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Fusões e aquisições caem no Brasil com eleições, mas perspectiva é positiva

Queda foi de 28% em outubro relação ao registrado no mesmo mês de 2021

Data de publicação:17/11/2022 às 05:00 - Atualizado 2 anos atrás
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Os negócios de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) no Brasil sofreram forte redução no mês de outubro, com o segmento sob o impacto de incertezas com as eleições gerais no País. Tal desempenho, porém, não representa uma tendência e as perspectivas à frente são positivas em meio à troca de governo no Brasil a partir da volta ao poder do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e um olhar mais favorável do investidor internacional, de acordo com o diretor de Finanças Corporativas da Kroll no Brasil, Alexandre Pierantoni.

Com novo governo, Brasil deve atrair mais investimentos externos e aumentar número de fusões e aquisições - Foto:Arquivo

Foram registradas 116 transações de M&A no Brasil durante o mês de outubro, declínio de 28% em relação ao visto um ano antes, com 162 operações, conforme a Kroll. Na comparação com setembro, também há queda. Segundo Pierantoni, a redução não é “estrutural”, mas apenas “sintomática” por ser mês de definição de eleições no Brasil. No acumulado do ano, já foram realizadas 1.556 transações, patamar alinhado a 2021, quando o País foi palco de 1.627 fusões e aquisições, com queda de 4,4%, conforme a Kroll.

Investimento retorna

“O mercado está muito mais positivo do que cinco meses atrás. É um ambiente em que o Brasil se posiciona melhor internacionalmente, atraindo investimento de volta dos países europeus e dos Estados Unidos”, diz o diretor da Kroll, ao Broadcast, durante passagem por Nova York.

Segundo ele, a troca de governo simboliza uma postura “mais harmoniosa” entre os poderes, o que se traduz aos olhos dos investidores internacionais como “maior previsibilidade” e, portanto, passam a ver o País de “forma mais atrativa”.

Em paralelo, as eleições de meio de mandato nos EUA, as chamadas “midterm”, também são positivas para o Brasil, com os democratas se saindo bem melhores do que se previa. Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), demoraram mais de um ano para se encontrarem pessoalmente após o democrata assumir a Casa Branca, em janeiro de 2021, a aproximação com Lula foi praticamente instantânea, após o resultado das urnas, no dia 30 de outubro.

Desafios globais e internos

Apesar de o Brasil voltar ao jogo internacional, o ambiente de desaceleração global, com subida das taxas de juros para controlar a teimosa inflação, guerra e o desempenho chinês, jogam contra, conforme o diretor da Kroll. Somam-se a isso, diz, os desafios domésticos: preocupação com o déficit do País, a indefinição do instrumento que substituirá o teto fiscal, principal âncora de gastos, as expectativas quanto à equipe econômica de Lula, fora a inflação alta e o aumento da inadimplência, que já impacta os grandes bancos de varejo no País.

“Esse ainda é o cenário cinza. A não nomeação de ministros faz com que o mercado fique muito na aposta”, explica Pierantoni. Com esse cenário, o presidente Lula não terá uma “lua de mel” à frente, segundo ele. O petista assumirá o Palácio do Planalto a partir de 1º de janeiro com oposição no Congresso e uma sociedade muito dividida, avalia.

Bons ventos em 2023

No entanto, há uma visão mais positiva para o mercado de capitais no próximo ano, o que é uma boa notícia após a paradeira generalizada ao redor do globo em meio à elevada volatilidade e a subida de juros para controlar a disparada da inflação nas principais economias, segundo Pierantoni. Isso porque as ofertas de ações e de dívidas são importantes instrumentos para financiar transações de fusões e aquisições.

O CEO do Goldman Sachs, David Solomon, que há um mês previu que os mercados de capitais permaneceriam “cautelosos" ou "turbulentos" em 2023, já vê sinais de reabertura. “Nos próximos meses, veremos um pouco de reabertura nos mercados de capitais quando as pessoas se acostumarem com esse ajuste de avaliação (no valor das empresas)”, afirmou o executivo ao canal de TV CNBC.

PEC fiscal no radar

No Brasil, um ingrediente a mais nesta conta é a possibilidade de redução dos juros à frente. O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que o corte de juros para 2023 estava contratado no mercado, mas que as incertezas com a troca de governo, em especial com a tramitação da PEC de transição no governo, mudaram um pouco o cenário. A Selic foi elevada por 12 vezes consecutivas, passando de 2% para 13,75% ao ano, no ciclo de aperto monetário mais longo da história do País.

“Precisamos ver qual vai ser o arcabouço fiscal, colocá-lo no nosso modelo e ver os impactos sobre as nossas projeções de inflação", disse Campos Neto, a investidores, ontem, durante o 12º Bradesco BBI CEO Forum, realizado em Nova York.

Dentre os destaques dos M&As brasileiros em outubro, grandes transações, com cinco delas passando da casa do R$ 1 bilhão. A maior delas, a venda da Casa dos Ventos Energias Renováveis para a francesa Total movimentou cerca de R$ 3 bilhões. Outra operação de peso foi a venda de um parque eólico da própria Casa dos Ventos - Ventos de Santo Antão, no Rio Grande do Norte, para a portuguesa Galp por R$ 1,9 bilhão.

De acordo com a Kroll, o setor com o maior número de fusões e aquisições em outubro foi o de software e serviços de TI, com 22 transações. Na sequência, estão o setor de instituições financeiras e serviços financeiros, com 18 negócios e alimentos e bebidas, com um total de 11 operações. Dos negócios fechados no mês passado, os investidores financeiros como, por exemplo, os private equity, que compram participações em empresas, responderam por aproximadamente 30%. / Agência Estado

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