Como ficam as aplicações de renda fixa com a nova Selic de 11,75%
Em relação à inflação acumulada em 12 meses, de 10,54%, juro real é de 1,09%
A alta da taxa básica de juros, a Selic, de 10,75% para 11,75% ao ano, fortalece a atratividade das aplicações de renda fixa. A decisão, tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), nesta quarta-feira, 16, torna mais encorpado o ganho nominal e mais robusta a fatia de rendimento real, acima da inflação. O avanço da Selic beneficia todas aplicações atreladas a juros, como os títulos e fundos de renda fixa.
A Selic chega a 11,75% em um momento que a inflação oficial, calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumula alta de 10,54% em 12 meses. Em relação a essa inflação, a nova Selic está embutindo margem real positiva, acima do IPCA, de 1,09%. Como a Selic é a referência, toda remuneração na renda fixa acima dela estaria proporcionando juro real superior a 1%.
Simulação para aplicação de R$ 1 mil com nova Selic
Aplicação | Rend. bruto R$ | Desconto I.R. R$ | Rend. Líquido R$ | Rend. real R$ |
---|---|---|---|---|
CDB | 117,50 | 26,44 | 91,06 | 20,69 |
LCA | 113,98 | -.- | 113,98 | 42,12 |
LCI | 94,00 | -.- | 94,00 | 20,69 |
TESOURO SELIC | 114,71 | 22,94 | 91,77 | 21,35 |
FUNDOS DI | 109,57 | 21,91 | 87,66 | 17,51 |
POUPANÇA | 82,25 | -.- | 82,25 | 12,44 |
A Selic está para a remuneração de títulos públicos, ou de ativos atrelados a esses papeis, assim como o CDI, o chamado juro interbancário, está para os títulos privados ou ativos ligados a eles. Ambos caminham de mãos dadas. Quando sobe, como agora, a Selic leva junto o CDI.
A inflação passada é apenas um dado de referência para comparação e ter ideia de como anda o desempenho da renda fixa, à medida que a Selic sobe. E para deixar claro que o persistente ciclo de elevação das taxas de juro virou o jogo em favor da renda fixa na batalha contra a inflação.
A expectativa do mercado financeiro é que a Selic siga em marcha batida de alta antes da conclusão do atual ciclo de elevação, iniciado em março de 2021. Movimento inverso está previsto para a inflação, que embora alta seguiria em trajetória de desaceleração.
É o sentimento do mercado apontado pelo boletim Focus, com projeções de economistas consultados pelo BC. A estimativa é que 2022 termine com a Selic em 12,25% e a inflação, em 6,45%. Pelas previsões atuais, a Selic passaria a transitar com intervalo quase dobrado acima do IPCA.
Victor Zucchi Meneghel, especialista em Renda Fixa da Valor Investimentos, diz que os ativos pós-fixados ganham maior atratividade com a elevação da Selic. E também com a perspectiva de que os juros continuem subindo.
“A expectativa é que o ciclo de alta termine com a Selic em tor0214 no de 12,75% até 13% ou pouco mais”, diz Meneghel. “Um cenário muito bom para quem já está ou vai entrar em um título pós-fixado, de dois ou três anos, porque vai surfar na alta da Selic”, acredita. Especialistas indicam opções como CDB e Tesouro Selic, já que sua rentabilidade é atrelada à Selic ou ao CDI. “Quanto mais as taxas sobem, melhor para essas modalidades de renda fixa.”
Confira como fica o rendimento
Na tabela de simulação de rendimentos, que está acima, você confere o desempenho de uma aplicação de R$ 1.000 por um ano em vários ativos de renda fixa remunerados pela nova taxa básica de 11,75% ao ano.
O investidor que aplica R$ 1.000 em um CDB remunerado pelo juro CDI igual à Selic de 11,75% ao ano terá obtido, após o período de 12 meses de aplicação, um rendimento bruto de R$ 117,50.
Somado à quantia inicial de aplicação, o valor bruto será de R$ 1.117,50, mas, descontado o imposto de renda, de R$ 26,44, a quantia líquida encolherá para R$ 1.091,96. Esse é o valor nominal que vai para a conta, mas, se descontada a inflação projetada no período, o valor real, medido pelo poder de compra, cairá para R$ 1.020,69.
Uma aplicação de R$ 1.000 no Tesouro Selic, título público com rendimento atrelado à Selic, renderá ao investidor, ao cabo de 12 meses, R$ 114,71, já descontada a taxa de custódia.
Somado ao valor do capital inicial, isso dará R$ 1.114,71. Com o desconto de R$ 20,95 de imposto, o valor líquido que cairá na conta recuará para R$ 1.091,77. É a quantia nominal que o aplicador recebe, mas a real, medida pelo poder de compra, após o desconto da inflação, será de R$ 1.021,35.
Quem aplica R$ 1.000 em um fundo DI, atrelado à nova Selic, obterá um rendimento de R$ 109,57, já descontada a taxa de administração. A soma com o capital inicial resulta em R$ 1.109,57. O desconto de imposto de renda, de R$ 21,91, abaixará o líquido para R$ 1.087,66. Essa quantia nominal, avaliada pelo seu poder de compra, terá o valor real reduzido para R$ 1.017,51, após o desconto de inflação projetada para o período.
Uma aplicação de R$ 1.000 em uma poupança, com remuneração equivalente a 8,23%, renderá R$ 82,25, isento de imposto de renda. Somado ao valor inicial, o de resgate será R$ 1.082,25, que recuará, medido pelo poder de compra, para R$ 1.012,44, com a dedução da inflação estimada para o período.
Quem aplica R$ 1.000 em uma LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) por taxa equivalente a 97% do CDI ou 11,40% terá um rendimento de R$ 113,98. Somado ao capital aplicado, isso dá R$ 1.113,98. Isento de imposto, esse é o ganho líquido, mas que terá o poder real de compra rebaixado para R$ 1.042,12, descontada a inflação.
Uma aplicação de R$ 1.000 em uma LCI (Letra de Crédito Imobiliário) por taxa equivalente a 80% do CDI ou 9,40% obterá um rendimento de R$ 94,00, que, somado ao valor inicial, sobe a R$ 1.094,00. O valor de poder aquisitivo, contudo, será de R$ 1.023,44, após o desconto da inflação.
A elevação da Selic para 11,75% ao ano reforça a rentabilidade bruta nominal de quem aplica R$ 1.000 nessas modalidades de renda fixa. Mas não a ponto de evitar que, descontada a inflação, o valor líquido de resgate fique abaixo do definido pela Selic anterior de 10,75% ao ano.
O motivo está na inflação mais elevada, de 10,54% acumulada no período, superior à de 10,06% considerada na comparação anterior, feita quando a Selic subiu para 10,75% ao ano.