Economia

Paes diz que está disposto a conceder incentivos para atrair ‘bolsa verde’ ao Rio

Prefeito do Rio de Janeiro quer atrair pessoal da Faria Lima para a cidade e incrementar os negócios de mercado

Data de publicação:17/12/2021 às 05:13 - Atualizado 3 anos atrás
Compartilhe:

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, disse nesta sexta-feira que está disposto, se necessário, a construir "até um novo Museu do Amanhã" de sede para atrair uma bolsa de ativos verde, ou bolsa verde, na cidade, focada nas negociações de crédito de carbono. O Museu do Amanhã custou R$ 215 milhões e faz parte da revitalização da região portuária.

Ele citou um estudo do economista José Márcio Camargo que mostra que os ativos ambientais são também ativos econômicos para o Rio. Segundo ele, pessoas decidem morar ou investir na cidade por seus ativos ambientais.

Calçada da Praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro

"Não entendo porque o pessoal da Faria Lima não voltou ainda ao Rio de Janeiro. Operar o mercado, mas subir Vista Chinesa, ir à Ipanema. Depois, vai ganhar dinheiro na Bolsa"

Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro

O prefeito discursou nesta sexta-feira na abertura do evento no Museu do Amanhã, na zona portuária do Rio de Janeiro, com o tema "Rio: a capital de investimentos verdes do Brasil".

Incentivos para a criação da bolsa verde

Paes não detalhou sobre o trabalho que vem sendo realizado para atrair uma bolsa verde para o Rio. Mas afirmou que existe a disposição de criar "todos os incentivos necessários, isenções" para consolidar o Rio como capital dos investimentos verdes.

O presidente do Santander Brasil, Sergio Rial, defendeu em sua fala a criação de um centro de estudos ambientais na cidade.

Ele lembrou que economistas oriundos da PUC-Rio estavam na base da criação do Plano Real. Ele defendeu que o Rio pode formar profissionais para o setor ambiental. "Somos a Arábia Saudita verde", disse Rial, em breve discurso.

O que são Ativos Verdes?

Ativos verdes são impactos ambientai, sociais e governança positivos gerados por meio de investimentos das empresas. O conceito não é propriamente contábil, mas se apropria da noção de ativo da contabilidade. Entre os ativos verdes, enquadram-se os ativos ambientais.

Entendendo os Ativos Ambientais

Para entender o conceito de ativos ambientais, precisamos antes retornar ao conceito de ativo, que sai do mundo da contabilidade. Dizemos que ativos são bens e direitos da empresa, tanto já realizados quanto a realizar (isto é, que já fazem parte do seu patrimônio ou ainda não). Simplificando muito, ativos são créditos, são valores positivos na conta da empresa. Eles se opõem aos passivos, que são obrigações financeiras, dívidas, valores negativos na conta. 

O conceito de ativos ambientais, então, parte dessa ideia de "valores positivos". Eles são os valores positivos, os impactos benéficos gerados para o meio ambiente a partir de ações da empresa.

Imagine, por exemplo, que uma indústria consegue reduzir sua emissão de poluentes ao comprar máquinas novas para sua linha de produção. Ela gera um impacto benéfico; coloca um valor positivo na conta da empresa com o meio ambiente. Então, dizemos que foi produzido um ativo ambiental. 

Quais são os tipos de Ativos Ambientais?

A noção de ativo ambiental foi mais longe e chegou a se apropriar dos tipos de ativos usados no mundo da contabilidade também.

Por exemplo, ativos ambientais imobilizados são referentes à compra de equipamentos para as atividades da empresa, considerando como eles podem ajudar a reduzir os danos ambientais causados por essas atividades. O exemplo da compra do maquinário, que foi apresentado anteriormente, é justamente um caso de ativo ambiental imobilizado. Ele continua produzindo resultados positivos por muito tempo.

Existem também ativos ambientais de estoque, referentes a medidas para reduzir os impactos ambientais negativos associados a armazenagem, transporte e distribuição de produtos. Se uma empresa passa a levar seus produtos da fábrica ao centro de distribuição usando meios de transporte menos poluentes, ela gera ativos ambientais de estoque.

Outro exemplo são os ativos ambientais diferidos, referentes a investimentos em pesquisa e desenvolvimento para reestruturar processos da empresa, de modo a ter operações mais ecologicamente sustentáveis. Se uma empresa descobre, por meio de pesquisa, uma forma de desenvolver seu processo de produção gastando menos água, ela gera ativos ambientais diferidos.

Por que o conceito de Ativos Ambientais importa?

O conceito de ativos ambientais importa porque, embora esses ativos não tenham um valor monetário claro, é cada vez mais crucial que as empresas invistam e tomem iniciativas voltadas a reduzir impactos negativos e produzir impactos positivos no meio ambiente. 

Uma empresa que trabalha para gerar ativos ambientais está, de fato, trabalhando para garantir que poderá operar muito mais no futuro. Afinal, a deterioração do meio ambiente afeta diretamente as atividades econômicas. 

Um bom exemplo são as empresas que produzem lápis. Elas dependem da exploração de madeira para fabricar seu produto. No entanto, se essa exploração for desenvolvida de uma maneira que não considera os efeitos ambientais, ela eventualmente ficaria sem matéria-prima para produzir mais. Percebendo isso, essas empresas há muitos anos já passaram a investir em reflorestamento.

Além disso, existe uma crescente exigência social pela responsabilidade das empresas em relação ao meio ambiente. Essa exigência parte dos consumidores conscientes, que escolhem comprar de empresas mais responsáveis; e parte também do Direito, por meio da legislação que impõe sanções por más práticas ambientais. 

Assim, gerar mais ativos ambientais é uma forma de proteger o negócio, para continuar vendendo e evitar processos e sanções.

Se a empresa vende mais, ela tem mais entrada de receita. Se ela evita processos, ela tem menos saída de recursos para pagamento de multas, custas e despesas judiciais, honorários de advogados. Portanto, embora os ativos ambientais não tenham, em si, um valor monetário, eles certamente produzem um reflexo sobre as finanças da empresa. /ComAgência Estado

Sobre o autor
Mais RetornoA Mais Retorno é um portal completo sobre o mercado financeiro, com notícias diárias sobre tudo o que acontece na economia, nos investimentos e no mundo. Além de produzir colunas semanais, termos sobre o mercado e disponibilizar uma ferramenta exclusiva sobre os fundos de investimentos, com mais de 35 mil opções é possível realizar analises detalhadas através de índices, indicadores, rentabilidade histórica, composição do fundo, quantidade de cotistas e muito mais!