Mercado Financeiro

Mercado ao vivo: Bolsa apresenta ligeira alta com investidores atentos ao Fed e precatórios

Investidores acompanham os principais acontecimentos internos e externos desta quarta-feira

Data de publicação:03/11/2021 às 10:49 - Atualizado 2 anos atrás
Compartilhe:

Na volta do feriado, a Bolsa segue volátil ao longo desta quarta-feira, 3, puxada pela forte desvalorização das ações da Vale, de mais de 6,5%, por conta da queda do preço do minério de ferro - que acumula mais de 20% em cinco dias - e de mais de 2,4% dos papéis da Petrobras. Às 17h20, o Ibovespa apresentava alta de 0,35%, mas perdendo o patamar dos 106 mil pontos - 105.915. Após abrir em alta e seguir valorizado, o dólar à vista virou o sinal e opera em queda de 1,42%, cotado a R$ 5,590.

Além disso, o dia está sendo marcado por acontecimentos importantes no âmbito monetário, tanto interno quanto externo, como a divulgação da ata da última reunião do Copom e a expectativa sobre o início do tapering nos Estados Unidos. Soma-se a esse cenário ainda a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Precatórios, remarcada para hoje.

Sede da B3 em São Paulo - Foto: B3/Divulgação

Divulgada logo no início da manhã, em caráter excepcional por conta do feriado da véspera, a ata do último encontro do Copom, que culminou no ajuste de 1,50 ponto porcentual na Selic, a 7,75% ao ano, não trouxe grandes novidades em relação ao que já tinha sido sinalizado no comunicado enviado ao mercado no dia do anúncio da nova taxa de juros.

Entre os principais pontos está o reforço de que a autoridade monetária deve fazer um novo ajuste de 1,50 p.p na reunião de dezembro e está focada em convergir a inflação para a meta de 3,5% em 2022.

Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, a conjuntura descrita pelo Copom revela um cenário pior para a inflação, tanto do lado externo quanto doméstico.

 “O Copom ressaltou que o cenário externo “tem se tornado menos favorável”, por conta da persistência do processo inflacionário e da necessidade de reversão dos estímulos nas economias desenvolvidas. Segundo a ata, “essa combinação implica um cenário mais desafiador”, apontou Megale.

Em relação à atividade econômica, o Copom apontou sinais mistos. “Não parece, em nossa opinião, muito preocupado com a possível desaceleração do crescimento do País”, enfatizou.

De acordo com o economista do BTG Pactual, Leo Paiva, no documento o BC destacou com mais ênfase a sua percepção sobre a piora fiscal do País. “Isso não tinha sido tão evidente na ata anterior”, comentou.

A mesma observação foi feita por Megale, da XP. “Em nossa nota sobre a reunião da semana passada, já chamávamos a atenção para o fato de o Copom não ter incorporado esta piora fiscal ao seu cenário base (como feito por muitos analistas de mercado, inclusive nós). Ao manter ainda como um risco, dava margem para se tornar mais duro na política monetária quando (e se) essa piora fiscal se concretizar”.

Com o juro neutro mais elevado, o cenário deverá ser ainda mais contracionista. “Podemos esperar uma Selic acima de 11% até o fim de 2022, com mais dois ajustes de 1,50 p.p e dois de 1,0 p.p”, prevê o economista.

" Dada a deterioração contínua no front fiscal, continuamos a destacar o risco de uma taxa terminal mais alta e não podemos descartar uma antecipação dos ajustes de política monetária nas próximas reuniões", escrevem a economista-chefe do JPMorgan no Brasil, Cassiana Fernandez, e o economista Vinicius Moreira, em relatório sobre o assunto.

Os economistas destacam a informação da ata de que os membros do Copom chegaram a discutir um aumento de juros superior a 1,5 ponto, mas consideraram que esse aumento era adequado no momento da reunião para perseguir a meta de inflação de 2022.

Juros futuros

Os juros futuros disparam na manhã desta quarta-feira, com os mais curtos com avanço de 30 pontos-base após o Banco Central ter sinalizado na ata do Copom que pode ir além da alta de 150 pontos-base da Selic.

"Dúvida agora é se o BCB está preocupado com a atividade versus estar de mãos atadas ao consenso do mercado. Ruídos na comunicação devem seguir gerando volatilidade na curva e dificultando o trabalho do Tesouro, que não tem conseguido emitir nas últimas semanas, reduzindo o conforto com o colchão de liquidez, mesmo que ainda em um patamar com bastante margem de manobra", diz o operador de renda fixa sênior da Renascença DTVM, Luis Felipe Laudisio, em relatório.

Às 9h27 desta quarta, a taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subia para 12,61%, de 12,29% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2025 subia para 12,79%, de 12,49%, e o para janeiro de 2027 batia máxima de 12,74%, de 12,53% no ajuste anterior.

Fed: início do tapering

Já o segundo momento, um dos mais aguardados pelo mundo todo, é a definição do Fed sobre o início da retirada de estímulos (redução da compra de títulos de renda fixa da economia) – o chamado tapering - que deve ser anunciada a partir das 15h20 (horário de Brasília) pelo presidente da autoridade monetária americana, Jerome Powell.

O programa de estímulos monetários, adotado para dar suporte à economia durante a pandemia, consiste na recompra pelo Fed de títulos que põe no sistema financeiro US$ 120 bilhões por mês.

Os analistas preveem uma programação de redução de cerca de US$ 15 bilhões por mês, mas a atenção está voltada principalmente a possíveis pistas sobre quando terá início o movimento de alta na taxa de juros do país.

Os economistas estão divididos sobre se esse aumento da taxa de juros será feito no próximo ano ou no início de 2023.

Com a atividade em recuperação, a nova etapa prevê a redução de recompras que deve levar a uma diminuição de liquidez ou oferta de recursos no sistema que tende a impactar os mercados não apenas dos EUA, mas globalmente.

Por lá, as bolsas operam mistas, com os investidores adotando posição de cautela por conta da expectativa em relação ao tema.

Além do tapering, novos dados econômicos também ficam no radar do mercado. Segundo dados da ADP, o setor privado americano criou 571 mil empregos em outubro, dados com ajustes sazonais.

O número veio bem acima da expectativa dos analistas, que previam a geração de 395 mil novos postos de trabalho no último mês. Mas, por outro lado, a ADP revisou para baixo sua estimativa de criação de empregos em setembro, de 568 mil para 523 mil.

A pesquisa é considerada uma prévia do payroll, relatório de emprego dos Estados Unidos, que inclui dados do setor público e será divulgada na sexta-feira, 5.

Outro dado que chamou a atenção do mercado é o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços do país, que avançou de 54,9 em setembro a 68,7 na leitura final de outubro, de acordo com a IHS Markit, atingindo o maior nível desde julho. Porém, os analistas previam 58,5 para o indicador.

Já o PMI composto do país, que também abrange a indústria, subiu de 55,0 em setembro para 57,6 em outubro, também na máxima desde julho. Segundo a consultoria, o resultado neste caso continua a ser freado por problemas na oferta.

Ainda no setor, as encomendas à indústria nos EUA registraram aumento de 0,2% em setembro ante agosto, de acordo com dados do Departamento do Comércio. O resultado veio em linha com as expectativas dos analistas.

PEC dos Precatórios: votação

Após quatro tentativas de votação, a PEC dos Precatórios volta ao plenário da Câmara nesta quarta-feira. A definição do assunto se torna cada vez mais um motivo de apreensão entre os investidores pelo fato de que o mês de novembro é o último do ano no qual pode ocorrer algum avanço.

A PEC, que propõe o pagamento parcelado dos precatórios em 2022, abre um espaço de R$ 91,6 bilhões no Orçamento do período, dos quais R$ 83,6 bilhões são "livres" para serem destinados à ampliação do programa social Auxílio Brasil e outras demandas, como o auxílio diesel a caminhoneiros e emendas parlamentares.

Está na mesa uma proposta de acordo para fatiar o pagamento das dívidas judiciais da União com Estados decorrentes do Fundef, fundo para a educação básica que vigorou até 2006. A dívida responde por cerca de R$ 16 bilhões dos R$ 89 bilhões em precatórios inscritos para o ano que vem.

Sobe e desce da Bolsa

Nesta segunda-feira, as ações de commodities vivem um dia de forte desvalorização no pregão, influenciadas pela baixa no preço do barril do petróleo e do minério de ferro, que acumula queda acima de 20% nos últimos cinco dias e valor da tonelada no patamar abaixo de US$ 100.

Às 12h36, as ações da Petrobras caíam 1,86% e os papéis da PetroRio recuavam 0,51%. Já a queda das ações das siderúrgicas é mais acentuada. Às 12h37, a Vale despencava 5,92% no pregão, seguida por outras gigantes como CSN - que apresenta seus resultados trimestrais hoje - Usiminas e Gerdau. As baixas são de 2,98%, 1,30% e 0,79%, nesta ordem.

No sentido oposto, as ações da Lojas Americanas disparam na Bolsa - 11,18%, às 12h42 - com a conclusão da fusão da companhia com a Americanas, conhecida anteriormente como B2W.

Os papéis do banco Inter também chegaram a subir quase 3% durante o pregão, mas acabaram perdendo a força - alta leve de 0,14% no mesmo horário - com os investidores acompanhando a movimentação sobre o IPO da companhia na Nasdaq.

Em dia de divulgação de resultados corporativos do terceiro trimestre, ações da Cielo, Ultrapar, Unidas e Rede D'Or avançavam 3,12%, 0,31%, 3,69%, 6,50% e 2,64%, respectivamente, às 12h41.

COP-26: compromisso ambiental

Mais de cem países assinaram um compromisso global que prevê reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, ante os níveis do ano passado. O pacto teve a adesão do Brasil, um dos cinco principais emissores de metano do planeta, após forte pressão dos Estados Unidos para a entrada no grupo.

O anúncio foi feito em Glasgow durante o feriado, na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-26). No entanto, três dos maiores emissores de metano - China, Rússia e Índia - ficaram fora da lista.

Embora desapareça mais rápido da atmosfera do que o gás carbônico, o metano tem um potencial de aquecimento cerca de 80 vezes maior. Por isso, reduzir a liberação desse poluente é considerada uma estratégia para acelerar o combate às mudanças climáticas .

"Juntos, estamos nos comprometendo coletivamente a reduzir o metano em 30%. E penso que podemos ir além", disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Do outro lado do mundo

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta quarta-feira, com investidores demonstrando cautela antes de o Fed anunciar sua decisão de política monetária, nas próximas horas.

Principal índice acionário chinês, o Xangai Composto caiu 0,20%, aos 3.498,54 pontos, enquanto o Hang Seng recuou 0,30% em Hong Kong, aos 25.024,75 pontos, e o sul-coreano Kospi enfraqueceu 1,25% em Seul, aos 2.975,71 pontos.

Por outro lado, o Shenzhen Composto, índice chinês de menor abrangência, teve alta marginal de 0,06%, aos 2.393,60 pontos, e o Taiex subiu 0,33% em Taiwan, aos 17.122,16 pontos.

Em Tóquio, não houve negócios hoje devido a um feriado nacional no Japão.

Durante a madrugada, foram publicados novos dados de atividade de serviços da China. Pesquisa da IHS Markit/Caixin Media mostrou que o PMI de serviços chinês avançou de 53,4 em setembro para 53,8 em outubro.

Como havia ocorrido com os números industriais, o dado contrastou com o PMI oficial de serviços, que caiu de 53,2 para 52,4 no mesmo período. Leituras acima de 50 indicam expansão de atividade.

Na Oceania, a bolsa australiana ficou no azul, impulsionada pelos setores financeiro e minerador. O S&P/ASX 200 avançou 0,93% em Sydney, aos 7.392,70 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado.

Sobre o autor
Julia ZilligA Mais Retorno é um portal completo sobre o mercado financeiro, com notícias diárias sobre tudo o que acontece na economia, nos investimentos e no mundo. Além de produzir colunas semanais, termos sobre o mercado e disponibilizar uma ferramenta exclusiva sobre os fundos de investimentos, com mais de 35 mil opções é possível realizar analises detalhadas através de índices, indicadores, rentabilidade histórica, composição do fundo, quantidade de cotistas e muito mais!