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Bolsa de Valores
Mercado Financeiro

Recuo de Bolsonaro reduz pressão para o mercado, que deve ter dia mais tranquilo nesta sexta-feira

Preços baixos de muitas ações tendem a atrair o investidor, após reação positiva da Bolsa

Data de publicação:10/09/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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A redução de temperatura da crise política, em alta desde 7 de setembro, aliviou a tensão entre investidores e proporcionou a recuperação dos mercados na véspera.

Em tese, os negócios devem transcorrer em clima de maior tranquilidade nesta sexta-feira, 10, o que pode animar a entrada de investidores em busca de ações com preços convidativos, após quedas expressivas do mercado nesta semana.

Foto: Envato
Investidores acalmaram os ânimos após recuo do presidente Jair Bolsonaro - Foto: Envato

Em uma surpreendente reviravolta praticamente no fim do dia, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, inverteu o sinal negativo que vinha desde a manhã e fechou o dia anterior com valorização de 1,72%, em 115.360,86 pontos. O dólar perdeu suporte e recuou 1,85%, para R$ 5,23.

A mudança de humor do mercado financeiro foi uma reação à nota, divulgada à tarde, na qual o presidente Jair Bolsonaro disse que não teve nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes e que sempre esteve disposto a manter diálogo permanente com o Legislativo e o Judiciário.

Ao participar de atos em seu apoio no feriado da terça-feira, 7, Bolsonaro havia feito novos ataques e ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A nota de recuo do presidente, em relação ao embate com os demais Poderes, não foi o único fato no dia que agradou aos investidores. Ajudou a melhorar o humor dos investidores os sinais de perda de força dos protestos dos caminhoneiros, com o fim dos bloqueios na maioria das estradas.

Teve mais. Foi bem recebida ainda a notícia de que na próxima semana a Câmara retomará a pauta econômica, em que um dos temas será a volta do debate em busca de uma definição para os precatórios.

Mercado monitora crises econômica e política

A crise política divide a atenção dos investidores com a crise econômica, em que um dos pontos de preocupação do mercado é o controle das contas públicas, associada principalmente ao pagamento dos precatórios, uma conta que chegará a R$ 90 bilhões no ano que vem.

O temor de um descontrole fiscal, com possível furo do teto de gastos, tem sido um dos fatores alimentadores de inflação, em um momento que o IPCA vem em persistente alta. A inflação oficial de agosto avançou para 0,87%, puxando a acumulada em 12 meses para 9,68%.

A distensão da crise política chegou a aliviar a pressão sobre os juros futuros, mas o IPCA acima das expectativas do mercado divulgado pelo IBGE manteve os juros DI de contratos futuros em patamares elevados, acima de 10% ao ano, em vencimentos mais distantes.

Uma indicação, segundo analistas, de que o mercado aposta em uma Selic mais elevada no fim do atual ciclo de ajuste da taxa básica de juros.

A escalada dos juros futuros, além de inibir o crescimento econômico por tornar o custo de investimento das empresas mais elevado, faz com que a renda fixa passe a concorrer com a Bolsa de Valores.

Em vez de comprar ações, em um momento que a Bolsa não acena com perspectiva de uma recuperação e alta mais consistente, o investidor passa a preferir uma aplicação com juros que acena com mais de 10% ao ano.

Recuo de Bolsonaro

Chamada de "Declaração à Nação", a carta assinada pelo presidente Bolsonaro prega harmonia entre os poderes, manifesta "respeito pelas instituições da República" e pela Constituição. No texto, ele reconhece que ninguém tem o direito de "esticar a corda" a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e a economia.

Trata-se de um recuo do chefe do Planalto em sua radicalização após o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, reagir ao discurso de Bolsonaro nas manifestações de 7 de setembro.

Fux alertou que desrespeitar decisões judiciais, uma promessa do presidente nos atos bolsonaristas quando o despacho saísse do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, configuraria crime de responsabilidade.

"Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar", diz Bolsonaro, na nota. "Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o País", acrescenta.

Contudo, apesar de ter dito na última terça-feira que não mais respeitaria despachos do magistrado, Bolsonaro afirma na nota que divergências devem ser resolvidas com medidas judiciais - ou seja, por meios de mecanismos recursais previstos na Constituição. "

Paralisação dos caminhoneiros

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite anterior que, se o movimento dos caminhoneiros não acabar até este domingo, 12, o País terá problema de abastecimento.

Na transmissão semanal ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro disse que a categoria fez "uma coisa fantástica ao ajudar nesse movimento". O presidente disse também que não influenciará na "vida" dos caminhoneiros por ser um chefe de Estado.

"Falaram que iriam manter o movimento até domingo, é um direito deles, que vão suspender depois de domingo, eu não influencio nessa área", afirmou.

O presidente declarou também que os caminhoneiros realizaram os protestos por livre e espontânea vontade e gastando dinheiro do próprio bolso. "Deram um recado para todos nós, de todos os Poderes, que estamos aqui em Brasília, que nós devemos respeitar a Constituição", disse.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco é pressionado pelos caminhoneiros bolsonaristas a avaliar um pedido de abertura de processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Código Eleitoral aprovado

A Câmara aprovou no final do dia anterior o polêmico projeto do novo Código Eleitoral. Entre os itens da proposta de mais de 370 páginas, há regras que enfraquecem a Lei da Ficha Limpa e proíbem a divulgação de pesquisas eleitorais na véspera dos pleitos.

O texto principal também criava uma quarentena obrigatória de cinco anos para militares das Forças Armadas, policiais militares, promotores de Justiça e juízes que desejassem disputar as eleições, a partir de 2026. A regra, no entanto, foi derrubada em um segundo momento, quando os deputados analisaram pontos específicos do projeto, os chamados destaques.

Aprovado por 378 votos a 80, com o aval da maioria dos partidos, o texto principal também flexibiliza regras de prestação de contas pelos partidos e, ainda, amplia as finalidades possíveis do fundo partidário.

NY: futuros em alta

No cenário externo, os futuros negociados nas bolsas de Wall Street operam em alta, à medida que as preocupações dos investidores diminuíram sobre a redução do estímulo pelos bancos centrais e a repressão regulatória na China.

Os mercados têm oscilado entre a esperança e a preocupação, à medida que a disseminação contínua do coronavírus mina a recuperação econômica e aumenta a inflação de choque de oferta, analisa Filipe Teixeira, sócio da Wisir Research, mesmo com os bancos centrais reafirmando uma postura acomodatícia.

Ainda assim, o mercado de ações americano está caminhando para a maior queda semanal desde 16 de julho, ameaçando fazer de setembro o primeiro mês deficitário desde janeiro.

Ao longo do dia, vários dirigentes do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) discursaram: o presidente da distrital de Chicago, Charles Evans, afirmou que tem visto crescimento econômico "forte" nos Estados Unidos, mas ponderou que os desafios gerados pela pandemia de covid-19 ainda persistem.

Para o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, a economia dos EUA se mantém numa "posição bastante forte" e a disseminação da variante delta da covid-19 não interrompeu ou reverteu a recuperação do país, ainda que tenha "definitivamente desacelerado o ritmo de progresso".

Ele acredita que o Fed conseguirá iniciar a gradual redução de suas compras de ativos ainda este ano, embora não espere que uma decisão a respeito seja tomada na reunião de política monetária de 21 e 22 de setembro.

Bolsas asiáticas fecham em alta

As bolsas asiáticas fecharam em alta generalizada nesta sexta-feira, reagindo à notícia de que os presidentes dos EUA e da China conversaram por telefone, após passarem meses sem fazer contato direto.

O índice acionário japonês Nikkei subiu 1,25% em Tóquio, aos 30.381,84 pontos, enquanto o Hang Seng avançou 1,91% em Hong Kong, aos 26.205,91 pontos.

Já o sul-coreano Kospi valorizou 0,36% em Seul, aos 3.125,76 pontos, e o Taiex registrou alta de 0,98% em Taiwan, aos 17.474,57 pontos.

Na China continental, os ganhos foram modestos: o Xangai Composto subiu 0,27%, aos 3.703,11 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,31%, aos 2.502,02 pontos.

O apetite por risco na Ásia veio após o presidente dos EUA, Joe Biden, telefonar ao presidente chinês, Xi Jinping, em meio a uma crescente frustração do governo americano com a baixa produtividade das discussões entre times dos dois lados desde o início da gestão do democrata.

A ligação, que ocorreu na noite de quinta-feira pelo horário de Washington, marcou apenas a segunda vez que os líderes conversam desde que Biden assumiu a presidência, há sete meses. As relações bilaterais, que já eram tensas, se deterioraram ainda mais neste período.

Em comunicado, a Casa Branca afirmou que Biden e Xi "tiveram uma ampla e estratégica discussão em que trataram de áreas em que nossos interesses convergem, e áreas em que nossos interesses, valores e perspectivas divergem".

Os ganhos na região asiática vieram também um dia após o Banco Central Europeu (BCE) decidir recalibrar as compras de ativos do programa emergencial conhecido como PEPP, evitando o chamado tapering.

Na Oceania, a bolsa australiana também ficou no azul, recuperando-se parcialmente da forte queda do pregão anterior. O S&P/ASX 200 avançou 0,50% em Sydney, aos 7.406,60 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.