Mercado Financeiro

Bolsa avança 0,42% e mantém patamar dos 125 mil pontos; dólar cai a R$ 5,19

Investidores seguem atentos ao cenário externo e de olho na política local

Data de publicação:21/07/2021 às 10:44 - Atualizado 3 anos atrás
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A Bolsa fechou em alta pelo segundo pregão consecutivo nesta quarta-feira, 21, puxada pela recuperação das empresas do setor de commodities, bolsas internacional, além da manutenção no movimento de valorização nos papéis dos bancos. O Ibovespa registrou avanço de 0,42%, marcando 125.929,25 pontos.

Após iniciar o dia em alta, o dólar caiu e fechou com uma variação negativa de 0,75%, cotado a R$ 5,192.

Sede da B3 em São Paulo - Foto: B3/Divulgação

De acordo com Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, a valorização do setor financeiro nos últimos pregões pode ser justificada pelas expectativas de bons resultados no segundo trimestre. Além disso, a queda recente no preço dos papéis do setor favorece a entrada de investidores estrangeiros.

As ações dos bancos fecharam majoritariamente em alta. Santander, Itaú e Banco Inter avançaram 3,64%, 0,51% e 2,96%, respectivamente. Pelo lado oposto, o Bradesco inverteu o sinal no fim do dia e caiu 0,21%.

A Petrobras também viveu um dia positivo na B3 nesta quarta-feira. Os papéis da petroleira subiram 1,65%.

Ainda contribuindo para o resultado do Ibovespa neste pregão, as mineradoras e siderúrgicas registraram altas acentuadas. Vale, CSN, Usiminas e Gerdau fecharam com uma valorização de 1,11%, 2,22%, 2,60% e 2,67%, na sequência.

Cautela com a variante delta

Como a disseminação da nova cepa do coronavírus é vista como a principal ameaça à retomada do crescimento econômico global, os mercados tendem a permanecer em compasso de espera, sem grandes movimentações, segundo especialistas.

A tendência é que investidores não tomem decisões mais arrojadas enquanto não houver sinais de algum controle sobre a disseminação da variante do coronavírus pelo mundo.

Enquanto isso, os mercados continuam atentos a fatores pontuais do dia a dia, sem sinalizar uma mudança estrutural de trajetória que indique uma tendência mais clara.

A nova safra de balanços trimestrais, que devem indicar recuperação da economia, poderia animar os investidores, mas os resultados podem não ser suficientemente alentadores para dar um empurrão mais acentuado ao mercado de ações.

“O mercado só vai reagir se o resultado trimestral das empresas surpreender muito positiva ou negativamente”, afirma Jennie Li, estrategista de Ações da XP Investimentos. “Principalmente se a ação tiver uma influência muito grande no Ibovespa.”

Sobe e desce da B3

Hoje foi dia de estreia da Desktop na Bolsa. A empresa iniciou as negociações na B3 com o preço da ação definido em R$ 23,50, fechando o pregão com valorização de 3,19%.

No bloco das altas, as empresas Neoenergia e Romi, que divulgaram seus balanços na véspera e trazem lucros expressivos no segundo trimestre, registraram valorização de seus papéis de 1,18% e 1,30%.

A Embraer seguiu nesta mesma esteira positiva, após o anúncio sobre a entrega de 14 jatos executivos no segundo trimestre. As ações da aérea subiram 3%.

No sentido oposto, após divulgar a confirmação do preço por ação no valor de R$ 19,20 para o follow on, o Grupo Soma viveu um dia de perdas na Bolsa. Os papéis da companhia caíram 3,76% e os da Hering, 1,55%.

NY: bolsas no azul

Nos Estados Unidos, os contratos negociados nas bolsas de Nova York fecharam em alta, com os investidores atentos aos balanços corporativos, o que desviou o foco das preocupações sobre o impacto econômico da variante Delta do coronavírus.

O S&P 500 avançou 0,82%, com Dow Jones na mesma esteira, com valorização de 0,83%, e Nasdaq 100, com ganhos de 0,78%.

Apesar do aumento dos casos de contaminação pelo vírus, a política acomodatícia dos Estados Unidos, os níveis ainda elevados de expansão econômica e o crescimento robusto dos lucros corporativos continuam se sobrepondo, mantendo o otimismo em alta.

Os investidores monitoram também as negociações políticas em andamento sobre um pacote bipartidário de US$ 579 bilhões para gastos de infraestrutura, parte do plano do presidente Joe Biden para uma grande injeção fiscal na economia do país.

Na avaliação da Capital Economics, a recente fraqueza das bolsas nova-iorquinas se explica pelo temor de investidores de que o recrudescimento da crise sanitária, em face da disseminação da variante delta do coronavírus, numa resposta à chamada "negociação de reflação", característica em ambientes de forte apoio monetário.

Contudo, a consultoria britânica diz que ainda não há razão para crer que a nova cepa vai atrasar ou desacelerar a recuperação da economia norte-americana e, por isso, os mercados acionários devem se recuperar adiante.

CPI da Covid

No cenário local, na véspera, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, que denunciou suspeitas de irregularidades na aquisição da vacina indiana Covaxin, afirmou à Polícia Federal que trocou o aparelho celular no qual recebeu as mensagens e as ligações que, segundo ele, representavam "pressão atípica" de seus superiores para liberar a importação da vacina Covaxin com inconsistências no processo

As mensagens não ficaram salvas na nuvem e não foram espelhadas para o novo aparelho. Chefe da divisão de importação do ministério, Luis Ricardo prestou depoimento à polícia na semana passada, no inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro prevaricou ao ser comunicado sobre as supostas irregularidades na pasta.

À polícia, ele afirmou que mantém todos os "prints" - "fotos" das conversas mantidas. Os irmãos Miranda afirmam que a troca de aparelho não enfraquece a denúncia que eles apresentaram porque as conversas foram encaminhadas ao deputado e a investigação pode avançar sobre os aparelhos das autoridades que exerceram a suposta pressão.

Bolsas asiáticas fecham sem sinal único

As bolsas da Ásia fecharam mistas nesta quarta-feira, após um pregão de recuperação de perdas em Nova York.

Na China continental, o índice Xangai Composto subiu 0,7%, aos 3.562,66 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 1,5%, aos 2.492,54 pontos.

As bolsas chinesas foram impulsionadas, principalmente por ações de montadoras e empresas relacionadas a energias renováveis.

Em outras partes da Ásia, o Nikkei subiu 0,6% no Japão, aos 27.548,00 pontos. Com o começo das Olimpíadas de Tóquio, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, disse que é impossível eliminar o risco da covid-19 durante as competições.

Também no Japão, as exportações cresceram 48,6% em junho na comparação anual, acima do esperado por economistas consultados pelo Wall Street Journal.

Na avaliação do analista-chefe de mercado da CMC Markets, Michael Hewson, as bolsas asiáticas, em geral, registraram uma recuperação "decente" hoje. Para profissionais do Danske Bank, o sentimento nos mercados ainda se mantém "misto".

Em Hong Kong, o Hang Seng recuou 0,1%, aos 27.224,58 pontos, e o Kospi teve baixa de 0,5% em Seul, aos 3.215,91 pontos, pressionado para baixo por ações do setor de tecnologia.

Na Oceania, a bolsa da Austrália subiu mesmo em meio ao lockdown no país para conter a piora da pandemia de covid-19. O S&P/ASX 200 registrou alta hoje de 0,8% em Sydney, aos 7.308,70 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado

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