Como a elevação da meta de inflação pode afetar a sua estratégia de investimentos
Se Conselho Monetário Nacional elevar a meta, títulos prefixados a atrelados à inflação podem se tornar mais interessantes que os pós-fixados
Por Rafael Haddad*
Até agora, a Selic nas alturas tem ajudado a transformar a renda fixa em queridinha dos investidores. Mas já é praticamente consenso no mercado de que os juros vão começar a cair. A grande incógnita é quando esse movimento de redução vai se iniciar e qual será a intensidade do corte.
Isso não significa que os investidores devem começar a se desfazer de suas posições na renda fixa. Mesmo que a Selic caia, ela continuará em patamar elevado, motivo suficiente para continuar ocupando uma fatia relevante da carteira dos investidores, principalmente a dos avessos às oscilações da renda variável.
Mas eventuais mudanças de curso na política econômica podem justificar ajustes na carteira de investimentos.
A equipe econômica do C6 Bank incorporou em seu cenário a possibilidade de o CMN (Conselho Monetário Nacional) aumentar a meta de inflação na reunião de junho. Essa medida abriria espaço para que a Selic começasse a cair a partir de setembro, atingindo 12,5% ao final de 2023 e 11% ao final de 2024.
Diante desse cenário, títulos prefixados e aqueles atrelados à inflação se transformaram na bola da vez do mercado. No caso dos prefixados, ainda existe a chance de o investidor conseguir comprar um título com taxa elevada e se beneficiar quando a Selic começar a cair.
Ao mesmo tempo, sempre existe a possibilidade de os juros subirem mais e o investidor ficar travado em um investimento que paga uma taxa menor.
Já os títulos atrelados ao IPCA, que garantem a reposição da inflação, podem se beneficiar em um cenário de aumento da meta de inflação.
A carteira recomendada de investimentos do C6 Bank de maio sofreu três readequações, duas delas contemplando esses cenários. A primeira delas, e mais importante, foi a alocação da investimentos de renda fixa prefixada para os três perfis de risco (conservador, moderado, arrojado).
A segunda mudança foi a ampliação da exposição a títulos híbridos atrelados à inflação, como CDBs IPCA+, que garantem a reposição da inflação e mais um percentual fixo.
A terceira alteração foi a zeragem das recomendações em investimentos de renda variável americana para os três perfis de risco frente ao atual cenário econômico americano, que combina juro alto e perspectiva de crescimento menor.
Carteiras rebalanceadas
Para investidores que não têm tempo ou conhecimento para acompanhar os desdobramentos da política econômica, existem fundos de carteiras recomendadas que são rebalanceados mensalmente.
Isso tira do investidor o trabalho de acompanhar se naquele mês os mais indicados são os pós-fixados, os prefixados, os híbridos, a renda variável nacional, a americana ou outros ativos. Os gestores desses fundos fazem esse trabalho de realocação por ele.
Independentemente do método utilizado, o investidor deve sempre buscar a diversificação de sua carteira, seja em diferentes aplicações financeiras ou geograficamente. Ao diversificar, o investidor dilui os riscos e também consegue maximizar oportunidades de ganho.
*Rafael Haddad é planejador financeiro do C6 Bank, com certificação CFP®. Graduado em engenharia de produção e com MBA em gestão de negócios e finanças, tem 13 anos de experiência no mercado financeiro