Inflação no final do ano vai ficar em quase 7%, afirma economista-chefe do Itaú
Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, considera que a inflação pode até cair no fim do ano, mas deve continuar bem superior à meta do BC
O Itaú Unibanco projeta inflação de 6,9% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021 e de 3,9% em 2022. Segundo o economista-chefe da instituição, Mario Mesquita, a situação é problemática, com pico superior a 9% no acumulado em 12 meses.
"Até achamos que cai no fim do ano, mas para quase 7%, ainda bastante elevado e bem superior à meta perseguida pelo BC", disse Mesquita, que participa na manhã desta terça-feira, 24, de coletiva de apresentação do 3º relatório de Análise de Comportamento de Consumo, referente ao segundo trimestre do ano.
O economista reforça que a política monetária de elevação de juros tem o objetivo de ancorar as expectativas para o IPCA do ano que vem e evitar que a inflação alta do curto prazo se propague para o futuro. O Itaú projeta taxa Selic a 7,5% no fim de 2021.
Mario Mesquita também disse que o risco de racionamento de energia elétrica é uma preocupação permanente para a atividade econômica do Brasil, enquanto a variante delta da Covid-19 parece ser um risco menor. "A inflação está problemática, com gargalos na produção de automotivos e de eletroeletrônicos, e isso também é afetado pela questão da energia" afirmou, na coletiva.
Para o economista, a variante delta da covid-19 ainda não prejudicou a melhora do País de forma significativa, apesar de uma piora localizada no Rio de Janeiro. "Se olhar para a atividade econômica, fica claro que já superamos o patamar pré-pandemia", disse Mesquita, com base em dados do Indicador Diário de Atividade Econômica (Idat) do Itaú. O banco projeta crescimento de 5,7% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 e de 1,5% em 2022.
O economista-chefe do Itaú Unibanco afirmou ainda que o emprego formal no País está em trajetória de recuperação, com base em dados do Idat do banco. "O quadro é que o emprego formal voltou. O desemprego é do setor informal, e isso sugere que o Brasil vai sair dessa pandemia mais desigual que entrou, com recuperação mais forte nos setores mais formais e modernos e mais fraca nos outros", disse Mesquita. / Agência Estado