Mercado ao vivo: Bolsa segue exterior e busca recuperação com bancos e Petrobras
Investidores iniciam o mês de novembro de olho no cenário fiscal e no avanço da inflação e Selic
Em busca de recuperação em pré-feriado, a Bolsa opera forte no terreno positivo no primeiro dia de novembro, seguindo o exterior, movida pela alta acentuada dos bancos - Itaú, Bradesco e Santander sobem mais de 3,9% - e pelo avanço das ações da Petrobras (PETR4) de 3,05%, impulsionadas pela valorização do preço do barril do petróleo.
Apesar do otimismo, os investidores reforçam sua atenção para o cenário fiscal, ainda incerto, e acompanham as novas projeções de piora para a inflação, Selic e PIB. Às 15h15, o Ibovespa registrava forte avanço de 2,32%, recuperando o patamar dos 105 mil pontos – 105.905. O dólar à vista também sobe – alta de 0,54% - cotado a R$ 5,677.
Durante a manhã, o Banco Central divulgou a edição atualizada do Boletim Focus, que, aponta, entre várias tendências, que a inflação não deve arrefecer no curto e médio prazo.
Segundo o documento, os economistas do mercado subiram as projeções do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação do País, de 8,96%, na última semana, para 9,17%.
O mesmo movimento de alta segue para as projeções do indicador para o próximo ano. De 4,40% foram ajustadas para 4,55%, o que mostra que o distanciamento do centro da meta deve continuar em 2022. O BC sinalizou que pretende fazer tudo o que for possível para trazê-la de volta ao patamar definido pela autoridade monetária.
Para conter esse avanço, a Selic, taxa básica de juros, tem um norte de ajustes altistas pela frente. De 8,75%, as expectativas dos especialistas apontam para uma elevação de 9,25% em 2021. Em 2022, deve bater os dois dígitos: de 9,50% subiram para 10,25%. E de 7,00% para 7,25% para o cenário de 2023.
Desde a edição anterior do Focus, os economistas começaram a puxar o freio de mão nas revisões altistas do Produto Interno Bruto (PIB) por conta da alta da inflação. De 4,97% foi revisado para 4,94%, ante 5,04% há um mês.
Em 2022, o País também deve crescer menos. De 1,40%, as projeções para o índice recuaram para 1,20%. Há quatro semanas, a aposta era de 1,57%.
Cenário fiscal: PEC dos Precatórios
Um dos assuntos trazidos da pauta de acompanhamento de outubro, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Precatórios, teve sua votação adiada por quatro vezes e foi remarcada para quarta-feira, 3, logo após o feriado.
A PEC é vista como um puxadinho no Orçamento, para tornar viável o pagamento dos gastos com o novo Auxílio Brasil, no valor de R$ 400, sem furar a lei do teto de gastos.
Aprovada pela comissão especial da Câmara, a proposta precisa passar pelo plenário, onde sofre resistência, o que motivou os adiamentos, que impactaram fortemente na queda da Bolsa e valorização do dólar na semana anterior.
Se aprovada pelo Congresso, a PEC abre caminho para o pagamento parcelado de precatórios (dívidas judiciais contra o governo federal) e espaço no Orçamento para bancar o Auxílio Brasil. Prevê ainda alteração nas regras do teto de gastos, o que tende a flexibilizar o limite constitucional de despesas do governo.
No mesmo dia da PEC, o Banco Central divulga a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), que culminou no ajuste de 1,50 ponto porcentual na Selic e levando a taxa de juros ao patamar de 7,75%.
Esse acontecimento também é aguardado pelo mercado, pois espera encontrar no documento novos sinais sobre a condução da política monetária do País.
Juros futuros
A segunda-feira pré-feriado começou com os juros futuros em alta, especialmente os médios e curtos, em meio ao cenário fiscal incerto, à piora das projeções para a inflação, Selic e PIB, além da possível greve dos caminhoneiros.
A paralisação terá um efeito nocivo para a economia, segundo Jerson Zanlorenzi, chefe da mesa de renda variável do BTG Pactual, principalmente em um momento em que a atividade começa a engatar marcha de subida. “O mercado ainda não está precificando essa movimentação”, destaca.
Às 9h30, a taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 migrava para 12,26%, mesma taxa do ajuste anterior.
O DI para janeiro de 2025 subia para 12,29%, de 12,20%, e o para janeiro de 2023 ia para 12,24%, de 12,14% no ajuste de sexta-feira.
Sobe e desce na Bolsa
Nesta segunda-feira, as notícias sobre a emissão de debêntures pela Vibra Energia - R$ 1,8 bilhão - e pela Unidas - R$ 1 bilhão - estão influenciando no desempenho positivo dos papéis das companhias. Às 15h, as ações da empresa de combustível e da locadora de veículos subiam 5,00% e 1,72%, nesta ordem.
No mercado de M&A (fusões e aquisições, em inglês), os papéis da CVC sobem - avanço de 4,45%, no mesmo horário - com a conclusão da compra de 40% do capital remanescentes da companhia de turismo argentina Ola, passando a deter 100% da empresa.
Ainda em fusões e aquisições, um dos destaques do pregão é a forte valorização da ações da Cogna - 10,48%, no mesmo horário - após concluir as operações com a Eleva Educação.
No setor de viagens, as aéreas também vivem um dia positivo no pregão. Às 15h, as ações da Azul e Gol saltavam 8,85% e 8,10%, respectivamente. O fim das restrições no Estado de São Paulo para conter o avanço do coronavírus ajudam a elevar os ânimos dessas companhias.
Após anunciar a compra de 10% da rede de academias mexicana Sports World, as ações da Smart Fit subiam 3,62%, às 15h.
Brasil no G20
A preocupação com a estagflação, mais acesso às vacinas no mundo e tornar a agenda verde prioritária – e de forma responsável – foram os três principais alertas durante as plenárias de líderes do grupo das 20 maiores economias do globo (G20), conforme informou o ministro da Economia, Paulo Guedes.
O chefe da Paste esteve lado a lado do presidente Jair Bolsonaro nos eventos relacionados à reunião de Cúpula que ocorreu neste fim de semana na Itália.
O primeiro grande alerta no encontro, conforme Guedes, foi relacionado à área de saúde. Enquanto países desenvolvidos e alguns emergentes como o Brasil informaram que estavam avançando na imunização da sua população, nações africanas relataram encontrar problemas para vacinar seus cidadãos.
De acordo com o ministro, o G20 fez uma espécie de mea culpa por não ter tido efetividade na coordenação durante a pandemia. Por isso, um dos assuntos mais importantes nessa área foi o de como o grupo deve se preparar para enfrentar novos momentos complicados na área de saúde. “Temos que nos preparar para novas pandemias”, disse Guedes.
CPI da Covid
Os últimos capítulos dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado também estão na pauta de monitoramento do mercado. No último sábado, 30, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a comissão preste informações, em 48 horas, sobre os pedidos de quebra do sigilo telemático do presidente da República, Jair Bolsonaro, e de banimento do chefe do Executivo das redes sociais.
O magistrado quer analisar tais informações para decidir sobre o mandado de segurança impetrado por Bolsonaro contra as medidas aprovadas pelo colegiado após o presidente fazer uma declaração mentirosa em sua live semanal, associando a vacina contra o novo coronavírus ao risco de infecção pelo vírus da Aids.
O requerimento questionado por Bolsonaro foi aprovado no encerramento das atividades da comissão instalada no Senado e encaminhado para a Procuradoria-Geral da República e o STF.
O pedido foi apresentado à CPI pelo senador Randolfe Rodrigues sob o argumento de que a medida era necessária para combater a 'política de desinformação' do presidente.
Ao STF, a Advocacia Geral da União (AGU) alegou que a CPI não tem poder para investigar o presidente ou de decretar medidas contra ele.
Bolsonaro apresentou o mandado de segurança ao Supremo no mesmo dia em que integrantes da CPI entregaram a Alexandre, pessoalmente, o relatório final das apurações - que pede o indiciamento do presidente por nove crimes.
Na ocasião, os parlamentares pediram a inclusão da declaração do chefe do Executivo sobre vacinas e Aids no inquérito das fake news, em que Bolsonaro já é investigado por afirmações infundadas contra as urnas eletrônicas.
Mercado externo
Lá fora, o mês de novembro começa com uma agenda econômica e monetária movimentada. Nesta segunda-feira, a Destatis, agência de estatísticas da Alemanha, divulgou que as vendas no varejo do país sofreram queda de 2,5% em setembro ante agosto, segundo dados com ajustes sazonais.
O resultado frustrou a expectativa dos analistas, que previam alta de 0,6% no período. Sobre o mesmo período de 2020, o setor varejista alemão vendeu 0,9%.
Já no Reino Unido, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial subiu de 57,1 em setembro para 57,8 em outubro, mostrando o primeiro ganho em cinco meses, segundo dados finais publicados pela IHS Markit em parceria com a CIPS.
A leitura definitiva ficou ligeiramente acima da estimativa preliminar de outubro e da previsão de analistas de 57,7 em ambos os casos. O avanço acima da marca de 50 indica que o setor manufatureiro britânico se expandiu em ritmo mais forte no mês passado.
Nos Estados Unidos, os contratos seguem operando no terreno positivo nas bolsas de Nova York. Os investidores estão no aguardo das reuniões do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), do Reino Unido e Austrália nesta semana.
A expectativa é de que o Fed dê início à redução de compra de títulos de renda fixa no mercado e, em uma segunda etapa, ajuste para cima a taxa de juros para combater a inflação.
No roteiro de dados econômicos do país haverá ainda a divulgação do payroll, número de empregos públicos e privados gerados nos Estados Unidos, que acontece na próxima sexta-feira, 5.
Em paralelo, a temporada de balanços segue com velocidade acelerada. Das 279 empresas que compõem o índice S&P 500 – que caminha para nova máxima histórica – 87% atenderam ou superaram as expectativas do mercado quanto aos seus resultados. Na Europa, o mesmo movimento ocorreu com 70% das empresas que integram o Stoxx 600.
Para Jerson Zanlorenzi, do BTG, com uma condição macroeconômica menos negativa, os resultados dos balanços das empresas americanas têm se sobressaído, o que tem mantido o mercado em alta, diferentemente do cenário doméstico.
Do outro lado do mundo, as bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta segunda-feira, na esteira da eleição parlamentar do Japão e de dados mistos de atividade manufatureira da China.
O índice Nikkei saltou 2,61% em Tóquio, aos 29.647,08 pontos, após o partido governista japonês manter maioria no Parlamento na eleição deste domingo, 31, fortalecendo as chances de estabilidade política.
Em outras partes da Ásia, o sul-coreano Kospi avançou 0,28% em Seul, aos 2.978,86 pontos, e o Taiex subiu 0,48% em Taiwan, aos 17.068,24 pontos.
Já o Hang Seng caiu 0,88% em Hong Kong, aos 25.154,32 pontos, acumulando perdas pela quinta sessão consecutiva, em meio à fraqueza de ações dos setores imobiliário e de tecnologia e saúde.
Na China continental, o Xangai Composto teve leve baixa de 0,08%, aos 3.544,48 pontos, enquanto o menos abrangente Shenzhen Composto valorizou 0,49%, aos 2.411,78 pontos.
Pesquisa da ISH Markit/Caixin Media mostrou que o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial chinês subiu para 50,6 em outubro, sinalizando que a manufatura voltou a se expandir.
Por outro lado, o PMI oficial do setor, que se baseia numa amostragem bem maior, caiu a 49,2 em outubro, menor nível desde o início da pandemia de covid-19 e indicando atividade ainda em contração.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no azul nesta segunda-feira, com ganhos da maioria de categorias de ações. O S&P/ASX 200 avançou 0,64% em Sydney, aos 7.370,80 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado