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Mercado
Economia

Bancos revisam suas projeções: Selic em até 12% e avanço do PIB em torno de 0,5% em 2022; confira

Quadro fiscal e vigor da inflação levam os bancos a rever suas estimativas

Data de publicação:29/10/2021 às 07:00 -
Atualizado um ano atrás
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Diante da última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a Selic, taxa básica de juros, em 1,5 ponto percentual a 7,75% ao ano, somada à deterioração dos cenários fiscal e inflacionário no Brasil, diversas instituições financeiras revisaram suas projeções para a economia do País. Com perspectivas de alongamento e maior intensidade do ciclo de aperto monetário, especialistas esperam que a economia brasileira cresça menos do que o anteriormente previsto.

Juros altos, principalmente quando associados à escalada da inflação - que corrói a renda dos consumidores -, tornam a tomada de crédito e os processos de financiamento mais caros, o que reduz o consumo no País. Com a economia girando mais devagar, a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) caia, podendo, até mesmo, apresentar uma retração econômica.

Foto: Envato projeções mercado bolsa
Especialistas revisam projeções e esperam alta na inflação e nos juros e crescimento menor para o PIB

Projeções para a inflação

Além de elevar a taxa de juros, o comunicado do Comitê na reunião desta quarta-feira, 27, sinalizou que o colegiado deve decidir por uma alta da mesma magnitude no encontro de dezembro, demonstrando o compromisso do BC em trazer a inflação de 2022 para o mais próximo da meta, de 3,5%. Hoje, as expectativas do banco são de uma inflação de 4,1% no próximo ano e de 3,1% em 2023, quando a meta é de 3,25%. Para 2021, a projeção é de inflação de 9,7%.

Na última terça-feira, 25, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15 de outubro, prévia da inflação oficial do País teve alta de 1,20% no mês, ante a mediana das expectativas de 1,00%. De acordo com o levantamento, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentou alta nos preços. O maior avanço ficou por conta de Transportes (2,06%), seguida por Habitação (1,87%) e Alimentação e Bebidas (1,38%).

A maior parte da inflação, hoje, está ligada aos preços administrados, como os combustíveis e energia elétrica. No entanto, especialistas ressaltam que os preços livres, aqueles que refletem a atividade econômica, também seguem avançando e são justamente esses os preços que o ciclo de aperto monetário busca segurar.

Em relatório, a XP Investimentos destaca que, embora as projeções apresentadas pelo Copom para a inflação em 2021 estejam acima dos números projetados pela corretora, "a composição mostra preços de bens administrados mais elevados, o que sugere uma dinâmica de preços livres, aqueles mais sensíveis à política monetária, muito benigna no horizonte".

A expectativa da casa de investimento é que a variação de 12 meses do IPCA neste ano seja de 9,5%. Entretanto, para o ano que vem, a XP espera uma inflação de 5,2%, nível acima, até mesmo, do teto da meta do BC. Em sua projeção anterior, a corretora afirmou que o IPCA em 2022 deveria girar em torno de 3,9%.

O sentimento é generalizado no mercado e os economistas de diversas instituições financeiras revisam para cima as estimativas para a inflação. O banco BNP Paribas tem uma visão ainda mais pessimista do que a XP: em 2021, o IPCA deve fechar em 9,7% e, em 2022, o indicador deve chegar a 5,5% (ante expectativas de 9,0% e 4,5%, respectivamente, na projeção anterior).

Já o Itaú Unibanco ressalta que "a fraqueza prolongada do real, embora de certa forma mitigada pela atividade econômica mais fraca e pela contenção de danos do banco central, nos leva a aumentar nossa projeção de inflação para 2022 de 4,2% para 4,3%". Para este ano, a instituição espera um IPCA de 9,0%.

"Esse valor do IPCA incorpora uma expectativa de 3,5% de alta nos preços de alimentos e de 5,0% para a alta de preços industriais e de serviços. Esperamos um aumento de 3,5% nos preços administrados, com bandeira tarifária vermelha 1 no final de 2022", comenta o Itaú.

Risco fiscal

Com a retomada econômica após o momento mais crítico da pandemia, a demanda, antes reprimida, por diversos produtos e serviços disparou. Simultaneamente, gargalos na cadeia de produção causados pelo período de isolamento social e pela crise hídrica reduzem a oferta. Essa dinâmica já foi suficiente para a escalada de preços não só no Brasil, mas em todo o mundo.

Para piorar a situação, internamente, o cenário fiscal é outro fator que contribui para uma pressão inflacionária cada vez maior. O governo Jair Bolsonaro pretende implementar o Auxílio Brasil ainda este ano, pagando parcelas de no mínimo R$ 400 aos beneficiários do programa. Os gastos com esse e outros projetos desde o início da pandemia eleva a dívida do governo e aumenta as perspectivas de desarranjo fiscal.

Não bastasse a elevação dos gastos federais, com o projeto, a quantidade de dinheiro em circulação na economia cresce. Combo perfeito que alimenta a inflação.

Caio Megale, economista-chefe da XP, ressalta que a parte mais interessante do comunicado do Copom é justamente a que o colegiado fala sobre o panorama fiscal. "O Copom ainda não vê mudanças no quadro fiscal, como nós (XP) e a maior parte do mercado vemos", diz o especialista e acrescenta que "isso pode ser interpretado como espaço para o Copom voltar a mudar sua estratégia quando (e se) o risco fiscal se materializar (como grande parte do mercado acredita que acontecerá)".

Projeções para o PIB

Neste contexto, o BNP Paribas espera que o PIB brasileiro em 2022 cresça 0,5%, de uma projeção anterior de alta de 1,5%. A instituição afirma que apesar de o ciclo de aperto monetário prejudicar o crescimento, espera que vários fatores pontuais evitem que o PIB chegue a zero no próximo ano. "Alguns desses fatores incluem a reconstrução dos inventários pelo setor industrial, boa colheita e a normalização do relatório de trabalho", explica o banco.

Na mesma esteira, o Banco Safra espera que o indicador suba apenas 0,6% no próximo ano, ante 1,1% anteriormente. Porém, como o impacto das decisões monetárias leva alguns meses para realmente ser sentido na economia, a instituição reafirma sua expectativa de crescimento de 4,8% no PIB brasileiro em 2021.

A XP revisou suas projeções tanto para 2021, passando de 5,3% de crescimento para 5,0%, quanto para 2022, com uma queda um pouco mais expressiva: de 1,3% para 0,8%.

Em contrapartida, o Itaú considera que, devido à mudança nas expectativas da Selic, o PIB deve apresentar um leve recuo de 0,5% no ano que vem. Para o banco, "essa recessão moderada levará a um aumento da taxa de desemprego", chegando a 13,3% em 2022, ante 12,6% no cenário anterior.

Ciclo de aperto monetário

O ciclo de aumento na taxa de juros deve seguir por alguns meses, até que a inflação comece a desacelerar. Quando e como isso vai acontecer, no entanto, divide as opiniões dos especialistas, principalmente com um ano eleitoral à frente no radar, trazendo mais volatilidade aos mercados.

Confira as projeções de algumas instituições financeiras.

  • XP Investimentos: a Selic deve encerrar o ciclo de alta em março de 2022, a uma taxa de 11,00% ao ano. A corretora espera mais uma alta de 1,5 ponto percentual em dezembro, seguida por outras duas elevações em fevereiro e março de 1 e 0,75 ponto percentual, respectivamente;
  • Banco Inter: a expectativa da instituição é que o BC eleve a Selic em 1,5 ponto percentual em dezembro e 1 ponto percentual em fevereiro, chegando ao fim do ciclo de alta com uma taxa de 10,25% ao ano;
  • Itaú Unibanco: a taxa de juros deve passar por mais uma alta de 1,5 ponto percentual em dezembro e outras duas altas de menor magnitude, de 1 ponto percentual, nas reuniões de fevereiro e março, com a Selic chegando a 11,25% no primeiro trimestre de 2022;
  • Banco Safra: a instituição espera que o fim do ciclo de aperto monetário seja em fevereiro do próximo ano, com a Selic em 10,25% - para isso, o Safra projeta um aumento de 1,5 ponto percentual na taxa em dezembro e outro de 1 ponto percentual em fevereiro;
  • BNP Paribas: o banco projeta mais quatro altas na taxa de juros - 1,5 ponto percentual em dezembro, 1,25 em fevereiro, 1 em março e, por fim, 0,50 em maio -, com a Selic finalizando seu ciclo de alta em 12% ao ano.
Sobre o autor
Bruna Miato
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