Bolsa fecha em baixa de 0,48% com resultados da Vale; dólar cai aos R$ 5,07
Investidores acompanham o cenário internacional e a temporada de balanços trimestrais das empresas
A Bolsa fechou em queda de 0,48% nesta quinta-feira, 29, caindo aos 125.675,33 pontos, na contramão dos mercados internacionais. O que puxou o desempenho do Ibovespa para baixo foi, principalmente, a forte desvalorização nas ações da Vale, que têm um peso importante na composição da carteira teórica da B3.
O dólar fechou em queda de 0,60%, negociado a R$ 5,079, após a mensagem mais leve do presidente do Fed, Jerome Powell, sobre os rumos monetários do país, o que está deixando a moeda americana mais fraca ante pares principais e moedas emergentes ligadas às commodities. Esse nível da moeda é o mais baixo desde o dia 14 de julho, quando a cotação atingiu R$ 5,0706.
Apesar de ter reportado crescimento, os números do segundo trimestre da Vale vieram um pouco abaixo do esperado, segundo os analistas. "A mineradora apresentou um resultado operacional forte, com uma geração de caixa robusta e que mantém a expectativa de ótimos dividendos aos acionistas. Mas, a alta nos custos de produção e frete acabaram minando o Ebtida no trimestre", explica Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.
Com os resultados apresentados, os papéis da companhia caíram 1,49% no pregão desta quinta-feira.
Sobe e desce na B3
As demais mineradoras e siderúrgicas, como CSN, Usiminas e Gerdau, fecharam no positivo na B3, com altas de 5,82%, 2,72% e 1,95%, respectivamente.
Refletindo os resultados apresentados em seus balanços trimestrais, empresas como Multiplan e Movida colheram ganhos expressivos na Bolsa. As ações das duas empresas subiram 5,45% e 8,35%.
Na ponta oposta, a Ambev e Gol registraram queda em seus papéis com a divulgação de seus números do segundo trimestre. Os papéis da aérea - que reportou prejuízo de R$ 1,2 bi no período - registraram baixa de 2,37% e os da empresa de bebidas, perdas de 0,75%.
Em dia de estreia no pregão da B3 com o ticker BRIT3, a Brisanet, que chegou a cair bastante ao longo do dia, inverteu o sinal e fechou em alta de 0,14%.
IGP-M de julho
No cenário local, os investidores acompanharam nesta manhã a divulgação do Índice Geral de Preços Médio (IGP-M), considerado a inflação do aluguel, de julho pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O índice subiu 0,78% em junho ante 0,60% em junho.
O número veio abaixo das projeções dos analistas - que aguardavam uma mediana de 0,90% - e dentro do intervalo das estimativas, de 0,39% a 1,16%.
O IGP-M acumulado em 12 meses arrefeceu de 35,75% para 33,83%, a segunda redução consecutiva nesta base. O índice acumula alta de 15,98% em 2021.
Wall Street mais otimista
Após a sinalização do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) de manter a política monetária acomodatícia na véspera, o que trouxe um certo “alívio” para os investidores, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos divulgou que o PIB cresceu à taxa anualizada de 6,5% no segundo trimestre.
O resultado ficou abaixo da mediana de estimativas dos analistas, que era de um avanço de 8,5%. No primeiro trimestre de 2021, o PIB dos EUA teve expansão anualizada de 6,1%, 0,1 ponto porcentual abaixo da estimativa anterior.
O Departamento do Comércio norte-americano informou também que o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu à taxa anualizada de 6,4% entre abril e junho. Já o núcleo do PCE, que desconsidera preços de alimentos e energia, avançou 6,1% no mesmo intervalo.
Outro dado importante que também mexe com o mercado nos EUA é o número de pedidos de auxílio-desemprego, cujo número atualizado foi comunicado hoje pelo Departamento do Trabalho do país. O montante total registrou queda de 24 mil pedidos na semana encerrada em 24 de julho, somando 400 mil solicitações.
O resultado da semana passada veio acima da expectativa de analistas consultados pelo Wall Street Journal, que previam 380 mil solicitações. O total da semana anterior foi revisado para cima, de 419 mil para 424 mil pedidos.
Refletindo esse cenário, as bolsas de Nova York fecharam em alta. O índice S&P 500 avançou 0,43%, com Dow Jones na mesma esteira, com ganhos de 0,44%, e Nasdaq 100, com valorização de 0,20%.
Bolsas asiáticas fecham em alta
As bolsas da Ásia fecharam o pregão desta quinta-feira em alta, com uma recuperação dos índices acionários chineses.
Após as fortes perdas registradas nos últimos dias, com investidores preocupados com a ofensiva regulatória de Pequim, o governo do país asiático procurou acalmar o mercado por meio de uma reunião com representantes de grandes bancos.
Na China continental, o índice Xangai Composto subiu 1,5%, aos 3.411,72 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 3,1%, aos 2.384,17 pontos.
De acordo com fontes da Dow Jones Newswires, o vice-presidente da Comissão Reguladora de Valores da China, Fang Xinghai, conversou com representantes de bancos globais, incluindo Goldman Sachs e UBS, para reduzir as preocupações do mercado em relação às novas regulações impostas pelo governo aos setores de tecnologia e educação.
"Os mercados na Ásia se recuperaram fortemente com os relatos de que reguladores chineses disseram aos bancos que as empresas chinesas seriam autorizadas a abrir capital nos Estados Unidos, desde que atendessem aos requisitos de listagem", afirma o analista-chefe de mercado da CMC Markets, Michael Hewson.
Em Hong Kong, o Hang Seng teve alta de 3,3%, aos 26.315,32 pontos. Em outras partes da Ásia, o Kospi encerrou a sessão com ganho de 0,2% em Seul, aos 3.242,65 pontos, enquanto o Nikkei subiu 0,7% no Japão, aos 27.782.42 pontos. As ações da Samsung, que divulgou balanço, contudo, apagaram ganhos iniciais e caíram 0,3% em Seul.
Na Oceania, a bolsa da Austrália encerrou com ganhos. O índice acionário S&P/ASX 200 subiu 0,5% em Sydney, aos 7.417,4 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado