Por que os papéis do Banco Inter subiram quase 25% após anúncio de investimentos da Stone
A decisão da fintech Stone, empresa brasileira de meios de pagamento, de investir R$ 2,5 bilhões no Banco Inter foi bem recebida por investidores, as ações…
A decisão da fintech Stone, empresa brasileira de meios de pagamento, de investir R$ 2,5 bilhões no Banco Inter foi bem recebida por investidores, as ações do banco fecharam com alta de quase 25% nesta segunda-feira, 24, e também por analistas.
A sinergia decorrente da operação em que a Stone, listada na bolsa americana Nasdaq, vai deter 4,99% do capital do Inter, com direito a um assento no Conselho do banco, deve beneficiar ambas as empresas na opinião de analistas.
Na negociação, a Stone fica ainda com direito de preferência em caso de mudança de controle do Inter por 6 anos e de acordo com limites predefinidos. A empresa não emitirá ações para financiar a operação.
Os analistas do BTG Pactual explicam que o Inter deve concluir em breve estudos com o objetivo de promover uma reestruturação societária para então listar a “plataforma Inter” na Nasdaq. Antes disso, no entanto, o banco planeja uma oferta complementar (follow on, ou emissão secundária de ações) na B3.
Nessa oferta, a Stone vai entrar como investidor âncora, adquirindo o equivalente a R$ 2,5 bilhões, enquanto o Banco Inter deve dar prioridade aos seus atuais acionistas. A partir dessas condições, pelos cálculos dos analistas do BTG Pactual, a oferta total deve girar em torno R$ 5 bilhões. O preço por unidade será de R$ 57,84.
Os especialistas apontam alguns encaixes que podem surgir na junção das empresas, com resultados positivos para duas.
Um deles será conectar os comerciantes da Stone (mais de 1 milhão), que usam suas máquinas de pagamentos, à Intershop, a rede do banco que reúne mais de 140 empresas do comércio online. De um lado, os comerciantes da fintech poderão alcançar nível maior de digitalização, enquanto os consumidores do marketplace do Inter poderão ter experiências de compra em jornada omnicanal.
Parceria potencializa tecnologia de pagamento e produtos
Sob outro prisma, a parceria poderá “garantir uma experiência de pagamento móvel perfeita entre os consumidores da Inter e os comerciantes da Stone, tanto online como offline”, afirmam os analistas do BTG Pactual. Com isso será possível também “melhorar a proposta de valor para os clientes da Stone e Inter, explorando as capacidades de produto e tecnologia de pagamento de ambas as empresas”.
Outra possibilidade será contar com o potencial de financiamento do Inter para impulsionar ainda mais a oferta de capital de giro aos lojistas da Stone. Além disso, a fintech poderá oferecer investimentos em renda fixa, por meio de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs).
O investimento da Stone, afirmam os especialistas, trará ao Inter um parceiro muito forte, além de eliminar o risco do follow on, já aguardado pelo mercado. E a futura listagem da plataforma do Inter nos EUA passa a ser importante na medida em que permite à família Menin, controladora do banco, ter mais poder de “diluição”, em casos de fusões e aquisições e do próprio follow on.
Em relação à Stone, segundo eles, será uma oportunidade para acelerar o processo de digitalização de seus lojistas e buscar outras fontes de financiamento.
Por esse cenário, os analistas recomendam a compra dos papeis tanto do Inter como da Stone.
Quem é a Stone
A Stone foi fundada em 2012 pelos sócios André Street e Eduardo Pontes, e a primeira empresa a oferecer maquininhas de cartão de crédito no Brasil, enfrentando a concorrência de grandes, como Cielo e Redecard, que dominavam o mercado até então.
Em 2018, a empresa abriu capital para negociações na Nasdaq, bolsa de valores norte-americana. Em 2020, a Stone tinha mais de 6 mil colaboradores, software próprio de gestão, soluções focadas em tecnologia, máquinas mais baratas e sem aluguel e mais de 600 mil clientes em todo o Brasil. O valor de mercado da Stone é estimado em aproximadamente 100 bilhões de reais.
Recentemente, a Stone anunciou a compra da Linx, empresa líder no mercado de software de gestão, por 6,7 bilhões de reais. Com base em leque amplo de fluxo de caixa de seus clientes, a fintech tem interesse em oferecer novos serviços financeiros.
Assim, a Stone deixou de ser apenas uma empresa que oferece as maquininhas para cartões de crédito, débito e voucher, ampliando a oferta de serviços financeiros, o que deve ser potencializado agora com a parceria do Inter.
No último trimestre de 2020, a empresa apresentou lucro líquido de R$ 357,8 milhões, receita total de R$ 1 bilhão e carteira de 1 milhão de clientes ativos.
Quem é o Banco Inter
O Banco Inter surgiu em 1994, em Belo Horizonte, originalmente, como Intermedium Financeira. Em 2008, começou a operar como banco múltiplo, e em 2015, a oferecer a conta corrente 100% digital.
Em 2017, passou a se chamar Banco Inter, se popularizando por não cobrar tarifas de seus clientes. Um ano depois abriu seu capital com oferta público inicial de ações (IPO) na B3. Além de movimentação financeira, atualmente o Inter oferece investimentos, seguros, crédito imobiliário e aplicativo para
No balanço do 1º trimestre deste ano, o banco apresentou lucro líquido de R$ 20,8 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 8,4 milhões no mesmo período de 2020. O número de usuários do banco digital saltou 106%, para 10,2 milhões ao fim de março, e já atingiu a marca de 11 milhões, em maio.
O Inter Shop cresceu 3.611%, mediante receita de R$ 41,2 milhões e volume bruto de mercadorias de R$ 676 milhões, aumento de 1.648%. Outro produto de destaque o Inter seguros avançou 193,4%, com faturamento de R$ 19,6 milhões e alcance de 367 mil segurados, alta de 385%.
Agora em maio, o Banco Inter passou a fazer parte do seleto grupo de 84 empresas que compõem a carteira do Índice Bovespa, na B3.