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Mercado Financeiro

Mercado está mais otimista com retomada da economia e de olho em ações que serão beneficiadas

O mercado financeiro dá sinais de que está mais otimista com a perspectiva econômica, embora o comportamento da bolsa de valores ontem não tenha refletido no…

Data de publicação:26/05/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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O mercado financeiro dá sinais de que está mais otimista com a perspectiva econômica, embora o comportamento da bolsa de valores ontem não tenha refletido no Ibovespa esse sentimento.

A B3 fechou o pregão em baixa, puxada pela queda de empresas exportadoras de commodities, mas analistas identificaram um movimento interno de troca de papeis dessas companhias pelas de alguns setores da economia doméstica vistas como promissoras.

Sentimento é positivo com perspectiva de um PIB maior para 2021, que deve refletir no desemprenho das ações - Foto: Envato

Para Thomas Giuberti, economista e sócio-fundador da Golden Investimentos, o mercado de ações deixou claro no pregão desta terça-feira que o investidor passou a olhar outros segmentos da economia, a mirar empresas que tendem a ser beneficiadas com o crescimento do PIB e a retomada de atividade em ambiente de maior controle da pandemia.

“O sentimento é positivo com a perspectiva de recuperação econômica, reforçada pelas seguidas revisões nas previsões do PIB (Produto Interno Bruto), e isso anima os negócios na bolsa de valores que, cedo ou tarde, deve buscar patamares mais elevados”, acredita Giuberti.

A narrativa predominante entre analistas e profissionais de mercado é de aposta na melhora do PIB, um movimento de alta que deve se fortalecer à medida que as regras de isolamento e de mobilidade forem relaxadas.

Esse possível cenário, de acordo com o sócio-fundador da Golden Investimentos, já passou a atrair o interesse de investidores para ações de empresas de segmentos considerados mais promissores, porque mais sensíveis à expansão do PIB, principalmente dos setores de varejo ligadas ao consumo.

Maior crescimento para o PIB

A estimativa de alta do PIB para 2021, pelos prognósticos que circulam no mercado, tem girado em torno de 4,0% a 4,5% ao ano, bastante acima das previsões iniciais, e melhora cada vez mais, à medida que as projeções do boletim Focus também passam por revisões para cima.

Na última edição do Boletim Focus, analistas e economistas do mercado financeiro voltaram a estimar um crescimento maior da economia, passando de 3,45%, da semana anterior, para 3,52%. Foi a quinta elevação seguida da estimativa de expansão do PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no País, usado como régua para medir a evolução da economia.

Outro fator que animou o mercado financeiro nesta terça-feira foi a inflação de 0,44% calculada pelo IPCA-15 em maio. Embora seja a maior para o mês, desde 2016, ela veio abaixo das expectativas, entre 0,50% e 0,55%, o que, para especialistas, deve reduzir a pressão sobre o Banco Central por uma elevação mais forte da taxa básica de juros, a Selic.

NY: futuros em alta

Os contratos futuros das bolsas de Nova York operam no positivo nesta quarta-feira, com os investidores repercutindo os dados de indicadores da economia americana e no aguardo de uma nova fala do vice-presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) sobre a inflação e a manutenção dos estímulos.

O índice Dow Jones recuou 0,24%, em 34.312,46 pontos, o S&P 500 caiu 0,21%, a 4.188,13 pontos, e o Nasdaq teve baixa de 0,03%, a 13.657,17 pontos.

Analistas avaliam que os riscos inflacionários começam a ameaçar a recuperação da maior economia do planeta. De acordo com o sócio da Wisir Research, Filipe Teixeira, os sinais de aceleração da inflação estão fazendo com que os investidores repensem as perspectivas em torno de novos estímulos.

“A questão é por quanto tempo o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) e outros bancos podem manter uma política monetária estimulante em vigor se os dados econômicos continuarem a mostrar pressões sobre os preços”, afirma Teixeira.

O vice-presidente do Fed, Richard Clarida, disse que estas pressões sobre os preços nos Estados Unidos seriam em grande parte transitórias, embora tenha acrescentado que as autoridades podem estar prontas para começar a discutir como reduzir as compras de ativos nas “próximas reuniões”.

CPI da Covid: ‘capitã cloroquina’

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid segue como um dos principais assuntos domésticos que estão no radar dos investidores.

Na véspera, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina”, foi ouvida pelo colegiado.

Entre as diversas afirmações da secretária estão o não recebimento de ordens para recomendar o uso da cloroquina em pacientes com covid-19, a não-indicação do medicamento pelo Ministério da Saúde para tratamento da doença.

Segundo ela, o órgão governamental divulgou somente uma “nota orientativa” para os médicos que considerem usar a cloroquina para tratar o coronavírus com doses seguras.

Além disso, Pinheiro afirmou que não teve conhecimento sobre a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus quando esteve na capital amazonense entre os dias 3 e 5 de janeiro.

A secretária confirmou a orientação, por parte do Ministério da Saúde para o uso de cloroquina em Manaus, durante o colapso no sistema de saúde local.

A médica afirmou também que "infelizmente" o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina como alternativa ao tratamento da covid-19 "foi muito estigmatizado e criminalizado (no lugar) das pessoas que fizeram pesquisas fraudulentas".

Os medicamentos não possuem comprovação científica para o tratamento da doença e têm sido defendidos pelo governo federal como opção para a não atenção às medidas profiláticas contra a covid-19.

Reforma tributária: ‘passaporte tributário’

Dividindo as atenções do mercado no âmbito interno, a reforma tributária foi comentada na véspera pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, durante evento do BTG Pactual.

Segundo o ministro, a reforma tributária será "muito simples" e que é a que "dá para fazer". Ele voltou a falar em reduzir o IPI sobre produtos de linha branca - medida adotada em governos petistas para estimular o consumo.

O ministro disse ainda que o governo e o Congresso lançarão o "passaporte tributário", uma medida nos moldes de um Refis para renegociar dívidas tributárias com descontos significativos. "Dá desconto de 70%, o cara paga", exemplificou Guedes.

O tema foi tratado na última segunda-feira em reunião na residência oficial do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco."(Com o passaporte) Os pequenininhos você alivia, deixa seguir a vida", disse Guedes.

O ministro ainda adotou uma espécie de vacina contra eventuais críticas. A própria Receita Federal costuma ser contra a adoção de programas como o Refis porque incentivam o devedor contumaz, que fica no aguardo de oportunidades como essa para quitar débitos com descontos.

"Vai ser simples, vai ser difícil ficar contra", afirmou o ministro, ressaltando que a medida busca dar alívio às empresas em dificuldade.

Guedes disse ainda que o valor das desonerações e do contencioso tributário no Brasil, que juntos passam dos trilhões de reais, é uma evidência de que o "imposto está fora do lugar". "É tão alto que quem tem poder político consegue desoneração. O cara prefere pagar um escritório de advocacia (a pagar imposto)", disse.

Bolsas asiáticas fecham sem direção única

As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam sem direção única  e com variações modestas nesta quarta-feira, após dirigentes do Federal Reserve reafirmarem uma postura de política monetária acomodatícia, ajudando a reduzir temores sobre pressões inflacionárias.

O índice acionário japonês Nikkei subiu 0,31% em Tóquio hoje, aos 28.642,19 pontos, enquanto o Hang Seng avançou 0,88% em Hong Kong, aos 29.166,01 pontos, e o Taiex registrou alta de 0,29% em Taiwan, aos 16.643,69 pontos.

Na China continental, o Xangai Composto se valorizou 0,34%, aos 3.593,36 pontos, renovando máxima em três meses, mas o Shenzhen Composto teve perda marginal de 0,06%, a 2.380,56 pontos.

Já o mercado sul-coreano ficou levemente no vermelho, com queda de 0,09% do Kospi, aos 3.168,43 pontos, após um pregão volátil.

Na Oceania, a bolsa australiana ficou em território negativo hoje, influenciada por ações de mineradoras e petrolíferas. O S&P/ASX 200 caiu 0,32% em Sydney, aos 7.092,50 pontos. (Com informações da Dow Jones Newswires). / / com Júlia Zillig e Agência Estado

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.