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Cisne Negro

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:21/10/2019 às 07:16 - Atualizado 5 anos atrás
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O que é cisne negro no mercado financeiro?

O “cisne negro” é o termo criado pelo autor Nassim Taleb para explicar um evento raro, imprevisível e de grandes proporções, cujas consequências são desconhecidas.

Entre os eventos que podem ser classificados como cisnes negros estão os conflitos geopolíticos (guerras) e as catástrofes naturais, por possuírem as seguintes características:

  • Não são anunciados;
  • Interferem na rotina diária de negócios e governos;
  • Sua duração é desconhecida.

Quando expostos a essas circunstâncias, os agentes econômicos ficam sem “um rumo”, o que aumenta ainda mais a incerteza. Dado o seu impacto, ele afeta não só a economia de um modo geral, mas também o mercado financeiro, cada vez mais globalizado.

O que diz o livro “A Lógica do Cisne Negro”?

 

O livro ganhou grande repercussão por ter sido publicado em 2007, ano em que os excessos que levaram à grande crise de 2008 já podiam ser percebidos na economia norte-americana.

Ao longo dos capítulos, Taleb relata a dificuldade de se lidar com aquilo que não se consegue explicar; ou seja, com o que é aleatório. A começar pela própria amostra estatística usada para qualquer cálculo de probabilidades: é pouco provável que ela contenha dados de eventos raros que ocorreram no passado.

Na ausência de um modelo perfeito, usa-se uma referência (a curva em sino, ou curva de Gauss) para se simular eventos futuros, mesmo que ela não seja adequada para todas as situações.

Em função disso, ignora-se o que é pouco comum, fazendo com que todos assumam muito mais riscos, dada a falsa sensação de segurança.

O problema está justamente aí. De acordo com o autor, é fácil justificar a catástrofe, depois que ela já aconteceu, pois sempre pode-se reforçar que a segurança dos modelos de risco, como o Value at Risk (VaR), é ilusória.

Por mais que haja pessoas brilhantes e recursos tecnológicos à disposição, o fato do próprio ato humano ser imprevisível faz com que qualquer ferramenta esteja longe de ser precisa. Diante da iminência de um desastre, a sugestão do livro é que todos saibam o que fazer para minimizar os prejuízos quando o imponderável acontece.

Qual um exemplo atual de cisne negro?

A “guerra comercial” entre a China e os EUA é o mais recente exemplo de um cisne negro. A começar pelas próprias eleições norte-americanas, que foram vencidas por Donald Trump.

Enquanto muitos apostavam no partido democrata do presidente Barack Obama, responsável por tirar os EUA da crise econômica, ganhou o candidato que prometia ignorar as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) para gerar mais empregos no país.

O que começou como uma promessa de campanha tomou outro rumo e o que parecia ser uma questão pontual se arrastou durante meses. A imposição de tarifas a uma quantidade cada vez maior de produtos chineses engavetou uma série de investimentos de empresas norte-americanas, dada a incerteza gerada pelo fato.

Os chineses, percebendo a dificuldade nas negociações, frearam as suas compras externas, principalmente da Alemanha (maior potência econômica europeia), prejudicando a sua produção industrial, que atualmente se encontra em queda.

Para evitar uma possível recessão na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu ainda mais a taxa de juros na zona do euro e retomou o programa de compras de ativos, obrigando o Fed, banco central norte-americano, a também contemplar uma redução dos juros, dado o fortalecimento do dólar frente às outras moedas.

Como pode-se ver nesse exemplo, ele possui todas as características do cisne negro:

  1. Ninguém podia prevê-lo;
  2. Os seus efeitos estão sendo sentidos até hoje;
  3. Ele tomou uma proporção muito maior do que o esperado, afetando não só outras economias, mas também o funcionamento do próprio sistema financeiro internacional.
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