Bolsa fecha em leve baixa de 0,11% e dólar avança a R$ 4,87 com investidores cautelosos com o risco fiscal brasileiro
Empresas exportadoras de commodities impediram uma queda mais acentuada do Ibovespa
Depois de oscilar entre altas e baixas ao longo de todo o dia, a Bolsa de Valores brasileira, a B3, fechou o dia com leve queda de 0,11%, aos 110.070 pontos. Nesta terça-feira, 07, os investidores repercutiram o anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro, na véspera, sobre uma proposta de corte em alguns impostos feita ao Congresso, com o objetivo de reduzir os preços dos combustíveis.
O presidente propôs ao uma compensação a Estados e municípios para zerar a alíquota do ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha até 31 de dezembro deste ano, além de uma desoneração dos impostos federais sobre gasolina e etanol, tudo por meio de uma PEC, que pode custar até R$ 50 bilhões aos cofres públicos. Com a informação, o dia para o mercado brasileiro não foi dos mais positivos e o dólar avançou 1,64%, cotado a R$ 4,87.
Na ponta positiva, destaque para as ações de empresas exportadoras de commodities - que são as que possuem maior peso na composição do Ibovespa -, que lideraram as altas da B3 durante todo o dia, segurando uma desvalorização mais acentuada do Ibovespa.
Percepção de risco fiscal volta ao radar
De acordo com Leandro de Checchi, analista de investimentos da Clear Corretora, caso aprovadas, as medidas sugeridas por Bolsonaro "podem aliviar a pressão inflacionária no curto prazo, mas ascendem um alerta para a elevação do risco fiscal no médio e longo prazo".
O diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP, André Meirelles, destaca também que, segundo um levantamento da XP Research, se o pacote de redução de impostos completo for implementado, o buraco fiscal pode atingir os R$ 100 bilhões até o final do ano.
"O mercado enxerga a proposta com desconfiança, pois, apesar da medida ter impactos na inflação, ela pode gerar desfalques fiscais no futuro, o que tende a aumentar nosso risco-país e impactar negativamente na entrada de fluxo estrangeiro, principalmente por meio de investimento em portfólio."
André Meirelles, da InvestSmart XP
O dia na Bolsa
Maiores altas da Bolsa
Empresa | Código | Variação |
Vale | VALE3 | +2,34% |
Br Malls | BRML3 | +1,93% |
JBS | JBSS3 | +1,65% |
Suzano | SUZB3 | +1,65% |
Assaí | ASAI3 | +1,49% |
Maiores baixas da Bolsa
Empresa | Código | Variação |
Cielo | CIEL3 | -4,28% |
Grupo Soma | SOMA3 | -4,14% |
Positivo | POSI3 | -4,07% |
Cosan | CSAN3 | -3,52% |
Banco Pan | BPAN4 | -3,52% |
Mercados internacionais
Nos Estados Unidos, os mercados fecharam com alta após operar com bastante volatilidade durante o pregão. Na ponta positiva, os juros das Treasuries (títulos públicos americanos) recuaram, beneficiando a renda variável. Em contrapartida, os investidores também ficaram bastante atentos ao setor de varejo do país, que demonstra sinais de que está sendo afetado pela inflação
No resto do mundo, assim como no Brasil, o dia também não foi dos mais positivos. Depois de o Banco da Reserva da Austrália elevar a taxa básica de juros do país de 0,35% para 0,85%, acima das expectativas do mercado, os investidores se mostraram mais cautelosos com a possibilidade de um período de contração monetária a nível global mais expressivo do que o esperado, a fim de controlar a escalada da inflação.
Também contribuiu para o mau humor na maior parte dos mercados um novo alerta do Banco Mundial, que reduziu as perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta de 4,1% (projetado em janeiro) para 2,9% em 2022. A instituição também reduziu a estimativa para avanço da atividade no mundo em 2023, de 3,2% a 3%. Para 2024, a expectativa também é de alta de 3%.
Em meio à guerra na Ucrânia e à persistência da pandemia, a economia mundial enfrenta crescente riscos de estagflação - fenômeno definido como período prolongado de crescimento econômico lento combinado com inflação em alta.
"A guerra na Ucrânia, lockdowns na China, interrupções na cadeia de suprimentos e o risco de estagflação estão prejudicando o crescimento. Para muitos países, a recessão será difícil de evitar."
David Malpass, presidente do Grupo Banco Mundial
Fechamento das bolsas americanas
- Dow Jones: alta de 0,80%
- S&P 500: alta de 0,95%
- Nasdaq 100: alta de 0,89%
Fechamento das bolsas europeias
- Stoxx 600 (Europa): baixa de 0,28%
- FTSE 100 (Inglaterra): baixa de 0,12%
- DAX (Alemanha): baixa de 0,66%
- CAC 40 (França): baixa de 0,74%
Fechamento das bolsas da Ásia e Oceania
- Xangai Composto (China): alta de 0,17%
- Shenzhen Composto (China): baixa de 0,05%
- Hang Seng (Hong Kong): baixa de 0,56%
- Nikkei (Japão): alta de 0,10%
- Kospi (Coréia do Sul): baixa de 1,66%
- Taiex (Taiwan): baixa de 0,56%
- S&P/ASX 200 (Austrália): baixa de 1,53%
Com Agência Estado