Securitização
O que é securitização?
Securitização (ou securitization, em inglês) é a transformação de fluxos de recebimentos em securities; ou seja, ativos que podem ser negociados no mercado de capitais.
No Brasil, a securitização se desenvolveu de uma forma diferente do mercado internacional. Dito isso, vale a pena explorar um pouco mais as particularidades de cada um desses formatos.
Como funciona a securitização no mercado internacional?
Ela é feita por grupos de ativos.
Uma instituição financeira, quando decide converter parte da sua carteira de crédito (financiamento de imóveis, por exemplo) em um outro título, cria subdivisões, também conhecidas como “tranches”.
Cada tranche possui características próprias em termos de fluxo, prazo, risco, etc. Assim, são colocadas à venda junto a investidores institucionais diferentes; as tranches de menor risco vão para os fundos de pensão enquanto as demais são direcionadas para fundos de crédito privado.
Para quem se desfaz desses ativos, o objetivo é liberar capital no balanço para novas operações.
Algo semelhante existe no Brasil, onde as carteiras de crédito dos bancos são negociadas com os fundos de investimento. O mesmo pode ser dito em relação aos FIDCs.
Como funciona a securitização no mercado brasileiro?
Uma empresa que precisa de recursos contrata uma companhia securitizadora. Ela, por sua vez, estrutura um título de renda fixa que será oferecido aos investidores.
A securitização se tornou mais comum a partir da regulamentação dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). Uma vez amparados por Lei, eles passaram a ser a principal forma de financiamento para empreendimentos de grande porte (shopping centers e hospitais, por exemplo), além de projetos agrícolas.
Quais as vantagens da securitização?
No mercado local, a operação em si não possui um único padrão visto que a sua principal característica é atender as necessidades do projeto financiado, de forma que também seja interessante ao investidor.
Assim, ela é diferente do financiamento bancário. Ao invés de se ater à política de crédito definida pela instituição financeira, a securitização é estruturada para que o fluxo de recebíveis pague pelo próprio projeto, evitando o descasamento de pagamentos que muitas vezes impedem a sua conclusão.
Quais os fatores que são levados em conta na estruturação de um CRI ou CRA?
A securitizadora avalia:
- Viabilidade: as características do projeto proposto;
- Fluxo de recebimentos: aderência dos valores e prazos às necessidades do projeto;
- Riscos: fatores que podem impedir a sua conclusão (como os riscos de uma obra, por exemplo);
- Análise de crédito: levantamento das informações financeiras da companhia responsável;
- Demais fatores, que dependem da operação em si.
Quais as etapas de uma securitização?
São elas:
- A empresa contrata a securitizadora;
- A securitizadora efetua a análise do projeto;
- Havendo viabilidade, ela emite um título representativo daquele projeto;
- O título é então vendido, via corretoras de valores, para diversos investidores;
- O valor levantado é usado para iniciar o projeto;
- A securitizadora acompanha a sua execução;
- Os investidores começam a receber o pagamento dos juros;
- O projeto se torna totalmente operacional e o valor principal é devolvido aos investidores.
Quais os cuidados que o investidor deve ter ao comprar um título securitizado?
Sua primeira preocupação deve ser em relação à qualidade das informações fornecidas no prospecto. Isso porque um título securitizado não conta com nenhum tipo de seguro (diferentemente dos produtos bancários, que são garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos – FGC).
A securitizadora, apesar da diligência com que conduz o processo de estruturação, também não é responsável pelos papéis que emite.
Assim, é de extrema importância que o investidor não se atenha exclusivamente à taxa de juros na hora de decidir.