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Mercado Financeiro

Diversificação x Pulverização: Como diversificar sua carteira do jeito certo

A última semana de fevereiro trouxe uma surpresa aos vários investidores que achavam que tinham diversificação em carteira. Quando os mercados financeiros reabriram no Brasil, na Quarta-feira…

Data de publicação:17/03/2020 às 11:00 -
Atualizado 4 anos atrás
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A última semana de fevereiro trouxe uma surpresa aos vários investidores que achavam que tinham diversificação em carteira. Quando os mercados financeiros reabriram no Brasil, na Quarta-feira de Cinzas, todos os ativos “despencaram”.

Hoje é fato que não é preciso muito para se investir em várias opções. Porém, o que pouca gente percebeu durante a alta do mercado, que vigorou até pouco tempo atrás, é que ninguém estava preparado para o que viria na sequência.

Por mais que haja um entendimento de que não se deve “colocar todos os ovos na mesma cesta”, é bastante comum que as pessoas tenham dificuldade na hora de selecionar fundos. O que acaba acontecendo é que elas escolhem porque renderam mais no passado ou porque o vizinho comentou que viu no YouTube.

Em finanças, prevalece o conceito de correlação; ou seja, como um ativo desempenha em relação aos demais:

  • Correlação positiva: quando o preço de um ativo sobe, os outros também sobem;
  • Correlação neutra: o preço de um ativo não é influenciado pelos preços dos outros ativos;
  • Correlação negativa: quando o preço de um ativo sobe, os demais caem.

Como exemplos, podemos citar:

Assim, é possível entender que:

  • Diversificação: é a escolha de ativos com correlação negativa, onde os preços dos que caem são compensados pelos preços dos que sobem, ou neutra, onde alguns ativos “blindam” parte da carteira;
  • Pulverização: é a escolha de ativos com correlação positiva, onde todos os preços vão na mesma direção.

Dado o tombo que todo mundo sofreu desde então, quais as lições que podem ser aprendidas para que se faça melhor no futuro? Essa pergunta é importante por um simples motivo: a economia segue em ciclos então, inevitavelmente, um “crash” se confirma de tempos em tempos. Tentar agir nesses momentos, quando o pânico já se espalhou por todos os lados, é prejuízo na certa.

Entendendo o contexto

Os preços dos ativos refletem as expectativas que os agentes possuem sobre eles. Elas, por sua vez, são geradas a partir da atividade global. Assim, fatores que podem prejudicá-la, como a aplicação de tarifas no comércio mundial ou a redução na produção de importantes componentes nas cadeias de fornecimento globais, implicam em uma precificação desses ativos para baixo.

A crise trazida pelo coronavírus é mais grave que as crises comuns por atuar em dois componentes simultaneamente:

  • Choque de oferta: as empresas estão com as suas atividades suspensas ou funcionando em ritmo reduzido;
  • Choque de demanda: as pessoas ficam em casa, o que limita o consumo.

No primeiro componente, apesar das empresas não estarem produzindo, elas precisam se manter, pagando seus custos fixos e impostos. Isso quer dizer que, quanto mais tempo permanecerem nessa situação, maiores as chances de irem à falência.

O segundo componente, por sua vez, é agravado pelo grande número de trabalhadores informais que não podem deixar de trabalhar. É o caso dos motoristas de Uber e entregadores de refeições, por exemplo.

Para reanimar a economia, a receita “clássica” é reduzir os juros básicos para que as empresas tenham acesso a dinheiro barato e as pessoas gastem mais, financiando as suas compras. O problema é que isso pode não ser o suficiente dessa vez, visto que as taxas de juros já estão em níveis bastante baixos, sem dizer que elas nada podem fazer para evitar que mais pessoas fiquem doentes.

Essa é a realidade em vários países do mundo, que inclusive já cancelaram importantes eventos e fecharam as suas escolas. Percebe-se então que o prejuízo não é só momentâneo, mas compromete também o crescimento dos próximos anos. 

Não poupando nenhum setor ou país, fica evidente que a única coisa que poderia acontecer com uma carteira de investimentos é justamente se desvalorizar, e bastante.

Carteira “antifrágil” e a diversificação

Ninguém consegue montar uma carteira ideal se não entender o cenário que está por trás desses ativos. É isso que determina o quão “antifrágil” ela é.  Nassim Taleb apenas escolheu um nome chamativo para explicar isso.

Então, não se trata de separar R$ 1.000 para distribuir R$ 100 em 10 opções de investimento. O que a situação recente nos mostra é que o mercado responde bruscamente aos fatos, não havendo a possibilidade de se sair de uma posição, com lucro, para depois se escolher outra.

Manter aplicações em Tesouro Selic, que muitos passaram a reclamar por conta do baixo retorno, pode ser interessante nesse momento visto que, ao se vender o papel antes do vencimento, recebe-se exatamente a taxa contratada. Portanto, não há exposição aos acontecimentos do mercado.

O mesmo pode ser dito sobre as moedas estrangeiras e o ouro. Não é novidade para ninguém que o dólar é o “ativo” favorito nos momentos de incerteza. Já no caso do ouro, sua alta no mercado brasileiro se justifica tanto pela alta do dólar, moeda em que é cotado, como pela alta do metal no mercado internacional, que também sobe quando as coisas não vão bem.

Entretanto, nem sempre se deve investir nesses ativos diretamente, a começar pela questão da segurança. Para aquela faixa entre 10% e 15% da carteira que será destinada a eles, o melhor mesmo é optar pelos fundos que os possuem como lastro. Os fundos em dólar são identificados como “fundos cambiais” enquanto os de ouro possuem a nomenclatura do metal no próprio nome.

Uma outra lição que fica é que mais risco não necessariamente significa mais retorno. Migrar cegamente, porque o juro baixou, não é nada prudente. Melhor partir para a escolha de um fundo de fundos ou, se for algum iniciado no assunto, tentar replicar a sua estratégia.

Fundo de fundos e a diversificação

A forma mais fácil e prática de se fazer a diversificação. Um gestor escolhe outros gestores para colocar a sua estratégia de investimentos em prática. O objetivo é usar as habilidades dos demais para conseguir um retorno que não conseguiria sozinho, dado um determinado nível de risco.

Tudo se inicia com a adoção de determinadas métricas para rentabilidade, controle de risco e liquidez. A partir daí, se faz uma triagem de quem mais se destaca em cada uma das estratégias, olhando não só o seu desempenho ao longo do tempo, mas também a equipe por trás da gestão. 

Posteriormente, é feita a montagem da carteira em si, onde se estuda o contexto macroeconômico local e internacional para se decidir quais os outros fundos que farão parte da carteira, como também as suas devidas proporções. Como todo gestor sabe bem, existe um limite para a diversificação que, uma vez ultrapassado, traz mais custos do que benefícios.

Esse processo não termina nunca e o monitoramento é importante para se ter tempo hábil para os ajustes necessários a cada alteração no cenário. 

Fazer isso sozinho não é algo trivial. Então, por que não simplificar as coisas?  Ao invés de escolher 10 ativos, é mais fácil dividir os investimentos em função do tempo: 

  1. Necessidades imediatas, que representam entre 6 e 12 meses de despesas fixas, são atendidas por investimentos de alta liquidez como o Tesouro Selic, já citado anteriormente;
  2. Investimentos de médio prazo podem conter fundos de fundos, títulos de crédito privado e fundos imobiliários;
  3. Investimentos para o longo prazo ganham (e muito!) com a bolsa de valores.

Conclusão

Apesar de hoje ser possível investir com pouco, muitos tem dificuldade para montar a diversificação em uma carteira. Por conta disso, é grande a chance de boa parte das pessoas sofrer perdas em momentos como a última semana de fevereiro.

Os ciclos econômicos são um fato da vida e as crises inevitavelmente chegam. Isso é agravado pelos fatores novos trazidos pelo coronavírus, como empresas que estão produzindo menos, pessoas que estão consumindo menos e bancos centrais com uma menor margem de atuação. Seu impacto não será sentido apenas no momento atual, estendendo-se ainda pelos próximos trimestres, o que compromete o crescimento global de 2020.

Diante disso, o que fazer?  Deixar parte da carteira em ativos com bastante liquidez permite comprar aquelas ações que todo mundo sempre desejou, mas que estavam caras. Uma outra opção é escolher ativos que pouca gente coloca na carteira em condições “normais”, como moedas estrangeiras e ouro. Eles são os “portos seguros” em momentos de crise, mas é inviável detê-los diretamente. Os fundos “cambiais” e de “ouro” são a saída para uma boa diversificação.

Como a própria alteração no cenário econômico mostrou, correr mais risco não necessariamente quer dizer que se conseguirá maior retorno. Assim, o ideal mesmo é investir via fundo de fundos, que tem por finalidade diversificar e obter retornos maiores.

Isso porque cabe a um gestor profissional montar cenários macroeconômicos e verificar, entre os seus pares, quem possui expertise para lhe auxiliar na tarefa de entregar aquilo que ele propõe. Assim, ele coloca cotas de fundos de terceiros na sua carteira, respeitando os percentuais que otimizam o seu retorno e monitorando o processo para ajustar a rota, caso necessário.

Para o investidor, o processo de formação de patrimônio não precisa ser complexo. Ao distribuir os seus recursos em função de suas necessidades temporais (curto, médio e longo prazo), ele obtém a segurança e a tranquilidade para enfrentar cenários adversos, sejam eles atuais ou futuros.   

 “A antifragilidade está além da resiliência ou robustez. O resiliente resiste a choques e permanece o mesmo. O antifrágil fica melhor.”

Nassim Nicholas Taleb

Sobre o autor
Nohad Harati
Possui MBA em Finanças e LLM em Direito do Mercado Financeiro (ambos pelo Insper/SP). É gestora de uma carteira proprietária, além de ser responsável por um Family Office.
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