Braskem caiu 11,54% e liderou as baixas da B3; veja os motivos
Venda da Braskem pela Novonor, queda no preço das commodities e risco de calote da Evergrande estiveram no radar dos investidores
O pregão desta segunda-feira, 20, foi marcado pela queda acentuada das bolsas de valores ao redor do mundo, com o risco de calote da Evergrande, uma empresa imobiliária chinesa de porte colossal, o que trouxe uma forte onda de aversão ao risco para os investidores. Além disso, a desvalorização das commodities também pesou sobre a B3, porque derrubou as ações de empresas exportadoras, com peso expressivo na composição do Ibovespa, como Vale e Petrobras.
Em dia de queda generalizada, a maior desvalorização esteve ligada, no entanto, a fatores específicos: a Braskem despencou 11,54%, após a Novonor, ex-Odebrecht, apresentar um novo modelo de venda da petroquímica.
Braskem
Uma reportagem publicada na manhã desta segunda-feira pelo Valor Econômico informou que a Novonor apresentaria a um grupo de credores um plano para se desfazer das ações da Braskem diretamente na B3. Assim, a companhia venderia no mercado o equivalente a cerca de R$ 20 bilhões, notícia que não agradou aos investidores e afetou as ações da petroquímica.
Para cumprir o plano de recuperação judicial, a ex-Odebrecht deve vender sua parte na Braskem até o fim deste ano. A empresa, porém, não foi bem-sucedida na busca de um investidor estratégico para ocupar o espaço que ficará vago até o momento.
Após a divulgação da notícia pelo site, a Novonor emitiu um comunicado que "está avaliando todas as alternativas possíveis para alienação de sua participação na Braskem S.A. e cumprimento com o compromisso assumido com seus credores, o que inclui, entre todas as demais alternativas existentes, a alienação de sua participação através do mercado de capitais."
De acordo com a companhia, no entanto, não existe, até o momento "decisão a respeito de qual alternativa será perseguida pelo Grupo”.
Embora o último pregão tenha sido negativo para a Braskem - e, no curto prazo, a ação possa sofrer -, o analista CNPI da CM Capital, Alex Carvalho, explica que "graficamente, o ativo ainda segue em tendência de alta para o médio e longo prazo, com suporte na região de R$ 52,23".
Vale lembrar que, até o fechamento desta segunda, a petroquímica registrava a segunda maior valorização do ano na Bolsa de Valores, com alta de 147,73%. No último dia 2, inclusive, a Braskem informou ao mercado que a agência de classificação de risco S&P Global Rating (S&P) elevou o nível de risco da companhia para BBB-, com perspectiva estável.
Para a empresa, a elevação do rating para grau de investimento “reflete a melhora considerável dos indicadores de rentabilidade e de geração de caixa”. Os resultados do segundo trimestre da companhia vieram acima das expectativas do mercado com um lucro líquido de R$ 7,424 bilhões, alta de 198% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
Commodities
Com os sinais de desaceleração da economia global e as novas regras de órgãos reguladores chineses para a redução da produção de aço, o preço do minério de ferro e outras commodities vem despencando no mercado internacional nas últimas semanas.
Essa desvalorização tem um forte impacto em diversas ações da Bolsa de Valores brasileira. Nesta segunda, a Vale teve forte queda de 3,30%, enquanto a Petrobras caiu 1,12%. Juntas, as duas empresas respondem por mais de 20% da cesta de ativos do Ibovespa.
"O mercado brasileiro é muito dependente de empresas exportadoras de commodities e qualquer perspectiva de crise na China já liga o sinal de alerta por aqui e a gente viu o resultado disso na Bolsa hoje", afirma Bruno Mansul, especialista da Valor Investimentos.
Neste sentido, a crise fiscal da Evergrande contribuiu ainda mais para a queda dos papéis das empresas exportadoras, uma vez que "a China é um grande consumidor dos produtos brasileiros", destaca Mansul.
Maiores baixas da B3 nesta segunda-feira
A Braskem liderou as quedas deste pregão, com variação negativa de 11,54%, seguida por Via (-6,73%), Méliuz (-5,90%), IRB Brasil (-5,79%) e PetroRio (-5,68%).
A alta da inflação, juros subindo, desemprego e sinais de desaceleração econômica ajudam a levar para baixo especialmente as ações dos setores de varejo e construção civil. Por isso, os papéis da Via Varejo podem se manter em queda diante desse cenário, os investidores acompanham com cautela o processo de retomada da economia tanto no Brasil como no exterior, explica o analista da CM Capital.
A Méliuz, companhia nativa digital que trabalha com cupons e cashback para lojas online, seguiu na mesma esteira de queda da Via. Segundo Alex Carvalho, "o ativo segue sua tendência de baixa para o médio prazo, onde deixa uma região de resistência na casa dos R$ 7,15".
Já a IRB Brasil, alcançou sua mínima histórica, batendo R$ 4,88 nas negociações do pregão desta segunda-feira. Para Carvalho, "até o momento o ativo não esboça reação para retomar uma possível alta".
Por fim, as ações da PetroRio, que recuaram acompanhando o movimento de desvalorização das commodities ao redor do mundo, "se mostraram muito bem recuperadas desde o início da pandemia" e, agora, dentro de uma anaálise gráfica andam de lado na região de preço alcançada em fevereiro de 2021, explica o analista da CM Capital.