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Economia

Balanços do 2º trimestre: o que esperar de cada setor econômico

Expectativa é de crescimento de 255% no lucro por ações nas empresas do Ibovespa

Data de publicação:21/07/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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Começou nesta semana a nova temporada de balanços. A expectativa de analistas é que a nova safra de resultados das empresas, relativos ao segundo trimestre do ano, contenham números positivos e alta de lucros que apontem para uma economia a caminho da normalidade.

Foto: envato
Expectativa é de resultados mais sólidos da atividade e econômica em relação ao início do ano

“Os balanços devem apontar para um desempenho mais sólido da atividade econômica”, acredita Felipe Leão, especialista em Renda Variável da Valor Investimentos.

Com a melhora nas perspectivas econômicas e redução de riscos no segundo trimestre, após a nova onda de coronavírus no primeiro, as projeções de lucro continuam a apontar crescimento, diz relatório da XP Investimentos.

Dados demonstram que a expectativa do mercado é que o lucro por ação do conjunto de empresas que formam o Ibovespa deve crescer 255%, em média, em relação ao segundo trimestre de 2020.

A estrategista de ações da XP, Jennie Li, lembra, porém, que “a base de comparação é baixa, por ser um período que a economia passava pelo auge da pandemia e os lucros das companhias foram severamente afetados pela crise”.

Pela comparação anual, as receitas devem ter um aumento de 30,6% e o lucro operacional, o Ebitda, um crescimento de 70,3%. Os números impressionam, mas já esperados e devem ser vistos com reserva, pelos dados baixos de comparação do período anterior.

A comparação do segundo trimestre com o primeiro deste ano deve mostrar os balanços das empresas quase em linha. A XP ainda não fechou a projeção agregada nessa base de comparação, mas a avaliação preliminar das empresas indica que o lucro por ação tende a oscilar pouco, mantendo-se, portanto, em níveis considerados robustos.

Veja o que esperar dos balanços das empresas de cada setor:

Commodities

Setor foi favorecido pela demanda global aquecida. A alta de minério de ferro, celulose e proteína animal, dentre outros, e o dólar valorizado em relação ao real devem beneficiar as empresas ligadas ao setor. Para especialistas, o balanço deixará claro que essas companhias não sofreram os impactos da segunda onda da pandemia.

“Apesar da acomodação recente, os preços das commodities continuam historicamente altos, o que é promissor para o setor”, afirma Leão, da Valor Investimentos.

Os preços das commodities continuam em patamares altos, a despeito da valorização do real frente ao dólar no trimestre, com o índice CRB (indicativo de contratos futuros) acumulando alta de 9,7% no trimestre aponta relatório da XP.

Tecnologia

Empresas do setor, especialmente do segmento de ecommerce, devem passar por uma desaceleração com a flexibilização das medidas de restrição, prevê analistas da XP. Mesmo assim, a previsão é que as empresas do setor registrem ainda um crescimento sólido dos resultados. “O hábito de consumo online é estrutural”, diz a estrategista Jennie Li.

Varejo

A expectativa é que o segundo semestre marque um ponto de inflexão para o varejo, em particular para o varejo tradicional, diz Leão, da Valor Investimentos. Duramente atingido pela pandemia, segmento deve beneficiar-se do avanço da vacinação e do afrouxamento das restrições de mobilidade.

“A desaceleração do comércio online na comparação com 2020, no período quando tudo estava fechado, deve apontar para uma melhora sequencial do varejo físico, com uma reabertura mais robusta.”

Bancos

O cenário bancário por aqui, para especialistas, suscita algumas dúvidas. O setor está reticente com a concorrência dos novos entrantes no mercado, sobretudo as fintechs, e com o nível de inadimplência, afirma Romero Oliveira, head de Renda Variável da Valor Investimentos.

Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora, diz que a receita de serviços pode ficar ameaçada pela concorrência com os bancos digitais.

Especialistas dizem, contudo, que de forma geral os grandes bancos podem ser favorecidos por menos provisões, maior receita com serviços e redução de custos pelo uso de canais digitais e fechamento de agências. O Santander puxa a fila dos bancos e apresenta seu balanço esta semana.

Foto: envato
Crise hídrica é preocupação, mas áreas de transmissão e distribuição não devem ter números afetados

Energia e saneamento

A crise hídrica preocupa o setor como um todo, mas os resultados de balanços, segundo especialistas, vão depender do segmento em que as empresas atuam. Há consenso de que companhias das áreas de transmissão e distribuição não serão impactadas pela crise e os resultados venham em linha com os do primeiro trimestre.

As companhias geradoras podem ser impactadas negativamente pela crise hídrica se precisarem comprar energia no mercado livre se sua produção for insuficiente para atender os contratos de venda.

As empresas de saneamento também podem ter os resultados impactados negativamente pelos custos mais elevados de energia e pela maior participação de demanda residencial no mix de tarifas, avalia Leão, especialista de Renda Variável da Valor Investimentos.

Construção

Resultados de balanço devem depender do segmento em que atuam, avaliam especialistas. Incorporadoras que atuam no segmento de baixa renda podem apresentar resultados operacionais mais sólidos, por causa de programas habitacionais.

Um senão é o alto custo dos materiais de construção, que pode reduzir a margem, dada a dificuldade de repasse à clientela de renda mais baixa. As companhias que atuam na faixa de maior renda têm maior facilidade para o repasse de custos mais altos.

Educação

A expectativa é que apresente sinais de recuperação à medida que as restrições diminuam, mas os números do segundo trimestre podem vir com margens menores, pressionadas por provisões, segundo analistas.

Saúde

As companhias do setor devem apresentar resultados distintos, de acordo com os efeitos da pandemia sobre o segmento. A expectativa é que empresas prestadoras de serviços de medicina diagnóstica tenham sido beneficiadas por maior demanda por exames.

Operadoras de planos de saúde, por sua vez, devem estampar resultados com pressão sobre a margem, mantendo linha com dados fracos do primeiro trimestre.

SHOPPING VAREJO
Com flexibilização das restrições à mobilidade, performance das atividades comerciais devem ser positivos

Shopping e propriedades comerciais

A perspectiva de recuperação da economia, na esteira do afrouxamento das restrições à mobilidade e às atividades comerciais, deve ter impacto positivo no setor de shoppings, acreditam analistas. Expectativa que se estende aos resultados de empresas de logística, proprietárias de galpões, que trabalham com fretamento e distribuição.

Locação de veículos

Outro segmento que acena com bons resultados, de acordo com analistas, é o de locação de veículos. O desempenho vem do aumento de demanda por aluguel de carros e da bem-sucedida atividade de venda de carros usados, como seminovos, muito procurados pela falta de oferta de novos.

Reforma tributária é relevante

A estrategista de ações da XP, Jennie Li, diz que nesta safra de balanços a atenção com os resultados deve dividir espaço no radar com a sinalização de possíveis estratégias que as empresas devem adotar para evitar ou mitigar os efeitos de algumas propostas da reforma tributária.

Medidas como tributação de dividendos e fim dos Juros sobre Capital Próprio (JCP). Jennie diz que, para mitigar o impacto do fim do JCP, as empresas podem aumentar o endividamento de tal forma que o pagamento de mais juros sobre a dívida reduza o lucro tributável.

A taxação de dividendos seria um estímulo, segundo a estrategista de ações da XP, para que as empresas retenham e reinvistam os lucros, o que seria positivo para a companhia e para o acionista no longo prazo.  Empresas seriam incentivadas também a recomprar as ações, outra forma de recompensar os investidores, além da distribuição de dividendos e JCP. /com Júlia Zillig

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.