Mercado acena com perspectiva de tranquilidade nesta quinta-feira; entenda
Manutenção da política monetária americana permitiu clima mais ameno entre investidores
O mercado financeiro acena com a perspectiva de um dia de negócios mais calmo nesta quinta-feira, 29.
Na véspera, os mercados reagiram positivamente à decisão do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) que manteve a taxa de juros de curto prazo perto de zero e a política de estímulos monetários que injetam, pela recompra de ativos, R$ 120 bilhões mensais no sistema financeiro americano.
A expectativa de que, por enquanto, nada muda na condução da política monetária dos Estados Unidos devolveu certa tranquilidade aos investidores, que temiam uma elevação dos juros ou uma redução gradual da recompra de ativos pelo Fed.
Uma ou outra decisão tenderia a provocar movimentação mais forte de capitais nos mercados globais, que poderia causar instabilidade e solavancos no mercado de ações e de dólar, incluindo o doméstico.
A valorização das ações de bancos, pela expectativa positiva de analistas e investidores com os balanços trimestrais do setor financeiro, também contribuiu para animar o mercado de ações, comenta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.
A Bolsa de valores brasileira, a B3, encerrou o pregão com valorização de 1,34%, em 126.285,59 pontos, e por pouco não zerou a perda acumulada no mês, agora reduzida a 0,41%, a um dia do fechamento de julho. O dólar recuou 1,31%, para R$ 5,11.
Dados da economia americana na mira do mercado
Um evento externo que chama a atenção do mercado doméstico e atrai também o interesse do Fed nesta quinta-feira são o anúncio de dados do PIB preliminar do segundo trimestre nos Estados Unidos.
Jerome Powell, presidente do Fed, declarou, após o comunicado da reunião da véspera, que a economia americana está longe de alcançar o pleno emprego, o que reforçaria a manutenção de estímulos monetários.
A declaração de Powell animou os investidores, mas o mercado não baixou a guarda e tende a acompanhar atentamente a divulgação de dados americanos que possam influenciar as decisões de política monetária, apesar das declarações brandas das autoridades do Fed.
No âmbito doméstico, os investidores continuam acompanhando a temporada de divulgação de balanços trimestrais que prevê o anúncio de mais resultados de empresas nesta quinta-feira. Especialistas destacam os de Ambev, Localiza, Embraer e Fleury.
NY: futuros em leve alta
No exterior, os futuros das bolsas de Nova York operam em leve alta com o mercado digerindo as informações da reunião do Fomc (Copom americano) e no aguardo de novos indicadores econômicos que são divulgados hoje, como o PIB do país.
Na véspera, o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) decidiu manter a política monetária acomodatícia, como já esperado pelo mercado.
O presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, disse, em coletiva à imprensa, que o banco central americano não está “nem próximo” de considerar a elevação da taxa de juros dos Fed Funds, atualmente entre 0% e 0,25%.
A variante delta do coronavírus continua a proporcionar um sentimento de cautela generalizado no mercado. Na visão do JPMorgan, no entanto, o Reino Unido pode servir como exemplo de que a alta taxa de disseminação do vírus não representa uma elevada mortalidade.
"Apesar do número de casos próximo aos níveis de pico, a mortalidade está 95% abaixo do ápice em janeiro. Isso deveria dar aos investidores confiança de que a delta não é uma séria ameaça ao crescimento global", dizem os analistas.
"Acreditamos que setores ligados à reabertura, como consumo discricionário, bancos e energia, são compras fortes nos níveis atuais, enquanto aqueles ligados ao crescimento já são crescentemente vulneráveis à normalização dos rendimentos nos baixos níveis atuais e à realização de lucros", afirmam.
Os economistas do JPMorgan dizem ainda que o progresso da vacinação e o fato de agentes econômicos estarem mais acostumados às restrições de mobilidade devem garantir que o impacto causado pela onda da cepa delta seja inferior ao da alfa, visto no último inverno do Hemisfério Norte.
Bolsas asiáticas fecham em alta
As bolsas da Ásia fecharam o pregão desta quinta-feira em alta, com uma recuperação dos índices acionários chineses.
Após as fortes perdas registradas nos últimos dias, com investidores preocupados com a ofensiva regulatória de Pequim, o governo do país asiático procurou acalmar o mercado por meio de uma reunião com representantes de grandes bancos.
Na China continental, o índice Xangai Composto subiu 1,5%, aos 3.411,72 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 3,1%, aos 2.384,17 pontos.
De acordo com fontes da Dow Jones Newswires, o vice-presidente da Comissão Reguladora de Valores da China, Fang Xinghai, conversou com representantes de bancos globais, incluindo Goldman Sachs e UBS, para reduzir as preocupações do mercado em relação às novas regulações impostas pelo governo às empresas de tecnologia.
"Os mercados na Ásia se recuperaram fortemente com os relatos de que reguladores chineses disseram aos bancos que as empresas chinesas seriam autorizadas a abrir capital nos Estados Unidos, desde que atendessem aos requisitos de listagem", afirma o analista-chefe de mercado da CMC Markets, Michael Hewson.
Em Hong Kong, o Hang Seng teve alta de 3,3%, aos 26.315,32 pontos. Em outras partes da Ásia, o Kospi encerrou a sessão com ganho de 0,2% em Seul, aos 3.242,65 pontos, enquanto o Nikkei subiu 0,7% no Japão, aos 27.782.42 pontos. As ações da Samsung, que divulgou balanço, contudo, apagaram ganhos iniciais e caíram 0,3% em Seul.
Na Oceania, a bolsa da Austrália encerrou com ganhos. O índice acionário S&P/ASX 200 subiu 0,5% em Sydney, aos 7.417,4 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado