cognitiva no seu dia são:

Quando você lê um artigo muito bem estruturado do ponto de vista argumentativo que contrapõe às suas crenças e logo vasculha a internet em busca de outros (mesmo que pobres em argumentos, falaciosos e até cercados de teorias bizarras de conspiração), é dissonância cognitiva.

Quando você está jogado no sofá, com preguiça de se exercitar mesmo sabendo que é essencial para ter uma boa saúde, e diz "hoje eu tô muito cansado, mas amanhã com certeza eu vou", é dissonância cognitiva.

Quando você conhece uma pessoa legal, mas foi traído(a) no seu último relacionamento e se convence de pé junto que ela está mentindo para você mesmo sem nenhuma evidência racional, é dissonância cognitiva.

Em resumo, sempre que a forma que você vê o mundo (formada por experiências, crenças e outros elementos APRENDIDOS e MEMORIZADOS) entra em choque com a forma que você age, pensa ou se comunica, é dissonância cognitiva.

Como a dissonância cognitiva interfere na sua vida financeira? Um dos fenômenos clássicos para ilustrar a ação da dissonância cognitiva na forma como você administra o seu dinheiro é o viés conhecido como Racionalização Pós-Compra.

Segundo ele, as pessoas utilizam argumentos aparentemente racionais para justificar a compra de produtos e serviços desnecessários.

Entre os discursos mais comumente utilizados estão o "ah, mas estava na promoção" e "eu não trabalho tanto para passar vontade". Esses argumentos não tornam o bem mais necessário (nem o dinheiro gasto menos desperdiçado), como podemos perceber, mas confortam o comprador de que ele fez uma escolha coerente.

Outros vieses carregados do mesmo princípio são o efeito avestruz, o viés do ator-observador, a heurística da representatividade. Sendo sinceros, acreditamos que todos (absolutamente todos) os vieses cognitivos estão carregados de dissonância cognitiva.

E como se curar dela? Bom, essa é uma pergunta sem resposta - afinal de contas, a dissonância é muito útil em vários contextos de sobrevivência.

O que podemos fazer para mitigá-la, então, é conhecer a sua origem (lendo e aprendendo mais sobre cada viés, por exemplo) e perceber como eles se apresentam no nosso dia a dia.

Imune não estaremos nunca, mas podemos, sem dúvida, estabelecer uma relação mais autocrítica com nossa própria mente em nome de melhores comportamentos.

Sobre o autor
Autor da Mais Retorno
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