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mudanças climáticas
Economia

O que são, quais as oportunidades e os desafios dos criptoativos verdes

A expansão da economia verde depende de ajuste fino entre políticas públicas e negócios promissores

Data de publicação:15/06/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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Mudanças climáticas e novas tecnologias.  O compromisso em se evitar maiores danos ao planeta não se limita a escolher as letras “ESG” na grade de fundos de um aplicativo financeiro. Há muito mais a fazer para o desenvolvimento dos criptoativos verdes.

O que todos deveriam olhar é como políticas públicas e agentes econômicos interagem quando buscam o melhor resultado entre as alternativas possíveis.  No frágil equilíbrio entre governos que visam se perpetuar no poder e atividades que precisam gerar lucro, a sustentabilidade depende basicamente de regulamentação e modelos de negócios.

Geradores de energia eólica no Rio Grande do Norte. Natal(RN) - Foto: Miguel Ângelo/Agência Brasil

Renováveis

Atualmente, duas forças movem a indústria de energia renovável:  fontes limpas (eólica e solar) e carros elétricos.  Usando a energia solar como exemplo, sua capacidade instalada, mundialmente falando, já é 15 vezes maior do que há 10 anos atrás. 

Boa parte desse avanço se deve à queda nos custos.  Usando o mesmo período de tempo como referência, os gastos necessários para se financiar, construir e manter uma usina solar se reduziram em 83%.   

Apesar dos números vistosos e de uma agenda verde bastante agressiva por parte de governantes que precisam reerguer as suas economias via crescimento e empregos, existe uma diferença significativa entre boas intenções e resultados no PIB.  Alguns números explicam isso melhor. 

Para se alcançar uma redução de 70% da meta estipulada, haveria a necessidade de se investir 4 vezes mais em fontes renováveis.  Na área de transportes, isso significa que 60% da frota teria que ser composta por carros elétricos (esse percentual é de apenas 5% hoje).

Grosso modo, isso quer dizer que seriam necessários mais de US$ 4 trilhões em recursos financeiros para que o mundo pudesse ofertar insumos à economia verde, em uma proporção 7 vezes maior de acordo com a Agência Internacional de Energia. 

Percebe-se então que não se trata de apenas se “aposentar” alguns poços de petróleo e gás.  O desafio é atender também a um mercado com características próprias.

foto: Ivan Samano
Economia verde: não se trata de aposentar poços de petróleo, mas de atender a um mercado com características próprias - Foto: Ivan Samano

Insumos

O cobre, metal fundamental para o setor elétrico, já se encontra 70% mais caro.  Além disso, as energias renováveis, altamente dependentes de baterias, exigem acesso às minas de cobalto, lítio e níquel, mais concentradas geograficamente, para a sua produção. 

A título de exemplo, 70% do mercado de cobalto é suprido pela República Democrática do Congo, que “explora” a atividade nas minas sem qualquer tecnologia.  Por conta disso, o país adota o termo “extração artesanal”.

Casos semelhantes se espalham em outras partes do mundo.  Para entender melhor o que está em jogo, basta se lembrar dos conflitos armados e dos embargos decorrentes da geopolítica dos combustíveis fósseis dos últimos 50 anos.

Localização

Usinas de fonte renovável dependem de características da natureza como o regime de ventos e a irradiação solar.  Além disso, por mais que as pás eólicas e os painéis solares sejam muito mais eficientes hoje, grandes áreas ainda são essenciais para que sejam instalados.

Inevitavelmente, acabam enfrentando a burocracia governamental, problema que afeta toda a indústria que abastece a economia verde.  

Financiamento

Muitas reservas estão localizadas em regiões extremamente pobres, o que reduz a possibilidade de investirem de forma satisfatória no aumento da oferta de metais. 

No que diz respeito ao financiamento de projetos estruturantes de energia renovável, apesar dos custos de manutenção relativamente baixos das usinas (não se paga pelo aproveitamento dos ventos ou do sol), os investimentos iniciais são bastante representativos, gerando um campo fértil para os criptoativos.

Criptoativos

O bitcoin mostra bem a dificuldade de se avaliar algo que não possui fundamentos ou que não seja seguro o suficiente para servir de reserva de valor.  Não por outro motivo, a existência de outras 10.000 moedas virtuais para negociação mundo afora. 

Distintas entre si, cada uma delas tenta endereçar alguma limitação da criptomoeda mais famosa de todos os tempos, seja se amparando no lastro de moedas nacionais amplamente aceitas, endereçando problemas de segurança ou até mesmo acelerando o lento processo de validação das operações virtuais.

Por serem registradas publicamente em conjuntos de blocos (blockchain), adicionados a cada nova transação, acabam por deixar rastros.  Isso facilita a recuperação de resgates pagos a hackers, mas também expõe outros investidores. 

Mesmo considerando as criptomoedas que oferecem maior discrição, as próprias exchanges evitam prover liquidez, temendo serem punidas por promover a lavagem de dinheiro decorrente de atividades ilegais.

Regulamentação

Isso mostra que um maior impulso em termos de regulamentação virá dos criptoativos.  Também conhecidos como tokens, eles nada mais são que a representação digital de um ativo ou de um crédito que, por sua vez, pode ser trocado por um serviço (utility token).  De uma forma ou de outra, são instrumentos que fomentam negócios promissores no lugar da especulação pura e simples. 

Com a infraestrutura de ativos digitais ainda sendo construída, é certo que tendências como finanças descentralizadas (DeFi) se espalharão para áreas complementares do mercado financeiro (crédito e seguros).  Dito isso, desde que apresentem os requisitos mínimos de segurança, os criptoativos tendem a ter a mesma legislação dos ativos tradicionais, tornando a sua negociação mais fácil e líquida.

Conclusão

A economia verde, movida por usinas abastecidas por fontes renováveis e carros elétricos, é a “nova internet”.  Porém, para que os criptoativos verdes alcancem os mesmos resultados das gigantes de tecnologia, necessita do “ajuste fino” entre políticas públicas e negócios promissores.

Isso já existe, ainda que em graus distintos ao redor do mundo.  Para que possam crescer na medida das ambições climáticas de neutralidade em carbono, os novos empreendedores enfrentam os desafios de uma oferta limitada em termos de insumos, localização geográfica e financiamento.

Dependentes de recursos naturais e baterias de longa duração, exigem um formato que foge do modelo de cadeias globais, impossibilitando que se utilize da estrutura que sustentou a economia mundial nas últimas décadas.

Cooperação entre governos, desburocratização e mecanismos bem concebidos, que garantam acesso aos mercados financeiros, são os três elementos que levarão à expansão dos criptoativos verdes e a humanidade ao crescimento sustentável.

Tal como em qualquer projeto de desenvolvimento, as funções são bem conhecidas.  Aos engenheiros e órgãos governamentais, cabe a infraestrutura física (usinas, baterias, redes de distribuição e pontos de recarga).  Aos financistas, cabe chamar os nerds e os legisladores para criar a infraestrutura financeira e digital.

“Para liderar um país ou uma empresa, você precisa colocar todos na mesma página e ter uma visão de para onde está indo.”

Jack Welch

Executivo que revolucionou a GE

*Este artigo não expressa necessariamente a opinião do portal Mais Retorno

Sobre o autor
Nohad Harati
Possui MBA em Finanças e LLM em Direito do Mercado Financeiro (ambos pelo Insper/SP). É gestora de uma carteira proprietária, além de ser responsável por um Family Office.

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