Juros na Europa e emprego nos EUA: o que você precisa saber sobre a economia internacional hoje
BCE manteve taxas em zero, mas promete um ajuste de 0,25 ponto-base em julho
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu nesta quinta-feira manter sua taxa de refinanciamento em 0%, a de depósitos em -0,50% e a de empréstimo em 0,25%, segundo comunicado divulgado pela autoridade monetária da zona do euro na manhã desta quinta-feira, 9.
Apesar da manutenção, o BCE deixou claro em seu comunicado o compromisso de elevar as taxas de juros em julho e também em setembro, sinalizando que depois disso um ritmo "gradual mas sustentado de altas de juros será apropriado".
O comunicado do BCE já começa afirmando que "a inflação elevada é um grande desafio para todos nós" e reafirma a intenção de levá-la de volta à meta de 2%.
Em maio, a inflação "subiu de modo significativo", aponta o texto, citando sobretudo os preços de energia e alimentos como responsáveis, diante dos impactos da guerra na Ucrânia.
Nesse quadro, o BCE afirmou que decidiu adotar mais medidas para normalizar a política monetária. O conselho optou por encerrar as compras líquidas no âmbito de seu programa de compra de ativos (APP, na sigla em inglês) em 1 de julho.
O BC europeu ressaltou, porém, que continuará a reinvestir integralmente os pagamentos do principal dos títulos que vencem comprados no âmbito do programa "por um período prolongado após o momento em que o BCE começar a elevar os juros e, de qualquer modo, pelo tempo necessário para manter amplas condições de liquidez e uma política monetária apropriada".
O BCE diz ainda que o nível do aumento de juros esperado para os próximos meses dependerá da perspectiva de inflação no médio prazo.
Caso esta se deteriore, pode haver elevação maior nos juros, adianta o banco central, que reafirma a maleabilidade para ajustar seus instrumentos, diante de eventuais mudanças no cenário.
Christine Lagarde: ajuste pode ser de 0,50
Em entrevista coletiva após a divulgação da decisão do BCE, a presidente da autarquia europeia, Christine Lagarde, não descartou não descartou um aumento de 50 pontos-base (pb.) do juro na zona do euro em setembro.
De acordo com ela, o ritmo de alta dependerá da perspectiva inflacionária. Caso ela se deteriore até lá, é possível que um aumento mais agressivo seja apropriado, disse.
Lagarde afirmou que as pressões inflacionárias se espalharam entre setores e é puxada pela alta nos preços de energia, agravada pela guerra na Ucrânia, e o aumento dos níveis salariais.
Quanto às perspectivas inflacionárias, Lagarde afirmou que os riscos estão "primariamente apontados para cima" no momento. Caso a guerra na Ucrânia escale ainda mais, o sentimento econômico deve piorar e os preços subirem mais, projetou.
EUA: pedidos de auxílio-desemprego em alta
No âmbito dos dados econômicos globais, também durante a manhã o Departamento do Trabalho americano reportou que o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos teve alta de 27 mil na semana encerrada em 4 de junho, a 229 mil.
O resultado ficou acima da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam 210 mil solicitações. O total de pedidos da semana anterior foi revisado levemente para cima, de 200 mil para 202 mil.
OCDE: recuo na taxa de desemprego em abril
Ainda sobre o mercado de trabalho global, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) informou que a taxa de desemprego entre os países do grupo recuou de 5,1% em março a 5,0% em abril. O resultado aponta uma sequência de 12 meses consecutivos de queda na falta de trabalho.
A taxa de desemprego estava igual ou abaixo do nível pré-pandemia em três quartos dos países da organização em abril. O número de desempregados dentro da OCDE também continuava a cair, chegando a 34 milhões, ou 500 mil a menos que o nível anterior à covid-19.
Na zona do euro, a taxa de desemprego ficou estável em 6,8% em abril, seguindo nesse nível pelo terceiro mês seguido.
O desemprego aumentou em um quarto das nações do bloco da moeda comum, com o maior avanço visto na Grécia. Fora da zona do euro, a maior queda na taxa do desemprego foi registrada na Colômbia em abril, segundo a OCDE. / com Agência Estado