Ouro lidera o ranking das aplicações em março; bolsa e dólar ficam na lanterna
Crise nos bancos americanos e no Credit Suisse estiveram no centro das turbulências e afetaram os ativos de risco
A quebra de dois bancos nos Estados Unidos e o agravamento da crise no Credit Suisse expuseram fraturas no sistema financeiro que deram o tom e influenciaram os resultados finais do mercado. Não por acaso, o ouro como reserva de valor lidera o ranking dos investimentos em março com alta de 4,28%, a bolsa 2,91% e o dólar, 2,98%. O bitcoin teve uma forte arrancada no mês e subiu 23%.
As bolsas foram atingidas no mundo todo pelas incertezas trazidas pela falência do Silicon Valley e do Signature Bank, dois bancos médios americanos, pelo socorro de organismos financeiros dos EUA a outros bancos, e pela compra às pressas do Credit Suisse pelo UBS. A tentativa foi a de enxergar até onde a crise poderia se espalhar, criando um movimento de aversão ao risco. Isso provocou uma queda das bolsas e a saída de capital estrangeiro dos mercados emergentes.
Desempenho em março
Os dados são do administrador de investimentos Fabio Colombo.
Aplicação/Indicador | Rendimento/variação |
Ouro | 4,28% |
Títulos IPCA (*) | 1,13 % a 1,43% |
Fundos DI (**) | 0,98% a 1,28% |
Fundos Renda Fixa(**) | 0,97% a 1,27% |
CDB(**) | 1,06% a 1,26% |
IPCA (*) | 0,76% |
Poupança | 0,74% (líq.) |
IGP-M | 0,05% |
Euro | -0,57% |
Fundos Imobiliários (Ifix) | -1,69% |
Bolsa | -2,91% |
Dólar | -2,98% |
(*) Projeção de 0,76% para o IPCA
(**) Média
O mês foi marcado por grande volatilidade em decorrência da turbulência gerada pela crise bancária nos Estados Unidos, destaca Rodrigo Jolig, co-CEO de investimentos da Alphatree Capital, mas que aparentemente está contornada. E o efeito imediato disso foi uma redução no ritmo de alta dos juros americanos, diz ele.
O cenário interno também não ofereceu nenhuma sustentação à Bolsa com expectativas voltadas para a divulgação do arcabouço fiscal pelo governo, o que acabou acontecendo somente no finzinho do mês. A reação inicial foi positiva, logo após o anúncio, por ter sido colocado algo no lugar do teto de gastos. Mas o mercado passou a fazer suas contas, muitas dúvidas surgiram, dando espaço para um certo ceticismo em relação a sua eficácia.
“Apesar do arcabouço apresentado possuir uma certa diligência fiscal, as metas estabelecidas são irreais, a zeragem do déficit primário em 2024 exigiria corte de 10% nos gastos e aumento na carga tributária, ficando muito longe do possível”, afirma Lucas Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital.
Os dados do PIB do 4° trimestre de 2022 com queda de 0,2% no período e o aumento do desemprego decepcionaram porque indicam redução da atividade econômica. Além disso, os recados mais duros do Copom acenando com a possibilidade até de novo aumento de juros contribuíram para derrubar o mercado de ações.
Desempenho em 2023
No ano, o resultado da Bolsa fica ainda pior. Só para ter uma ideia do tombo, o Ibovespa teve o quarto pior primeiro trimestre desde o Plano Real, em 1994, segundo estudos do TradeMap. Nesse trimestre, a Bolsa acumula queda de 7,1%, mas a pior delas foi em 2020, com a pandemia, em que houve um recuo de 36,86%.
Juros altos também são os responsáveis pelo fraco desempenho de ativos como bolsa, dólar, fundos imobiliários e, ao mesmo tempo pelo destaque dos investimentos da renda fixa.
“O grande vilão do mercado são os juros altos, tanto aqui quanto lá fora. O que antes era um remédio, agora é uma linha tênue. O que importa na verdade é a dosagem. Dependendo da dosagem, pode ser um remédio ou pode ser um veneno. Era um remédio quando a inflação estava alta e agora, por se manter alto por tanto tempo, acaba sendo um veneno”, diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
Aplicação/Indicador | Rendimento/variação |
Ouro | 4,97% |
Títulos IPCA | 3,66% |
CDB | 3,22% |
Fundos Renda Fixa | 2,72% |
Fundos DI | 2,67% |
IPCA | 2,14% |
Poupança | 2,05% |
IGPM | 0,20% |
Euro | -2,43% |
Fundos Imobiliários (Ifix) | -3,70% |
Dólar | -3,96% |
Bolsa | -7,16% |