Com resgates acima de 75% do patrimônio, Captalys fecha fundo Orion para novas aplicações
Clientes insatisfeitos com cota negativa sacaram cerca de R$ 1,2 bilhão do fundo em setembro
A gestora Captalys fechou o fundo Captalys Orion para novas captações após receber pedidos de resgate em valor total próximo de 75%, ou R$ 1,2 bilhão, do patrimônio líquido. Um movimento que levou a acentuada queda no valor das cotas na última semana de setembro.
As novas aplicações estão suspensas desde segunda-feira, 3, e não há prazo previsto para a reabertura.
Em comunicado enviado aos cotistas, a gestora informa que Margot Greenman, presidente da Captalys, se dedicará a partir de agora exclusivamente ao apoio à gestão do fundo, “com o objetivo de assegurar o retorno integral de capital aos cotistas”.
O administrador do fundo, Santander Caceis Brasil, afirma em nota divulgada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que a decisão da gestora não altera o regulamento nem o direito de resgate dos cotistas.
O fundo aceita pedidos de resgate apenas quatro vezes no ano, com pagamento ao cotista quatro meses depois da solicitação. Uma trava que visa à proteção do passivo e mantê-lo adequado aos prazos dos títulos, já que a carteira é formada apenas por ativos ilíquidos. Outra condição é que o valor total das solicitações não ultrapasse 20% do patrimônio por cotista.
O Orion segue diversas estratégias de investimento, com uma carteira diversificada de ativos de crédito privado, como crédito direto ao consumidor, imobiliário, consignado, crédito para pequenas e médias empresas, além de antecipação de recebíveis de setor imobiliário.
A insatisfação dos cotistas com o Orion começou com a primeira cota negativa da história do fundo. Foi em setembro, impactada pela marcação a mercado dos ativos concentrada nesse mês.
A gestora Margot atribuiu o resultado negativo, na época, à reprecificação no mercado secundário dos ativos que remuneram com taxas prefixadas. São títulos que sofrem com a alta dos juros, porque, com taxas menores de emissão, perdem valor na atualização diária do mercado.
O retorno negativo entre 3% e 4% em setembro, até o dia 22, segundo a gestora, reforçou a insatisfação, já que o resultado impactou diretamente o valor que chegaria aos cotistas que pediram o resgate em março.
A marcação a mercado redundou na variação negativa das cotas em setembro porque concentrou a reprecificação dos ativos que sofreram, direta e indiretamente, com a elevação da Selic.