Lira critica política de preços da Petrobras e alega falta de clareza
Presidente da Câmara criticou o preço do gás natural e a existência de nove térmicas que estão paradas por causa da falta do produto
Após a Câmara receber o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, na véspera, o presidente da Casa, Arthur Lira demonstrou, nesta quinta-feira, 16, que não ficou satisfeito com os esclarecimentos prestados e continuará cobrando da estatal mais explicações sobre a política de preços.
Em live da Necton Investimentos, Lira chamou atenção para o que chamou de valor "absurdo" do gás natural, destacado como um dos principais problemas que a estatal precisará esclarecer. Para ele, não está claro qual é a política adotada pela Petrobras nesse momento de crise energética.
"Gás natural é um problema. Temos a informação de que o gás é extraído do pré-sal a perto de US$ 2, é importado do Qatar a perto de US$ 3. E as informações que nos chegam é que a Petrobras repasse esse gás a US$ 10 no País porque encaminha pelo seu gasoduto. Se tem algum problema, lógico que temos que atacá-lo", disse presidente da Câmara, que subiu o tom ao cobrar novamente que a estatal se preocupe com funções estratégicas para o Brasil.
Térmicas e providências
Lira criticou que, num momento de crise enérgica, existam de oito a nove térmicas paradas por falta de gás natural, que seria fornecido pela Petrobras. O deputado ressalvou que tal informação, que chega até ele, precisa ser verificada.
Segundo ele, alguns requerimentos de informação elaborados por deputados sairão da Câmara com destino a Petrobras.
"Providências podem ser pedidas, requerimentos podem ser feitos. Solicitações de ajuda a outros órgãos de controle também. Mas é importante que a Petrobras se antecipe, esclareça, contribua, venha a público prestar esclarecimentos e se solidarizar com informações adequadas", disse.
"Lógico que Congresso vai tomar e seguir com providências, sem machucar a economia e a empresa", continuou.
Investigação sobre preços
O deputado Elmar Nascimento quer pedir ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e ao Ministério Público investigação sobre a formação de preços dos combustíveis pela Petrobrás.
"São atividades parlamentares individuais de cada deputado, não é uma ação da Câmara organizada", comentou Lira sobre a iniciativa.
"Num momento drástico de crise enérgica, saída de pandemia, não é justo que se preconize só lucro e resultado de divisão de dividendos e repasse de lucros. É importante que se pense em política energética de esforço se tenha viés em pensar em estruturar setores, em facilitar desenvolvimento e investimentos no País", afirmou o presidente da Casa.
Apoio ao presidente do BC
Após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmar nesta semana que o aumento de preços praticado pela Petrobras ocorre de forma mais rápida que em outros países, Lira endossou a avaliação.
"Precisamos saber onde está o problema do preço dos combustíveis. Há quem diga que a Petrobras repassa-o muito rápido, é das empresas que mais repassam o aumento do barril e do dólar com relação a outras petrolíferas do mundo", disse o presidente da Câmara.
"A pandemia machucou demais, isso reverbera na Casa", comentou Lira sobre a movimentação na Câmara para cobrar esclarecimentos da estatal.
Soluções
Ao mostrar que não ficou satisfeito com as explicações concedidas pelo presidente da Petrobras na Câmara, Lira reforçou ser necessário entender a origem dos problemas para surgir uma solução, principalmente em relação ao preço do gás. "Que as térmicas funcionem. Elas não resolverão problema energético, mas amenizam", disse.
"É um absurdo esse preço de extração do gás, de importação e preço de venda da Petrobras, e não se justifica extração entre US$1 e US$2 e venda de US$ 10. Se isso verdade temos que corrigir, vai refletir diretamente no bolso", afirmou.
O presidente da Câmara disse ainda que não defende uma prática de intervenção ou tabelamento de preços, mas cobrou que a política da estatal seja "justa" para dividir com "povo brasileiro um pouco da riqueza que ela arrecada". / com Agência Estado