Taper Tantrum
O que é taper tantrum?
Taper tantrum, ou acesso de raiva em Português, é uma expressão usada para descrever a valorização dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos que ocorreu quando o Federal Reserve (Fed) anunciou que diminuiria a compra de ativos para reduzir a quantidade de dinheiro que estava injetando na economia.
O aumento dos rendimentos desses títulos, que ocorreu após o anúncio, pode ser entendido como uma reação de fúria da mídia financeira.
Compreendendo o taper tantrum
Para minimizar os efeitos da crise de 2008 e a recessão financeira dela decorrente, o Federal Reserve adotou uma política que ficou conhecida como afrouxamento quantitativo, que envolvia a compra de títulos e outros ativos financeiros.
Na teoria, essa política aumentaria a liquidez da economia, aumentaria a estabilidade financeira e promoveria o crescimento econômico. Além disso, essa estratégia incentivou a contratação de empréstimos, permitindo que os consumidores aumentassem seu poder de compra e que os empresários investissem no crescimento dos seus negócios.
Historicamente, políticas destinadas a injetar mais dinheiro na economia só se mostraram eficientes por curtos períodos uma vez que podia causar a desvalorização da moeda, levando o país a uma hiperinflação.
No entanto, alguns estudiosos acreditavam que esse aporte financeiro faria com que as empresas se tornem mais competitivas, tornando a intervenção do governo cada vez menos necessária.
Além disso, desde 2015 o Fed encontrou diversas formas de injetar dinheiro na economia sem que o dólar perdesse seu valor de compra. No entanto, o comportamento dos investidores vai de encontro as condições do mercado e as futuras políticas econômicas do país.
Assim, ao perceberem que Fed planejava reduzir a compra de títulos, os investidores entraram em pânico por temerem que a falta de dinheiro em circulação pudesse desencadear a instabilidade do mercado. O problema se agravou porque o mercado se encontrava muito dependente do suporte contínuo do Fed.
O que causou a taper tantrum de 2013?
Em 2013, o Fed anunciou que passaria a comprar menos títulos públicos. Acontece que desde a crise de 2008, o órgão triplicou a compra de títulos do tesouro e de outros ativos financeiros disponíveis no mercado para garantir a circulação de dinheiro entre os diferentes setores da economia.
Assim, os investidores passaram a depender do apoio contínuo do governo para garantir o preço de mercado dos ativos.
A nova política econômica, portanto, foi um choque para os investidores, já que o Fed comprava a maioria dos títulos ofertado. Como acontece com qualquer redução na demanda, se temia que o valor dos ativos despencasse.
Os investidores responderam imediatamente a essa perspectiva com a venda massiva dos ativos no mercado. Como a queda dos preços dos títulos garante rendimentos mais altos, o valor dos títulos do Tesouro dos EUA dispararam.
É importante observar, no entanto, que a política de compra de títulos adotada pelo Fed não havia mudado. Os comentários do presidente se referiam apenas à possibilidade de que em alguma data futura o Fed poderia deixar de comprar ações dos investidores.
A reação extrema do mercado de títulos a uma mera possibilidade ressaltou o grau em que os mercados de títulos se tornaram dependentes do governo.
Muitos analistas financeiros acreditavam que o mercado de ações poderia se comportar da mesma maneira, uma vez que o dinheiro que fluía do Fed para a economia por meio da compra de títulos também sustentava os preços das ações.
Assim, a reação dos investidores à perspectiva de redução gradual da participação do governo no mercado poderia potencialmente afundar a economia. No entanto, o Dow Jones Industrial Average (DJIA) sofreu quedas pouco significavas em 2013.
Por que o mercado de ações não sofreu com taper tantrum?
Foram muitas as razões que fizeram com que a bolsa de valores não sentisse os efeitos do taper tantrum. Em primeiro lugar, o governo deixou de comprar títulos; em vez disso, lançou uma terceira rodada destinada a adquirir ativos massivamente.
Em segundo lugar, o Fed professou uma forte fé na recuperação do mercado, estimulando os interessados a adquirem ativos por meio de anúncios regulares. Quando os investidores perceberam que não havia motivo para pânico, o mercado de ações se estabilizou.