Fundos monoação da Petrobras superam o rendimento das ações PETR3 E PETR4 em novembro; Entenda
Distribuição de dividendos foi reaplicada e engordou o valor das cotas
Uma política mais agressiva de distribuição de dividendos ajudou a colocar os fundos monoação da Petrobras entre os de melhor performance em novembro. A rentabilidade mensal exibida superou o desempenho das próprias ações da empresa, PETR3 e PETR4.
Em um mês em que o Índice Bovespa (Ibovespa), da B3, recuou 1,53%, as ações ordinárias da companhia subiram 7,84% e as preferenciais saltaram 8,46%. Os fundos monoações da Petrobras, no entanto, subiram de 8,70% a 8,84%, já descontada a taxa de administração. Uma rentabilidade e tanto se comparada com a inflação de 0,95% medida pelo IPCA no mês.
FUNDO | REND. NOVEMBRO | EM 2021 |
ITAÚ AÇÕES PETROBRAS FI | 8,84% | 13,30% |
FIA CAIXA PETROBRAS | 8,79% | 12,72% |
FIA CAIXA PETROBRAS PLUS | 8,78% | 12,69% |
ITAÚ INDEX PETROBRAS AÇÕES FIC FI | 8,77% | 13,11% |
BRADESCO H FIA PETROBRAS | 8,75% | 12,49% |
SANTANDER FIC FI PETROBRAS | 8,73% | 11,90% |
BRADESCO FIA PETROBRAS | 8,70% | 12,52% |
O que são fundos monoação?
Um fundo monoação oferece ação de apenas uma empresa em sua carteira. O produto tem como público-alvo investidores iniciantes, os quais ainda não conhecem as oportunidades disponíveis no mercado financeiro.
Justamente por essa condição, o fundo mono tem uma atividade extremamente simplificada. Basta escolher uma companhia e passar todo o tempo negociando aquele mesmo ativo, isto é, comprando e vendendo as ações da empresa selecionada.
Vale a pena investir em um fundo monoação?
Por motivos óbvios, esses fundos geralmente selecionam papéis de grandes companhias aos seus cotistas — como é o caso de Vale, Petrobrás ou Ambev, por exemplo. Como vantagem, esses ativos contam grande liquidez, facilidade de negociação e são conhecidos do público geral. A desvantagem: é mais barato e (quase) sempre mais rentável investir direto na ação da companhia do que em um produto que não oferece nenhuma gestão de ativos, mas cobra taxa de administração.
7 fundos monoação da Petrobras
Dessa lista de 7 fundos de ações bem colocados em novembro, todos estão entre os 10 mais rentáveis no mês e são da modalidade de fundos monoação da Petrobras, com a carteira ancorada em ações da Petrobrás. Uma aposta certeira e uma estratégia vitoriosa, para o gestor e os cotistas, já que as ações da estatal de petróleo não decepcionaram em novembro.
O que chama a atenção em um olhar mais atento aos dados é que todos os fundos com a carteira lastreada em Petrobras superaram também o desempenho da ação ordinária (PETR3), com direito a voto em assembleias, que acumulou valorização de 8,46% no mês. A ação preferencial (PETR4), sem direito a voto, mas com preferência na distribuição de dividendos, valorizou-se 7,84%.
No ano, a vantagem é ainda mais expressiva, enquanto a PETR3 teve valorização de 7,52%, e a PETR4, de 2,75%, a rentabilidade dos fundos vai de 13,30% a 11,90%.
Os números deixam claro que esse grupo de fundos amarrados solitariamente a ações de Petrobras em carteira renderam acima do benchmark, a referência de rentabilidade que o gestor mira.
Dividendos ajudaram fundos da Petrobras
O que se mostra como aparente contradição é explicada, segundo Lucas Paulino, especialista da SVN Investimentos, “pela reaplicação de muitos proventos que a Petrobras distribuiu”, um processo que faz com que esses recursos, se reinvestidos, virem “uma bola de neve” nos fundos.
Um processo agressivo de distribuição de dividendos que a estatal adotou, principalmente neste ano, destaca Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos. Nesta quarta-feira, 15, a Petrobras distribui um valor total de remuneração ao acionista, entre dividendos e juros sobre o capital próprio (JCP), de R$ 63,4 bilhões, ou R$ 3,25 por ação. Esse provento do trimestre julho-setembro pago aos acionistas é o maior desde 2014.
“A política de remuneração mínima de dividendos reflete uma visão um pouco mais empresarial na gestão da Petrobras e é isso que está sendo precificado no preço do ativo”, pontua o especialista Felipe Leão.
Fundo monoação tem atuação limitada
Além da distribuição de dividendos generosos, que reaplicados levam à valorização das cotas e ao crescimento do patrimônio líquido do fundo, a performance “pode refletir características próprias” de cada fundo, diz Rodrigo Moliterno, head de Renda Variável da Veedha Investimentos.
A estratégia bem-sucedida desses fundos redundou em polpudos ganhos para os cotistas em novembro, mas o fundo monoação ainda é visto com certa reserva por analistas. Para alguns especialistas, carteiras com esse perfil solitário de carteira limita o trabalho do gestor, que, pelo estatuto, não tem flexibilidade nem liberdade para trocar a ação da estatal de petróleo por outro papel, estratégia comum em outros fundos.
Fundos como da Petrobrás têm alto custo
Ilan Albertman, analista de Research da Ativa Investimentos, diz que a diversificação é importante, pode ser feita por meio de fundos monoações, mas é uma estratégia que eleva os custos, “porque o investidor acaba pagando várias taxas de administração” que podem afetar a rentabilidade.
A política de investimentos combinada com uma gestão financeira positiva, com efetiva geração de caixa, preços atraentes no exterior e baixo custo na extração do pré-sal, sugere, de acordo com Albertman, a manutenção de papel “até para pegar carona nessa onda positiva e aproveitar os dividendos que devem ser pagos nos próximos anos”.
Em meio a esse cenário mais otimista com a estatal de petróleo, o fantasma do risco político, que pesaria sobretudo no fundo monoação de Petrobras, parece menos assustador. “O risco está sempre lá, o ponto de interrogação também, por ser uma empresa de capital misto”, analisa Moliterno. O temor ainda permanece, mas a “política de reajuste de preços vem ganhando mais consenso no mercado e isso tirou o peso da interferência governamental” sobre o preço do ativo.