Governo embolsará R$ 37,3 bilhões da Petrobras após lucro recorde em 2021
União detém 36,75% das ações da companhia e é a maior acionista
A Petrobras irá pagar um total de R$ 37,3 bilhões para o Governo Federal em dividendos. O montante, reflexo do lucro recorde registrado pela petroleira de R$ 106,668 bilhões em 2021, foi bem mais expressivo e quase 12 vezes superior aos R$ 3,2 bilhões distribuídos para a União no ano anterior.
Os recursos vão direto para os cofres do Tesouro Nacional e utilizados de acordo com as demandas da União.
De acordo com informações da petroleira, o governo detém 36,75% das ações da companhia, 42,5% estão nas mãos de investidores estrangeiros e 20,46% com investidores brasileiros, o que torna o governo o maior acionista da Petrobras.
Reforço dos proventos
Em novembro do ano passado, a Petrobras confirmou, por meio de comunicado, a informação de que prevê distribuir entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões em dividendos entre 2022 e 2026, meta que faz parte do Novo Plano de Negócios a Investidores.
Por outro lado, a estatal atualmente está sendo pressionada pelo governo a baixar os preços dos combustíveis em um momento no qual o preço do petróleo segue em alta, pressionado pelos efeitos da guerra na Ucrânia.
E o pagamento de dividendos está no centro de discussões entre representantes do governo, especialistas e o mercado. Alguns acreditam que a empresa seguirá distribuindo fortes proventos, entre eles, o Goldman Sachs.
Em relatório, o banco projeta que a estatal pode, além dos dividendos já anunciados, incluir proventos extras na ordem de US$ 10 bilhões pagos ainda no primeiro trimestre.
Já outros especulam a possibilidade de a empresa interromper esses pagamentos para poupar dinheiro e segurar a alta dos combustíveis, seguindo na linha da vontade do governo.
Para Flavio Oliveira, especialista da Zahl Investimentos, a interferência do governo na estatal pode fazer o investidor perder a confiança e reduzir seus investimentos na companhia.
"É uma situação delicada. Se o governo começar a esculhambar o preço dos combustíveis, a Petrobras perderá sua capacidade produtiva. Agora se a União começar a intervir, o dólar sobe e o investidor deixa de confiar no bom andamento da empresa".
Flavio Oliveira, da Zahl Investimentos
De acordo com Oliveira, é possível mudar as regras do jogo, mas para isso o governo teria que fechar o capital da empresa, algo que é difícil de se tornar realidade pela falta de condições de sustentar uma gigante como a Petrobras.
Dividendos e o estatuto da companhia
O estatuto da petroleira vincula o montante de dividendos ao endividamento bruto: se os compromissos financeiros forem inferiores a US$ 60 bilhões, a Petrobras poderá distribuir aos acionistas uma quantia maior que o normal em proventos — e, ao menos ao fim de 2021, a dívida bruta da companhia era de US$ 58,7 bilhões.