Com ‘mão amiga’ do Fed, fundos macro entregam mais de 20% em rendimento no ano; confira os campeões
Nada menos do que 17 fundos macro entregam neste momento rentabilidade acima de 20% no ano.
O brasileiro que investiu em fundos macro neste ano tem uma dívida de gratidão com o Fed (Federal Reserve, banco central americano). O órgão estendeu uma 'mão amiga' aos gestores e criou uma rara janela de oportunidade para, neste 2022, engrossar a rentabilidade de suas aplicações.
Desde o ano passado o Fed passou a sinalizar que iria aumentar as taxas de juros, movimento que se iniciou apenas neste ano. Mas essa diferença - entre o anúncio e, de fato, o início da alta -, foi a deixa para que muitos fundos de multimercado macro brasileiros reposicionassem os seus ativos, apostando na expansão.
Com isso, nada menos do que 17 fundos macro entregam neste momento rentabilidade acima de 20% no ano.
Fundos macro
Em levantamento realizado pela Mais Retorno no último dia 12, todos esses fundos estavam bem acima de seu benchmark, que nessa classe de ativos é o CDI, com variação de 7,72% no período.
Os fundos Macro são fundos de investimento multimercado que realizam aplicações em diferentes tipos de ativos (como títulos de renda fixa, ações, câmbio, entre outros) com uma estratégia baseada nos indicadores e cenários macroeconômicos de médio e longo prazos.
Gestores de fundos macro leram o sinal
Gestores que perceberam os sinais da intenção do Fed entenderam que era a oportunidade de remodelar a carteira.
Muitos, como o Opportunity Total, do gestor Marcos Mollica, zeraram ou liquidaram as posições em ativos domésticos para tomarem posições vendidas (que ganham com a queda) em ações nas bolsas americanas e assumirem posições compradas (que ganham com a alta) em juros nos EUA.
"Dez em cada 10 gestores de fundos sabiam que o Fed estava atrás da curva", diz uma gestora do mercado. Ela usa um jargão do setor para se referir ao atraso do Fed com o processo de ajuste dos juros em um cenário de inflação em alta. "Dai foi somente se antecipar a isso”, diz.
Ranking de fundos macro
No ranking dos fundos macro com melhor performance no ano, o destaque fica com o XP Macro Plus FIC FIM, com rentabilidade de 31,73%. O fundo, sob gestão da XP, é também o que apresenta um dos maiores índices de volatilidade, de 8,41%. É um fundo em que o cotista corre mais risco, mas que entrega ganho atraente.
Confira o ranking com os 17 fundos que entregam rentabilidade acima de 20% neste ano:
Fundo | Rend. ano | Núm. cotistas | Sharpe 12 meses |
XP Macro Plus | 31,7% | 32.991 | 3,87 |
Capstone Macro | 25,28 | 948 | 3,66 |
Vinland Macro Plus | 24,96% | 2.815 | 3,54 |
SPX Capital Portfolio | 23,77% | 158 | 3,03 |
Growler FIC FIM | 23,50% | 154 | 2,97 |
Gripen Advisory FIC FIM | 23,49% | 8.641 | 2,98 |
Draken FIC FIM | 23,47% | 298 | 2,96 |
Charles Gaulle | 23,47% | 176 | 2,97 |
SPX Nimitz | 23,46% | 415 | 2,97 |
SN Capital | 23,45% | 380 | 2,97 |
AZWM SN | 23,44% | 146 | 2,97 |
Ryan FIC FIM | 22,90% | 116 | 2,91 |
BV Viggen Multimercado | 22,74% | 119 | 2,86 |
Kapitalo Alpha Global | 21,82% | 319 | 3,43 |
Novus Macro | 21,45% | 785 | 1,59 |
AZ Quest Multi | 21,11% | 120 | 0,72 |
Kairós Macro | 20,02% | 109 | 1,15 |
Bomba relógio
O ciclo de alta dos juros americanos começou este ano, “com aumentos sem precedentes", comenta Pedro Tiezzi, especialista em alocação de recursos da SVN.
“Foi como se o Fed estivesse lançando uma bomba relógio no fim de 2021 que iria explodir a qualquer momento’, afirma.
A transição coincidiu também, analisa Tiezzi, com o momento que o cenário mais favorável passou a mudar para os fundos multimercado, após um período de liquidez inflada pelos recursos de benefícios e auxílios emergenciais concedidos na pandemia
Para Clara Sodré, analista de alocações e fundos da XP, os gestores brasileiros foram melhores que seus pares pelo mundo. Segundo ela, os gestores macro se atenciparam. "Eles conhecem a inflação muito bem. E assim como o Banco Central reagiu rápido subindo os juros, os gestores brasaileiros rapidamente montaram sua posições", afirma.
Daqui para a frente, diz Clara Sodré, a tendência é que esses mesmo gestores passem a adotar outras estratégias. "Os juros já estão subindo. Aos poucos, alguns fundos macro começam a olhar algumas oportunidade na Bolsa brasileira", diz.
Juros americanos
A taxa de juros do Fed funds iniciou o ciclo de elevação em março, com uma alta de 0,25 ponto porcentual. Em julho, o quarto ajuste sequencial do ciclo, de 0,75 ponto, levou a taxa básica referencial americana ao intervalo entre 2,25% e 2,50% ao ano. A expectativa é que os juros alcancem 4,00% no ano que vem./ COLABOROU TOM MOROOKA