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Economia

Inflação supera 47,7% dos acordos salariais em 2021, segundo o Dieese

Esse foi o pior resultado desde quando o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos começou a avaliar as negociações em 2018

Data de publicação:20/01/2022 às 09:58 -
Atualizado 3 anos atrás
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Quase metade das negociações salariais do setor privado perdeu para a inflação em 2021. Esse foi pior resultado em quatro anos, desde que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) começou, em 2018, a avaliar as negociações inseridas na base de dados do Mediador do Ministério do Trabalho.

Se for considerada uma série mais longa, iniciada em 1996 e que leva em conta uma amostra menor, de 800 categorias, o resultado foi o mais fraco desde 2003.

Inflação supera 47,7% dos acordos salariais
Negociações do salário dos brasileiros perdeu para a inflação em 2021, segundo o Dieese - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

No ano passado, 47,7% das negociações salariais ficaram abaixo da inflação medida pelo INPC do IBGE, que fechou 2021 com alta de 10,16%. Já 36,6% das negociações empataram, e apenas 15,8% superaram a inflação. O reajuste médio de 16,3 mil negociações concluídas e inseridas até 6 de janeiro na base de dados ficou em 0,86% abaixo da inflação.

"Antes de 2018, a gente trabalhava com um painel mais restrito, que incluía as principais negociações", diz o sociólogo Luís Ribeiro, técnico responsável pelo Sistema de Acompanhamento de Contratações Coletivas do Dieese.

Recessão piorou o quadro

Entre 1996 e 2002, a fatia das negociações que perdia para inflação girava em torno de 40%. Em 2003, com a inflação em alta, 58% das negociações ficaram abaixo do INPC.

De 2004 em diante, a parcela de negociações com reajustes acima da inflação predominou. Mas, com a recessão em 2015, o quadro piorou, observa. Ele destaca que, desde 2018, com o enfraquecimento da atividade agravado pela pandemia e a alta do desemprego, a situação complicou para o trabalhador.

"É um cenário delicado que resulta da combinação de inflação alta com grande ociosidade no mercado de trabalho".

Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores

A grande parcela dos reajustes salariais perdendo para inflação pode limitar o consumo e a atividade, com desdobramentos sobre a inadimplência. "É menos dinheiro injetado na economia", diz, ressaltando que a prioridade do brasileiro hoje é comprar itens básicos. / com Agência Estado

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