Em Copom pré-eleição, Selic deve ficar em 13,75%; sinalização sobre início de cortes na taxa é dúvida
Taxa deve ficar estável nos próximos seis a oito meses, pelo maior consenso de mercado
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), inicia nesta terça-feira, 25, a reunião de dois dias para deliberar sobre a taxa básica de juros. Amanhã, 26, último dia reunião, será conhecido o rumo da Selic. A decisão será anunciada após o fechamento dos mercados.
A aposta é de estabilidade para a taxa, investidores sabem que a taxa deve permanecer em níveis elevados por um bom tempo para a ancoragem das expectativas em relação à inflação. O BC já avisou. No entanto, as atenções se voltam para o começo do ciclo de redução da Selic.
“O Banco Central não deverá surpreender”, acredita Guilherme Mendes, especialista em renda fixa da Blue3. Se depender dos prognósticos de analistas do mercado, o Copom manterá a Selic em 13,75% ao ano.
A sintonia com o BC, tanto em comunicados pós-Copom como em declarações das autoridades monetárias no intervalo entre as reuniões, leva o mercado a apostar na estabilidade.
Com essa convicção e em um cenário de dinâmica de inflação visto como positivo, o mercado espera ver esses pressupostos confirmados no comunicado emitido após o término da reunião. Mais do que isso, já se volta ao possível início do ciclo de redução da Selic, em 2023. São expectativas cristalizadas nos dados do último boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 24.
Economistas consultados pelo BC estimam que a Selic inicia 2023 em 13,75% ao ano, a mesma que fecha 2022, e chega ao fim do próximo ano em 11,25%. Uma redução de 1,50 ponto porcentual ao longo do ano.
Quando começam os cortes na Selic?
O momento do início de corte dos juros é o ponto que divide os analistas de mercado. A maioria das opiniões converge para a largada do ciclo de redução em meados do ano que vem, entre a terceira e a quarta reunião (no intervalo entre maio e junho de 2023).
Victor Zucchi Meneghel, especialista da Valor Investimentos, é um dos que acreditam na manutenção da Selic até meados do próximo ano. Ele considera que a temporada de deflação ou inflação negativa ficou para trás, mas a inflação segue relativamente controlada.
“Não vejo mais uma dinâmica de deflação, mas com o cenário de inflação sob relativo controle o mais plausível é que o Banco Central comece a baixar a Selic o quanto antes”, acredita Zucchi Meneghel.
“O maior consenso de mercado hoje está em um cenário de Selic em 13,75% pelo menos nos próximos seis a oito meses”, reforça Mendes, especialista em renda fixa da Blue3. Para ele, a corrida eleitoral não influencia a política monetária, “embora a questão fiscal seja uma das principais preocupações em relação ao próximo governo”.
Estimativas de inflação do mercado
O mercado financeiro aposta na estabilidade da Selic nas próximas reuniões do Copom, mas vê com certo otimismo a perspectiva de início de corte dos juros já no primeiro semestre de 2023. Ainda que as estimativas de inflação do último relatório Focus apontem o IPCA fora do centro da meta inflacionária nos próximos três anos.
O IPCA projetado para 2022 está em 5,60%, comparado com uma meta central de 3,50% e teto de tolerância de 5,00%; para 2023, em 4,94%, acima da meta de 3,25% e do limite de 4,75%; para 2024, está em 3,50%, acima da meta de 3,00%, mas abaixo do teto de tolerância de 4,50%.
O Banco Central, por meio do Copom, um colegiado de oito membros, calibra a Selic em reuniões periódicas para tentar conduzir o IPCA ao centro da meta. Uma regra que permite a variação do índice dentro do limite de tolerância, tanto para cima como para baixo.
A expectativa de corte da Selic que permeia o mercado deve levar a uma redução gradual dos juros das aplicações de renda fixa. “A janela de alocação, por enquanto, é positiva”, avalia Mendes, da Blue3. “O mercado precifica tudo antes, e isso deve acontecer com os ativos”, acredita.