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Renda Variável

Com alta da Selic, o mercado reavalia o retorno das ações em comparação com o dos juros; entenda

A cada elevação dos juros, o mercado e os investidores comparam o retorno das ações com o da renda fixa

Data de publicação:24/09/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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O movimento se repete a cada rodada de elevação da taxa básica de juros, a Selic, que na quarta-feira subiu mais um ponto porcentual, para 6,25% ao ano. Na esteira desse movimento, analistas e gestores de mercado se apressam em fazer a reprecificação das ações, à luz do novo cenário de taxa de juros, e os investidores em possível remodelação da carteira em que a renda fixa parece reconquistar espaço cada vez maior.

Ramon Coser, especialista da Valor Investimentos, diz que a Selic é uma taxa básica que influencia a renda fixa e serve de referência também para o rebalanceamento das ações na bolsa de valores, a B3..

Foto: Arquivo
Alta dos juros afeta empresas endividadas, com aumento de gastos e redução de lucro, e suas ações tendem a cair

O atual ciclo de alta da Selic, para ele, impacta negativamente as empresas endividadas ou que precisam tomar crédito porque provoca efeito contracionista pelo aumento de despesas financeiras, principalmente de dívidas indexadas ao CDI.

“Essa relação é ruim para as empresas com dívida, que precisam reprecificar o valuation de sua ação”, considerando o aumento de gastos financeiros e a diminuição de lucro. O efeito, porém, não é uniforme, para todas. Juros altos que têm efeito negativo nas que tomam empréstimo costumam beneficiar as empresas do setor financeiro, comenta Coser.

A elevação dos juros põe em evidência também o risco maior na bolsa de valores representado pela oscilação das ações. Em um cenário de avanço dos juros, em que a taxa de um CDB longo já encostando em 12% ao ano em plataformas de investimento, “por que investir na bolsa, tomando maior risco, se a renda fixa garante 1% ao mês?”, questiona o especialista da Valor.

Reprecificação das ações

“O mercado está reprecificando as ações porque os juros sobem e vão continuar subindo, as despesas financeiras das empresas vão aumentar e o lucro das empresas, na última linha do balanço, vai cair”, explica.

Nesse quadro comparativo da relação juro alto x bolsa de valores, desfavorável às ações, “o investidor não vai procurar aquilo que traz risco, por causa do vaivém das cotações, vai para aplicações mais conservadoras, para a renda fixa, que oferece retorno garantido”, diz o especialista

O processo de precificação das ações não se dá apenas como efeito dos juros altos sobre o resultado de empresas. Pode ocorrer pela mudança de outras variáveis, caso recente da Vale. O Bank of América (Bofa) reprecificou e avaliou para baixo a expectativa de preço da ação da mineradora com a forte queda, quase à metade, dos preços do minério de ferro no mercado internacional. “Um dos fatores que influenciam a expectativa de resultado da companhia está piorando.”

A queda do preço do minério, que achata a receita da Vale, beneficia a siderúrgica Gerdau, que produz aço longo para construção com matéria-prima mais barata, portanto com custo mais baixo.

Marcelo Lico, CEO e sócio-fundador da Crowe, afirma que não é apenas o juro alto que atrapalha a bolsa de valores. “É apenas um componente”, avalia. Para ele, o investidor não quer colocar o dinheiro onde o risco é maior. “O investidor assume o risco da ação, mas não quer assumir outros riscos, os gerados pelas incertezas políticas.”

O processo de precificação de ações é atribuído por ele também a um movimento de mercado. Para Lico, “o investidor precisa acompanhar a empresa e monitorar com atenção as condições de mercado para, se necessário, reposicionar a carteira de investimentos.” 

Os critérios na reavaliação

O sócio da Santa Investimentos, Eduardo Santalucia, comenta que cada analista leva em conta fatores específicos para a reprecificação de ações.  Quando se fala nesse processo em função do cenário de taxa de juros em alta, explica, é que quanto mais baixos os juros mais tempo se leva na renda fixa para ter o capital de volta com rentabilidade.

Um investimento em renda fixa que rende 2% ao ano, como ocorria com a Selic de 2% até o início deste ano, levaria 40 anos (40 anos, pelo cálculo de juros compostos, ou 50, pelo de juros simples) para dar retorno.

Com a Selic de 6,25% ao ano, o período de espera para o retorno encolhe para 16 anos (pelo cálculo de juros simples), que “teoricamente seria o tempo que os juros levam hoje para que o investidor em renda fixa tenha o retorno de seu capital com rendimento”, explica Santalucia.

Foto: Envato pib
Mercado compara em quanto tempo terá capital de volta com a rentabilidade em renda fixa e em ações

É esse o tempo de espera usado na comparação com o da bolsa de valores por meio do P/L (relação preço/lucro), critério em geral adotado por analistas para avaliar a atratividade entre renda variável e renda fixa.

O P/L das ações é calculado pela análise de uma série de variáveis da empresa, como o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), endividamento, receitas, dentre outras.

O entendimento é que a alta dos juros é ruim para a bolsa de valores porque aumenta as despesas financeiras das empresas, com redução de suas receitas e lucros e impacto negativo no preço das ações. “Quanto menor o PL da empresa, mas interessante fica investir em ações”, diz Santalucia. Mas acrescenta que, com juros em alta, investidor só se sentirá estimulado à compra de ações se a perspectiva de retorno na bolsa for maior que na renda fixa.

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.

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