Selic é projetada entre 12,75% e 13,75% para este ano por oito casas de análises
Previsão do fim do ciclo fica entre maio e agosto
Das oito casas de análise consultadas sobre o momento que o Banco Central deverá encerrar o atual ciclo dos juros e em que nível ficará a Selic, quatro apostam que o processo de alta da taxa deverá terminar em junho, com a Selic em 13,25% ao ano; três em maio, com a Selic em 12,75%; e uma com a taxa a 13,75% em agosto. O juro básico da economia está atualmente em 11,75% ao ano.
As estimativas do Itaú são as mais altas. Os analistas do banco revisaram as expectativas anteriores, de duas altas, que levariam a Selic aos 13,00%. Projetam agora o ciclo prolongado por mais um tempo, até agosto – antes, a previsão era junho -, período em que três reajustes na taxa básica levariam a Selic para 13,75%.
Previsões para a Selic
Casas | Fim do ciclo | Selic |
---|---|---|
Bradesco | maio | 12,75% |
XP | maio | 12,75% |
Rico | maio | 12,75% |
Ativa | junho | 13,25% |
Genial | junho | 13,25% |
Rio Bravo | junho | 13,25% |
Western | junho | 13,25% |
Itaú | agosto | 13,75% |
Fonte: Mas Retorno
A equipe do Itaú analisa, em relatório, que com o repasse permissivo do aumento de preços de matérias-primas, que torna mais intenso o impacto da inflação de atacado para o varejo, “provavelmente veremos uma piora adicional das expectativas de inflação”.
É nesse cenário que os analistas estimam que o Copom leve a Selic para 13,75% ao ano, em três vezes: uma alta de 1 ponto porcentual na reunião de maio; de 0,50 ponto em junho; e outro de 0,50 ponto em agosto.
Estão no time dos que apostam no fim do ciclo de elevação em maio, com a Selic acomodada em 12,75% ao ano, o Bradesco, a XP e a Rico. Estimativas que convergem com as sinalizações dadas pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na véspera, sobre os próximos passos da política monetária.
Fazem parte dos que estimam período maior de ajuste, até junho, que levaria a Selic para 13,25% ao ano, Ativa Investimentos, Genial Investimentos, Rio Bravo Investimentos e Western Asset.
As revisões nas análises das casas ganham força após a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada semana passada. Nela, o BC sinalizou que o ciclo poderá estender-se pouco mais, se houver uma piora do cenário de inflação.
Sinalização do BC
O BC divulgou no dia anterior o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) que revisa a estimativa de IPCA para 2022 de 4,7%, do relatório anterior, para 7,1%. A inflação projetada pelos economistas do mercado financeiro no boletim Focus também vem piorando seguidamente. Passou de 6,45%, da edição anterior, para 6,59%, na última edição.
Projeções que se situam bastante acima da meta central de 3,50%, definida para 2022, que o BC mira ao calibrar a Selic. E também bem distante do teto de tolerância, de 5%.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, afirma que a ata reforça a perspectiva de que a Selic suba 1 ponto porcentual em maio e 0,50 ponto em junho – o próximo encontro do colegiado do BC está marcado para os dias 3 e 4 de maio e o seguinte, para 14 e 15 de junho.
Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, que também estima o fechamento do ciclo em junho, com a Selic em 13,25%, diz que na ata “o Banco Central reconheceu que as pressões para a inflação ao longo do horizonte relevante são altistas".
São pressões que, em sua avaliação, projetam o IPCA de 2022 e de 2023 acima do centro da meta. “É adequado que “o BC prolongue o ciclo de alta de juros até junho, com uma Selic de 13,25%”.
O ajuste do juro americano
A pressão inflacionária que atinge a economia global tem exigido severa vigilância dos bancos centrais. O BC brasileiro já vem pilotando o ajuste da Selic desde 2021, enquanto outros dão os primeiros passos no processo de ajuste. E já estariam para dobrar a dosagem.
O Federal Reserve (Fed, o banco central americano), é um deles. Após o aumento de 0,25 ponto porcentual nas taxas de juro dos Fed Funds neste mês, surgem especulações de que o próximo aumento pode ser dobrado.
O Bradesco trabalha com um cenário-base em que o Fed aumentaria os juros 0,25 ponto porcentual em cada uma das sete reuniões programadas para 2022 e levaria a taxa básica para 1,75% ao ano - intervalo entre 1,75% e 2,00%. O banco ressalva, contudo, que “cresce a expectativa de alta maior, diante do agravamento de cenário”.
O economista Luca Mercadante, da Rio Bravo, também acredita na possibilidade de uma alta de 0,50 ponto porcentual nos juros americanos de curto prazo na próxima reunião do Fed. “As últimas falas de Powell (Jerome Powell, presidente do banco central dos EUA) indicam que o Fed está preparado para acelerar o ritmo do aperto monetário, caso o cenário de inflação continue a se deteriorar.
Selic nominal e real
Pela mais recente ferramenta da Mais Retorno, o Comparador de Ativos, é possível verificar que embora em alta a Selic nominal, uma vez descontada a inflação, a Selic real é negativa.
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