Eleições: placar e vencedor parecem menos importantes que jogo, diz Gustavo Franco
Rio Bravo Investimentos destaca que cenário fiscal do Brasil é melhor que o previsto
O ano de 2022 prometeu volatilidade adicional ao mercado por conta das eleições, mas o Brasil já enfrentava outros desafios como inflação, risco fiscal, aumento de juros e atividade econômica mais fraca. Apesar disso, entre mortos e feridos, o mercado agora parece não estar tão voltado ao presidente que sairá vencedor do 2º turno das eleições.
Em carta de estratégias de setembro, a Rio Bravo Investimentos, assinada pelo ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, traz análises sobre o cenário que se desenhou para o Brasil neste final de ano. A gestora destaca, principalmente, que o País apresentou resultados melhores do que o previsto e que o Banco Central soube agir no combate à inflação.
Sobre as eleições e o mercado financeiro, Franco, que hoje é CEO da Rio Bravo Investimento, ressalta que a tendência nos indicadores de atividade é positiva, e, por esse motivo, a indicação é de uma aterrissagem boa para o próximo presidente, seja com o atual, Jair Bolsonaro (PL), ou com o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Com efeito, o fato é que a inflação cedeu, o mercado de trabalho está forte e as projeções para o PIB têm melhorado. O fato é que seja pelo resultado primário ou pela razão dívida PIB, o ano eleitoral não foi o desastre fiscal que se previa"
Gustavo Franco, CEO da Rio Bravo Investimentos
Cenário de juros e percepção fiscal
Nesta perspectiva de que o próximo presidente encontrará um ambiente melhor que o previsto e Banco Central fez um bom trabalho com sua política monetária, Franco diz que seguindo a boa doutrina maquiavélica, o BC deverá demorar o máximo possível com a redução de juros. Mas ele ressalta que é provável que a redução comece ainda no primeiro semestre de 2023, dando início oficial ao ciclo de baixa.
Sobre a situação fiscal do país, o CEO da Rio Bravo destaca que "se existe alguma queixa, é do bolsonarismo mais radical que se ressente de o ministro da Economia não ter sido mais irresponsável". Como já é sabido no mercado, "desempenho passado não é garantia de resultados futuros", e, com isso, Franco afirma que não se pode afastar os riscos fiscais para 2023.
"Na verdade, há uma agenda interessante de redefinição da 'âncora fiscal', em substituição ao 'Teto
Gustavo Franco, CEO da Rio Bravo Investimentos
de Gastos' tal como definido na própria Constituição. Os candidatos têm sido receptivos a esta agenda, no âmbito da qual a expressão 'responsabilidade fiscal' aparece com frequência. Não são maus desígnios para o País que emerge das eleições."
De acordo com o economista, ex-presidente do Banco Central e CEO da Rio Bravo, "talvez o maior risco, e o que mais preocupe o mundo financeiro, seja, na verdade, o de perturbações ao fluxo normal das eleições. O placar e o vencedor parecem menos importantes que a realização completa do jogo."