Economia

Ibiuna alerta que investidores de ações precisam ajustar carteira diante de cenário desafiador

Cenário traçado pela gestora é de aumento de juros e redução de liquidez no mercado internacional

Data de publicação:24/11/2022 às 05:00 - Atualizado um ano atrás
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A Ibiuna Investimentos, gestora com mais de R$ 30 bilhões de ativos sob seu comando, afirmou que embora alguns títulos tenham atingido níveis de preço não vistos há muito tempo, o mercado acionário global segue desprezando o ajuste de condições econômicas globais e custo de capital. A gestora se refere ao ambiente inflacionário ainda desafiador pelo mundo todo e taxas de juros restritivas por um período bem mais longo.

A Ibiuna destaca que o posicionamento da maioria dos investidores profissionais (gestores de fundos) parece já apropriado para este cenário, porém os investidores finais (tanto pessoas físicas quanto grandes investidores) ainda parecem precisar ajustar a alocação de seus portfólios entre ações e títulos de Renda Fixa.

Ibiuna alerta investidores sobre adequar carteira | Foto: Reprodução

A gestora embasa o argumento no juro do Treasury Norte-Americano de 10 anos, que atingiu a taxa de 4,25% em outubro (máxima desde junho de 2008) e nos investidores que continuam projetando aumentos sequenciais das taxas básicas de juros do Federal Reserve (banco central norte-americano).

Comentando sobre um cenário externo mais complicado, a gestora fala sobre as preocupações em torno da sustentabilidade da dívida pública e do ambiente fiscal, mesmo em países desenvolvidos e que têm impacto direto em prêmios de risco e no preço dos ativos.

Perspectivas

No mercado internacional, o cenário traçado pela Ibiuna é ainda é de aumento de juros e redução de liquidez, enquanto os índices de inflação da maioria dos países permanecem rodando em patamares elevados.

No Brasil, com a decisão das eleições de outubro, que elegeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar o cargo da presidência em 2023, a Ibiuna acredita que no curto prazo as incertezas devem começar a diminuir conforme forem surgindo as diretrizes econômicas deste governo, compromisso com responsabilidade fiscal, nomes da equipe, agenda de reformas, entre outros fatores.

"Continuamos focados em entender qual será o posicionamento da nova administração em relação a novos investimentos, controle de gastos, políticas setoriais e condução das empresas estatais, entre outros assuntos. Ainda no cenário local, continuamos atentos à dinâmica da atividade doméstica. Como já comentamos em meses anteriores, esperamos que aconteça uma acomodação do crescimento
após o processo eleitoral", traz o documento.

De acordo com a gestora, a situação do mercado de crédito para pessoas físicas continua chamando atenção pelo processo continuado de piora, especialmente em modalidades sem garantias. A Ibiuna afirma que no ano, a variação de dívida privada bancária (CDBs, LF, LCA e LCI) aumentou de forma significativa, acima de R$ 500 bilhões, contra uma variação de R$ 150 bilhões no ano anterior.

O movimento, segundo a instituição, pode ser explicado pela alocação dos fundos de crédito e também pela boa rentabilidade deste tipo de ativo com o patamar de juro básico a 13,75%. Apesar desse cenário, a carta reforça que é difícil afirmar qual será o choque nos papéis em um eventual ciclo de resgates. Por esses motivos, a instituição mantém a estratégia de alocar em nomes com um prêmio adicional para suportar abertura de spreads.

Estratégia macroeconômica da Ibiuna

"Na Renda Fixa no Brasil, temos pequenas posições táticas aplicadas na curva nominal e em juros reais, além de trades de valor relativo nas curvas de juro real e de implícitas. No exterior, seguimos com posições tomadas em juros em países do G10 e em parte do mundo emergente. Nesta última região, adicionamos às posições aplicadas em juros nominais em países com ciclo de juros em estágio avançado e fundamentos fiscais mais sólidos. Em moedas, estamos comprados em dólar e real e vendidos em euro e yen."

Ibiuna em carta aos cotistas

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Sobre o autor
Mari GalvãoRepórter de economia na Mais Retorno