Mercado Financeiro

Europa: bolsas fecham sem sinal único após BCE elevar juros e com crise na Itália

Em coletiva após decisão, presidente do BCE destacou que a economia na zona do euro está desacelerando como reflexo da guerra na Ucrãnia

Data de publicação:21/07/2022 às 03:49 - Atualizado 2 anos atrás
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As bolsas europeias fecharam sem direção única nesta quinta-feira, 21, com algumas delas praticamente estáveis, após a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de subir em 50 pontos-base a taxa básica de juros na zona do euro, na primeira elevação em 11 anos.

No fechamento dos pregões europeus, o índice pan-europeu Stoxx 600 subiu 0,44% no dia, aos 424,39 pontos.

Bolsas europeias fecharam mistas nesta quinta-feira, 21, após o anúncio do BCE de elevar os juros - Foto: Envato

Destaque para a coletiva de imprensa da presidente do BCE, Christine Lagarde, que reforçou que a autoridade monetária não prevê uma recessão na zona do euro neste ano ou no próximo em seu cenário-base, apesar da persistência da guerra na Ucrânia e do aperto nas condições para conter a inflação.

Lagarde afirmou, no entanto, que a economia da zona do euro está em desaceleração, diante da contínua pressão exercida pela guerra na Ucrânia.

"A guerra também pode pressionar a confiança e agravar gargalos de oferta, ao mesmo tempo em que os custos de energia e alimentos podem ficar persistentemente mais altos do que o esperado", disse.

Christine Lagarde, do BCE

A presidente do BCE também destacou que a inflação na zona do euro está "indesejavelmente alta" e deve permanecer acima da meta de 2% por "algum tempo".

Em junho, a taxa anual do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do bloco da moeda comum atingiu nível recorde de 8,6%.

Em Londres, o FTSE 100 terminou com alta de 0,09% aos 7.270,51 pontos em repercussão à decisão do BCE e também com a notícia de que o Reino Unido reforça medidas para proteger o setor financeiro.

Crise na Itália

Na Itália, a novela política se arrasta. O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, apresentou nesta quinta-feira seu pedido de renúncia ao presidente do país, Sergio Mattarella, após a implosão de seu governo de coalizão. Mais tarde, Mattarella determinou a dissolução do Parlamento.

Na Bolsa de Milão, o índice FTSE MIB terminou em baixa de -0,71% aos 21.196,59 pontos. A Oxford Economics afirma que a renúncia do primeiro-ministro Draghi "deixará um vácuo político na Itália".

Na Alemanha, o DAX terminou em queda de 0,27% aos 13.246,64 pontos e em Paris o CAC 40 subiu 0,27% aos 6.201,11 pontos. Além da preocupação inflacionária e o consequente aumento de juros, o BCE anunciou também um programa para conter a divergência nos custos de empréstimos na zona do euro.

O índice Ibex, da Bolsa de Madri caiu 0,20% aos 8.012,70 pontos, e em Portugal o PSI 20 caiu -0,94% em Lisboa, aos 5.884,58 pontos.

Criação do TPI pelo BCE

O BCE também anunciou, nesta quinta-feira, a criação do Instrumento de Proteção da Transmissão (TPI, na sigla em inglês), que visa atenuar as divergências nos custos de empréstimos soberanos entre os países da zona do euro.

O programa de compras foi aprovado pelo conselho da instituição durante reunião de política monetária, em que foi decidida a elevação nos juros básicos.

Segundo comunicado, a ferramenta permitirá que os termos da política sejam transmitidos de maneira mais uniforme entre os integrantes do bloco.

O TPI passará a integrar o arsenal permanente do BCE e poderá ser ativado para conter "dinâmicas de mercado injustificadas e desordenadas que representam uma séria ameaça à transmissão".

O BC europeu reforçou que manterá flexibilidade nos reinvestimentos dos resgates do Programa de Emergência de Compras de Pandemia (PEPP, na sigla em inglês).

Christine Lagarde reiterou que o TPI será utilizado para conter dinâmicas de mercado desordenadas e indesejadas.

O programa, foi aprovado de maneira unânime, segundo Lagarde. "Avaliamos que o estabelecimento do TPI é necessário para apoiar a transmissão efetiva da política monetária", disse.

A presidente do Banco Central Europeu explicou que todos os países da zona do euro estarão elegíveis a utilizar a ferramenta, mas terão que seguir regras fiscais da União Europeia e ter trajetória de dívida sustentável. / com Agência Estado

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