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balanços das empresas
Empresa

Bons resultados, mas redução nos lucros em balanços do 2ºT de 2022, esperam analistas; veja setor por setor

Casas de análise projetam piora no Lucro por Ação e na receita das companhias do período

Data de publicação:21/07/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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A temporada de balanços corporativos referente aos resultados do segundo trimestre de 2022 das empresas brasileiras está esquentando seus motores, com algumas gigantes de capital aberto já apresentando seus números, mas ainda com algumas semanas de agenda cheia pela frente. A expectativa é de bons resultados, mas de queda dos lucros em relação ao ano passado.

De acordo com um relatório da XP sobre o assunto, assinado por Fernando Ferreira, estrategista chefe e head do research da casa, Jennie Li, estrategista de ações, e Rebeca Nossig, analista de estratégia de ações, o mercado espera uma redução de 8% do Lucro por Ação (LPA) das empresas do Ibovespa no período ante a mesma base de 2021, que deve ter como principal causa o risco de recessão.

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Foto: Reprodução

Em relação ao Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) das companhias, os especialistas projetam um caminho contrário: alta de 8%.

E para a receita, o consenso é de que haja uma leve elevação ante o segundo trimestre de 2021, “mas ainda com um sólido crescimento de 18,2%”.

O Morgan Stanley fez outra estimativa. Em dólares, os resultados devem ser mistos, com alta de 18% para as receitas - em linha com a XP, mas sem crescimento para o Ebtida e baixa de mais de 30% para os lucros.

Cenário econômico desafiador

As empresas brasileiras operaram durante o segundo trimestre deste ano tendo como pano de fundo um cenário econômico desafiador, tanto localmente quanto no exterior.

O período foi marcado pelo aumento do temor do risco de recessão, principalmente nos Estados Unidos. Com a inflação do país atingindo o maior patamar desde a década de 1980, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) iniciou um ciclo de alta dos juros na tentativa de frear a velocidade do indicador e trazê-lo de volta à meta, próxima de 2%.

Com a alta dos preços chegando em níveis recordes e sem dar sinais de arrefecimento, o BC americano passou a sinalizar um avanço de juros mais forte, além da retirada de estímulos, o que, de acordo com a XP, pode levar à contração da demanda e uma desaceleração econômica.

“O mercado agora segue atento e com dúvidas sobre se o Fed conseguirá levar a economia a um pouso suave, ou seja, uma leve desaceleração, ou se a recessão americana virá de maneira mais profunda”

Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebeca Nossig, estrategistas da XP, em documento

Refletindo essas preocupações, a Bolsa caiu 17,9% durante o segundo trimestre deste ano. “Em dólares, a queda foi ainda mais acentuada, em 25,2%, em comparação com a queda de 16,5% do S&P 500 e um retorno de -16,1% dos mercados globais, medido pelo MSCI ACWI em dólares”, mencionam os especialistas da casa.

O que esperar das empresas dos principais setores da Bolsa?

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Foto: Reprodução

Agronegócio

A visão dos especialistas da XP é otimista para os números das empresas do agronegócio no período.

“Apesar do clima ainda ser um tema sensível, tanto no curto quanto no médio prazos, e de uma perspectiva de oferta majoritariamente apertada para as principais commodities, os preços negociados no mercado futuro estão mais baixos este mês após um forte movimento de queda, parcialmente desencadeada por temores de uma recessão, mas também com fundos de hedge diminuindo suas posições compradas, levando a preços ainda menores”.

XP

Para os produtores de grãos, não apenas o combustível está impactando os custos, mas também os preços mais altos dos fertilizantes, mesmo que o medo de uma escassez do produto já tenha passado.

“As margens para os anos 2022 e 2023 foram em sua maioria garantidas, apenas pequenas empresas estão negociando no local, tanto para grãos quanto para fertilizantes. Portanto, o impacto dos preços mais altos das commodities após o início da guerra na Ucrânia deve ter efeitos positivos duradouros para 2023 e 2024, embora não esteja claro como os custos se comportarão”, avaliam Ferreira, Li e Nossig.

Outro motivo de otimismo com o agronegócio no Brasil é a taxa de câmbio, que mantém os produtores competitivos nas exportações e ajuda a sustentar os preços.

“Uma queda nos preços, no entanto, geralmente significa um ritmo mais lento de adoção tecnológica, não uma reversão, de modo que as companhias focadas no varejo agro, Pesquisa & Desenvolvimento, sementes, entre outros, devem permanecer atraentes, especialmente nos valuations atuais”, ressaltam.

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Foto: Envato

Bancos

O cenário também é favorável para os bancos no segundo trimestre, de acordo com a casa de análises, impulsionada por fatores como crescimento robusto do crédito, aumento discreto da inadimplência, receita com prestação de serviços em recuperação, entre outros.

“Esperamos que a margem financeira bruta se beneficie marginalmente da recente reprecificação da concessão de crédito decorrente do patamar mais elevado da taxa de juros, com destaque para as linhas relacionadas ao consumo e agronegócio - cartão de crédito, cheque especial e crédito rural".

Já outros analistas do mercado apontam problemas como a piora da qualidade do crédito e aumento das provisões. De acordo com análise do JP Morgan, a inflação alta e o endividamento das famílias vai seguir pressionando os empréstimos e cartões de crédito.

Ainda de acordo com o banco americano, a receita líquida de juros dos bancos brasileiros subiu 11% no segundo trimestre na comparação anual e as provisões avançaram 40%.

Apesar da maior concorrência trazida pelas fintechs, a receita com prestação de serviços deve continuar se beneficiando da retomada gradual da atividade econômica, na visão da XP.

“Acreditamos que os investidores devam ficar atentos à qualidade dos resultados, principalmente quanto à evolução da inadimplência e ao índice de cobertura”, reforçam.

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Foto: Reprodução

Setor imobiliário

Os estrategistas da XP chamam a atenção para a resiliência no segmento de baixa renda do setor imobiliário no segundo trimestre de 2022, devido a uma combinação positiva de fatores como as atualizações do programa Casa Verde e Amarela, “que devem aumentar o poder de compra dos beneficiários, acelerando as concessões de FGTS”.

Outro aspecto destacado pela casa diz respeito à capacidade de financiamento do FGTS, que continua robusta, com menos de 46% do orçamento habitacional contratado em 2022, “auxiliado pelo número de unidades produzidas, devido ao cenário desafiador para operar com rentabilidade e um momento com custos de matéria-prima sob pressão”.

Do lado negativo, os especialistas apontam a forte pressão de custos impactando a margem bruta e a geração de caixa dos gigantes do setor. Além disso, eles não descartam a possibilidade de volatilidade da demanda no curto prazo.

Essa oscilação, segundo a XP, deve ocorrer por conta das taxas de juros imobiliárias mais altas – que afetam especialmente as construtoras focadas em média renda – as incertezas relacionadas às eleições deste ano e o possível impacto deste cenário para as empresas listadas na Bolsa, no que diz respeito do seu desempenho de vendas e programação de lançamentos.

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Foto: Envato

Elétricas e saneamento

No que diz respeito aos resultados operacionais das empresas do setor elétrico, a previsão é de que as distribuidoras podem “apresentar ajustes de provisionamento para contingências relacionadas ao ICMS cobrado indevidamente sobre PIS e Cofins com mais de 10 anos de prazo”.

Nesse sentido, os estrategistas apontam a Cemig e Copel como sendo as empresas mais afetadas, com provisões acima de R$ 1 bilhão (ainda em discussão, segundo a casa).

Em relação às transmissoras, não deve haver novidades nos resultados, que devem ser perenes. “Apesar do imbróglio relacionado ao re-perfilamento da Rede Básica do Sistema Existente (RBSE), não esperamos impacto significativo na Isa Cteep nos resultados de curto prazo”, apontam.

As geradoras vivem um bom momento, de acordo com a XP, por conta da alta dos reservatórios e incremento na geração hídrica.

“Por outro lado, a alta pluviosidade na região Nordeste reduziu a incidência de ventos, afetando a geração eólica dos parques da região. O mesmo motivo influenciou os resultados das térmicas, que foram menos despachadas no período. Esperamos, portanto, que companhias com alta concentração de hidrelétricas apresentem melhores resultados”.

XP, em relatório

Já sobre as companhias de saneamento, a expectativa é de resultados com leve variação frente ao trimestre anterior.

balanços das empresas
Foto: Envato

Frigoríficos

Com forte vocação exportadora, a indústria de proteína animal deve viver situações distintas no mercado interno e externo.

De acordo com a casa, no Brasil, o aumento da oferta de gado e, portanto, do abate representa menores custos para a indústria.

“Isso, aliado a preços resilientes no mercado interno e fortes preços de exportação, impulsionados principalmente pela China com preços bem acima da média histórica, se traduzirão em maiores margens para os frigoríficos no segundo trimestre”, enfatiza.

Estrategistas da XP

Para a carne bovina dos Estados Unidos, a projeção é que, com a queda na oferta de gado haja um aumento dos custos para a indústria, o que pode ser um fator negativo para as margens.

“No entanto, um verão quente e seco está forçando os produtores a continuar vendendo seus animais, e o segundo trimestre é marcado por uma forte sazonalidade devido à temporada de churrascos. Então há espaço para melhores margens do que o esperado”, contrapõem os analistas.

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Foto: Reprodução

Mineração e siderurgia

De modo geral, a expectativa da XP é de uma boa temporada de resultados para as gigantes siderúrgicas e mineradoras, devido ao alto nível de preços das commodities metálicas, além da sazonalidade do período.

Por outro lado, a casa alerta para a elevação nos custos operacionais dessas companhias no segundo trimestre.

“No último trimestre, houve recuo nos preços da maioria das commodities, o que pode ser atribuído a um maior medo de recessão global. As commodities metálicas, cuja demanda é fortemente relacionada a investimentos e bens de consumo, também foram afetadas”, diz a XP.

No caso do minério de ferro, os preços caíram lentamente durante o trimestre. Em média, a commodity foi negociada a US$138/tonelada, de acordo com a casa, o que representou uma queda de 2,7% no trimestre.

“No entanto, a commodity ainda está sendo negociada em patamares muito elevados, e, aliado a um trimestre de melhor sazonalidade, podemos esperar um pequeno aumento na produção, contribuindo para a alavancagem operacional”, analisam.

Os participantes relacionados ao alumínio podem apresentar uma dinâmica semelhante à descrita ao longo do trimestre, embora a commodity tenha apresentado queda um pouco maior do que o minério de ferro no período.

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Foto: Envato

Papel e celulose

Outro setor que também deve ser beneficiado com a alta de preços das commodities é o de papel e celulose. Ao mesmo tempo, a XP pontua a influência negativa de um aumento no custo de madeira e produtos químicos para as companhias, devido aos altos preços dos combustíveis.

“De modo geral, as empresas devem apresentar bons resultados devido ao alto nível de preços, historicamente, e um efeito positivo da sazonalidade do período, com maior produção, ajudando na diluição de custos fixos”, complementa.

XP
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Foto: Envato

Petróleo e gás

Para as petroleiras, o cenário de resultados é esperado com boas perspectivas pelo mercado, impulsionado pelo aumento no preço médio do petróleo Brent, que subiu 20% ante o trimestre anterior e 56% na comparação anual, em dólares.

“Os investidores devem ficar atentos às teleconferências para avaliar o impacto da escalada da inflação global nos custos das empresas”, recomendam os estrategistas.

Estrategistas da XP
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Foto: Reprodução

Saúde

Quando analisado o universo da indústria farmacêutica, a estimativa dos estrategistas da XP é de resiliência e crescimento sustentável no segundo trimestre, “com alguma ajuda dos aumentos de preços dos medicamentos no início de maio”.

Já para o segmento de serviços de saúde, a casa projeta bons resultados, com a normalização da utilização dos hospitais – o que auxilia na recuperação das margens, mas pode pressionar os custos das operadoras – aumento no ticket médio, o que eleva as receitas; continuidade de M&As no setor, entre outros.

“No geral, esperamos resultados neutros a ligeiramente negativos para hospitais, laboratórios e operadoras”

Projeção da XP
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Foto: Reprodução

Shoppings centers

Após a pandemia perder a força, a XP acredita na forte recuperação do setor de shopping center no segundo trimestre de 2022, especialmente aqueles que atuam no segmento de alto padrão.

A estimativa dos estrategistas se volta para um cenário de números operacionais com elevação acentuada.

De acordo com a casa, a aposta é embasada por aspectos como a redução progressiva dos descontos, fluxo de pessoas em recuperação e custos de operação sob controle, “apesar do aumento significativo da receita de aluguel”.

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Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Varejo

Na perspectiva de Ferreira, Li e Nossig, o varejo deve apresentar resultados mistos no trimestre, porém seguindo uma dinâmica semelhante à registrada nos três meses anteriores, com destaque positivo para o segmento de alta renda, atacarejo e farmácias, enquanto o setor de e-commerce deve continuar desacelerando.

“Em relação às varejistas que atendem públicos de classes mais baixas (média e baixa renda), devemos ver uma continuidade de um bom crescimento de vendas na comparação com a mesma base de 2021, mas ainda enfrentando algum desafio de rentabilidade frente à inflação de custos e demanda fragilizada para repasse para preços. Continuamos a ver um cenário desafiador para Natura&Co. e Multilaser, enquanto devemos começar a ver recuperação de margem em Alpargatas”, avaliam os estrategistas.

XP

No e-commerce, a XP aponta que o enfraquecimento da atividade está ligado à recuperação do varejo físico, enfraquecimento do canal online de estoque próprio e desaceleração da expansão do marketplaces, reflexo do cenário macroeconômico desafiador.

“Esperamos que as companhias continuem apresentam recuperação de margem, decorrente a um ambiente competitivo mais racional e mix de canais, mas devemos continuar a ver uma dinâmica de lucro pressionado por conta de margens ainda apertadas e aumento de despesas financeiras devido à alta de juros”, conclui a XP.

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