EUA criam 199 mil postos de trabalho em dezembro, menos que o esperado
Taxa de desemprego cai, e Federal Reserve vai acelerar a retirada de estímulos da economia americana
A economia dos Estados Unidos criou 199 mil empregos em dezembro, em termos líquidos, segundo dados publicados nesta sexta-feira, 7, pelo Departamento do Trabalho do país. O resultado ficou bem abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, de geração de 422 mil vagas nos EUA.
Por outro lado, a taxa americana de desemprego recuou de 4,2% em novembro para 3,9% em dezembro, ficando abaixo do consenso do mercado, de 4,1%. Além disso, o Departamento do Trabalho revisou para cima os números de geração de postos de trabalho de novembro, de 210 mil para 249 mil, e também de outubro, de 546 mil para 648 mil.
Em dezembro, o salário médio por hora aumentou 0,61% em relação a novembro, ou US$ 0,19, a US$ 31,31, superando o consenso de alta de 0,40%. Na comparação anual, houve acréscimo salarial de 4,68% no último mês, acima da projeção de 4,20%.
Aceleração do tapering
Se a criação de empregos não mostra tanto firmeza da economia americana, já a taxa de desemprego que vem caindo mês a mês, talvez venha reforçar a necessidade de medidas monetárias mais restritivas nos EUA.
A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de São Francisco, Mary Daly afirmou nesta sexta-feira, 7, que há muita incerteza no cenário econômico nos Estados Unidos. "Correr para uma conclusão pode ser muito debilitante", disse, em evento online da Associação Americana de Economia.
A dirigente avaliou que a comunicação do Fed tem sido "razoavelmente boa". "Acho que muitas pessoas não previram que poderíamos acelerar o tapering", ponderou.
Entretanto, quando os dados vieram, o banco central começou a comunicar essa possibilidade para não surpreender o mercado. "Quando o comunicado oficial veio, foi quase um não evento", comentou.
Espiral dos salários pode trazer preocupação aos EUA
Mary Daly afirmou ainda que a espiral de alta nos salários nos Estados Unidos é algo a se ter em mente, mas que ainda não a vê presente nos dados. Para a dirigente, que não vota nas decisões monetárias deste ano, a estabilidade das expectativas para inflação no longo prazo atenua as preocupações.
Ela pontuou, porém, que caso a espiral de salário ocorra, seria "bem difícil" de pará-la.
A dirigente afirmou ainda que a alta na inflação não é temporária nos EUA porque a covid-19 também não é temporária, como foi pensado a princípio.